segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Os limites da globalização


Africanos presos pela polícia espanhola quando tentavam adentrar o velho continente. Com o acirramento da crise, cresce a xenofobia e a agressividade das políticas anti-imigração. E as análises de Zigmunt Bauman sobre os limites da globalização tornam-se mais e mais referentes para a apreensão do nosso presente.

domingo, 21 de dezembro de 2008

O mau gosto da nação forrozeiro e a derrota da cidadania

Transito em muitos lugares da região metropolitana de Natal. O que me chama a atenção nos bairros populares, ou das classes médias baixas, vá lá!, para continuar no mesmo terreno precário da imprecisão sociológica, é o quanto os decibéis dos aparelhos de som parece subir quanto mais baixo descemos na, digamos, escala social. São carros populares (ou nem tão populares assim, como as onipresentes picapes cabine duplas), com potentes estruturas de som a obrigar transeuntes e vizinhos a ouvir uma barulheira que somente com muita generosidade e espírito pluralista poderíamos definir como “música”. Destacam-se, nessa terra de ninguém, os grupos de forró.

Para além dos carros, nos canteiros das ruas, ou em praças onde deveriam existir equipamentos de uso coletivo para crianças e adolescentes, temos botecos nos quais se vendem cervejas e cachaça. Neles, o som advém de aparelhos de DVD acoplados a pequenos telões. O mesmo som se difunde, com o acompanhamento, na tela, das imagens de loiras de farmácia em suas, como direi?, performances. E as letras? Me parece que, hoje, não se pode mais fazer uma letra de forró sem as palavras “puta”, “raparigueiro”, “cabaré” e “cachaça”. Miséria total!

Em Parnamirim, onde moro, esses elementos dominam a paisagem. Não raro, na proximidade de colégios públicos e privados. No lugar onde deveriam estar crianças brincando, marmanjos e candidatas derrotadas a patricinhas bebendo e se rebolando. De vez em quando, gritos primais e vivas a uma certa “nação forrozeira”. Quem consegue ouvir, uma música que seja, da banda “Aviões do forró”, para ficar aqui só com um exemplar da espécie, sabe que essa é a nação do deboche e do mau gosto. Mas, parece-me, é uma nação vitoriosa. Para a sua supremacia conta com a omissão do ministério público e a cumplicidade demagógica das autoridades municipais.

Se gosto se discute, como nos ensina, por exemplo, a sociologia de Pierre Bourdieu, o mau gosto musical que domina as nossas paisagens merece uma profunda discussão. Se não por outros motivos, pelo menos porque o domínio dessa "nação forrozeira" sobre o espaço público é, com certeza, mais uma expressão da derrota da cidadania entre nós.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Sobre mudança climática

Tenho transcrito aqui muitos dos artigos publicados pelo jornalista Washington Novaes. Lúcido e corajoso, o articulista é uma das poucas penas com espaço na grande imprensa a tratar com profundidade temáticas relacionadas à questão ambiental. Leia, mais abaixo, artigo sobre as mudanças climáticas globais. Vale a pena!




Clima vai exigir muito mais pressão

Washington Novaes

Há quantas décadas os cientistas advertem que não se devem desmatar encostas e topos de morros, nem ocupá-los com construções, porque se corre o risco de deslizamentos e mortes? Há quantas décadas a legislação proíbe essa ocupação? Há quanto tempo a ciência mostra os riscos de ocupar a planície natural de inundação de rios, que periodicamente ali produzem enchentes mais fortes, com vítimas e perdas materiais, ainda mais se canalizados, retificados, obstruídos por barragens? Não são conhecidos há muito tempo os riscos de impermeabilizar todo o solo das cidades com asfalto e não deixar espaço para a infiltração de água - agravando o risco de inundações? Há quantas décadas o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) alerta para a maior freqüência e o agravamento dos chamados "eventos extremos" do clima, principalmente chuvas intensas em curto espaço de tempo?

Quem acompanhou nas últimas semanas o noticiário sobre as chuvas e inundações em Santa Catarina viu todos os fenômenos indesejáveis acontecerem em poucos dias, nos quais morreu mais de uma centena de pessoas, mais de 100 mil foram desalojadas (principalmente moradores de encostas, topos de morros e adjacências), cidades se inundaram, rodovias, gasodutos e portos foram danificados, o turismo teve prejuízos imensos. Numa das cidades choveu mais de 850 milímetros (850 litros de água por m2 de solo) em 36 horas, quando menos de um quarto disso estava previsto para todo o mês. Sofreu-se com a falta de políticas públicas adequadas aos conhecimentos científicos, falta de ações administrativas conseqüentes, falta de informação, de organização da sociedade. Não se tratou apenas de fatalidade.

Pode-se transpor agora o tema para o plano universal. Há pelo menos 20 anos o IPCC vem advertindo para o aumento da temperatura do planeta em conseqüência da emissão de gases poluentes, que intensificam o efeito estufa e agravam os eventos climáticos extremos. Ao longo desse tempo, a Organização Meteorológica Mundial vem mostrando que a cada ano aumentam os milhões de vítimas desses eventos, assim como os prejuízos financeiros, já na casa das centenas de bilhões de dólares anuais. O IPCC alerta que as emissões precisam cair em pelo menos 80% até 2050, para evitar que a temperatura suba mais que 2 graus Celsius (já subiu 0,8 grau) e os problemas sejam ainda mais graves. A Agência Internacional de Energia advertiu em outubro que mesmo com a redução de 80% a elevação da temperatura será de 3 graus. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, nos seus cenários para o Brasil, prevê que a temperatura na Amazônia poderá subir até 6 graus, na tendência atual, e 3 a 4 graus no Centro-Oeste (com a contribuição da perda anual de 22 mil km2 no Cerrado) - e tudo isso influenciará o clima em todo o País, principalmente no Semi-Árido, que poderá perder 20% de seus recursos hídricos. Para completar, o estudo do ex-economista-chefe do Banco Mundial sir Nicholas Stern diz que temos menos de uma década para enfrentar todas essas questões, aplicando anualmente de 2% a 3% do produto bruto mundial (de US$ 1,2 trilhão a US$ 1,8 trilhão) - se não quisermos ter a mais grave recessão econômica da história.

Nada disso foi suficiente para levar os 192 países da Convenção do Clima a chegar, na Polônia, na reunião encerrada no dia 13, a um acordo para reduzir as emissões. A Grã-Bretanha anunciou-se disposta a cortar as suas em 40% até 2030 e 80% até 2050. A União Européia enfrenta resistência de alguns de seus países membros para reduzir 20% até 2020. Os EUA dizem que até 2020 podem cortar 17% sobre as emissões de 2000. E fica-se por aí, sem decisão conjunta, à espera de novas reuniões. Os países "em desenvolvimento" pediam que os industrializados destinassem US$ 20 bilhões por ano para o repasse de tecnologias que os ajudassem a enfrentar o problema; conseguiram míseros US$ 80 milhões. Os países detentores de florestas tropicais queriam que se criasse um mecanismo internacional para custear a redução de desmatamento, queimadas e mudanças no uso do solo em florestas tropicais; só conseguiram a aprovação teórica do sistema (REDD), mas não o caminho concreto para a mobilização e destinação do dinheiro.

O mundo continuará à espera. E o Brasil não sabe como fará para obter os US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões anuais em financiamentos internacionais que o Ministério do Meio Ambiente diz serem necessários para atingir sua meta (sem compromisso na convenção) de baixar o desmatamento na Amazônia em 70% até 2018 - o que significaria chegar a esse ano desmatando 7,5 mil km2 por ano e até lá ainda perder 70 mil km2 de florestas no bioma. Mas quem financiará o mecanismo, sem poder descontar a redução em seu balanço de emissões?

Enquanto isso, diz a ONU (Estado, 6/12) que este ano os dramas do clima já atingem 18 milhões de pessoas na América Latina e no Caribe. Diz o Banco Mundial que o produto bruto dessas mesmas regiões pode cair mais de 11% até 2080. E diz o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que a crise financeira não deve ser desculpa para a inação. Mas o secretário da Convenção do Clima, Yvo de Boer, admitiu na Polônia que de lá saía com "alguma amargura". Que provavelmente terá aumentado nesta semana com um relatório da minoria republicana no Senado norte-americano enumerando as divergências de centenas de cientistas com relação às conclusões do IPCC.

Nada disso autoriza ou justifica o desânimo. Ao contrário. Reforça a necessidade de mais informação, mais organização social, mais pressão política, mais urgência, para que seja feito o indispensável: programas de redução de emissões, programas de adaptação às mudanças, criação de sistemas de defesa civil em cada município. E sistemas sofisticados de previsão de eventos. Não há alternativa.


Washington Novaes é jornalista
E-mail: wlrnovaes@uol.com.br

Artigo de Mercadante

Transcrevo abaixo artigo de autoria do Senador Mercadante (PT-SP), publicado hoje no jornal O Estado de São Paulo. Vale a pena conferir!

Wall Qaeda

Aloizio Mercadante*


No dia 11 de setembro de 2001, um bando de dementes fundamentalistas derrubou as torres gêmeas de Nova York, centro econômico e financeiro mundial, matando covardemente milhares de pessoas. A poucas centenas de metros dali, Wall Street tremeu duas vezes. A primeira vez, literalmente, a segunda, metaforicamente. Com efeito, houve um princípio de pânico financeiro que obrigou o Federal Reserve (Fed) a injetar US$ 300 bilhões no sistema bancário em apenas três dias para prover a liquidez necessária. Quando a bolsa reabriu, em 17 de setembro, o Índice Dow Jones desceu 7,1%, durante a sessão de abertura, e 14,3% ao longo da semana. O dólar caiu e os preços o ouro e do petróleo subiram rapidamente.

Esses efeitos, contudo, foram de curto prazo. Em fins de outubro a situação já tinha voltado ao normal. As medidas fiscais e monetárias funcionaram e no quarto trimestre de 2001 a economia norte-americana apresentou um aumento de 2,7%, iniciando um ciclo de crescimento que só se interrompeu de fato neste ano. Do ponto de vista econômico e financeiro, Osama bin Laden tinha fracassado.

Mas havia bombas muito mais poderosas que as de Bin Laden que vinham sendo armadas contra a economia norte-americana. Dois anos antes, em 1999, a maioria republicana no Congresso dos EUA havia praticamente imposto ao presidente Bill Clinton a revogação da Lei Glass-Steagall. Implementada em 1933, com o intuito de separar bancos comerciais de bancos de investimentos e regular o sistema financeiro no pós-crash de 1929, essa lei vinha sendo questionada desde meados da década de 80 pelos interesses de financistas e investidores ávidos em participar mais intensamente da crescente financeirização da economia mundial. A revogação dessa lei e várias outras medidas de desregulamentação financeira facilitaram aos bancos dos EUA alavancar extraordinariamente o mercado de crédito. Essa alavancagem, associada ao crescimento especulativo do mercado imobiliário e dos preços dos imóveis, ensejou forte emissão de títulos lastreados em hipotecas. Como conseqüência, houve uma explosão da expansão de ativos bancários lastreados em títulos financeiros, por sua vez lastreados em hipotecas. Tal florescente e sofisticado mercado de derivativos cresceu muito além do necessário para sustentar empréstimos de hipotecas, constituindo-se em fonte especulativa de ganhos de curto prazo. Durante algum tempo essa autêntica e gigantesca pirâmide financeira invertida, construída sob as barbas do Fed, permitiu aos bancos dos EUA, bem como a outros bancos do mundo inteiro, operar com garantias descoladas do seu capital, burlando as exigências das Convenções de Basiléia.

Ao final do processo, esse descomunal mercado de derivativos já concentrava 75% da liquidez mundial e equivalia a oito PIBs mundiais. Bin Laden, gênio financeiro fosse, não poderia ter concebido plano mais pérfido e insidioso para pôr os EUA e o mundo de joelhos. Quando os preços dos imóveis começaram a cair e as taxas de juros, a aumentar, ao final de 2006, o frágil castelo de cartas dessa nova arquitetura financeira principiou a desmoronar. Em poucos meses, cerca de 10 milhões imóveis passaram a valer menos do que suas hipotecas e a inadimplência disparou. A bomba financeira explodiu com toda a sua fúria destrutiva, em 2008. O resto já é história. Triste história que ameaça repetir a crise de 1929. Os EUA e o mundo mergulham numa recessão cujas intensidade e duração ninguém ainda consegue prever.

Onde o fundamentalismo demente da Al-Qaeda fracassou, a exuberância irracional da "Wall Qaeda" teve êxito retumbante. É preciso considerar, todavia, que essa exuberância irracional e a desregulamentação do mercado financeiro foram fortemente estimuladas por políticas equivocadas do governo dos EUA, pela omissão irresponsável do Fed e, acima de tudo, por um padrão de desenvolvimento da economia norte-americana que é absolutamente insustentável. Os EUA, que "desterritorializaram" boa parte da sua produção industrial, absorvem 60% dos fluxos mundiais de capital e 80% da poupança planetária, financiando, dessa forma, os seus gigantescos déficits gêmeos e um consumo doméstico incompatível com seu PIB. De fato, o consumidor norte-americano deve 140% da sua renda anual disponível. Esse padrão de acumulação baseado num forte endividamento e na importação crescente de capitais financeiros, particularmente da China, tem limites estruturais que a crise tornou amargamente óbvios.

Assim, o presidente eleito Barack Obama terá pela frente a dupla e hercúlea tarefa de retirar os EUA da recessão e, ao mesmo tempo, implantar os fundamentos de um novo e mais racional padrão de financiamento da economia norte-americana. É provável que esse processo implique mudanças geoeconômicas significativas e que a economia dos EUA se torne um pouco menor, em relação a algumas economias emergentes, como a chinesa, a indiana e a brasileira. Mas é algo que terá de ser feito, sob pena de as crises se repetirem num ritmo célere.

John K. Galbraith, canadense e civilizado, afirmou, na sua obra Uma Breve História da Euforia Financeira, que a euforia especulativa que antecede a crise ocorre, entre outros fatores, porque a memória financeira é notavelmente curta e há o "direito adquirido ao erro" por parte dos investidores, que ganham muito nas fases do pico especulativo. Controlar esse bárbaro capitalismo bipolar não é fácil, especialmente nos EUA de hoje, que têm ojeriza à regulação estatal e vivem de financiamentos especulativos. Obama, contudo, tem a seu favor um bom capital político e a grande memória de Franklin Delano Roosevelt.

É um começo promissor.


* Aloizio Mercadante, economista, professor licenciado da
PUC-SP e da Unicamp, é senador da República (PT-SP)

Reconhecimento tardio...

Clint Eastwood


Leia abaixo matéria publicada no El País (está em espanhol, não tive tempo de traduzir) sobre Clint Eastwood. Aos 78 anos, Eastwood é alguém que cresceu com o passar dos anos. Tanto como ator quanto como diretor, ele não se rende aos lugare-comuns e conseguiu a díficil façanha de fazer sucesso e não ser tragado pela máquina moedora de gente da indústria cultura, especialmente a de Hollyood, a mais poderosa de todas.

"Es ridículo que los actores no interpretemos la edad que tenemos"

Que te presenten a Clint Eastwood es como ver una secuoya de California por primera vez. La diferencia es que esta secuoya, incluso con 78 años, te da la mano con una firmeza que todavía intimida, por mucho tiempo que te hayas estado preparando para el apretón.

Eastwood llega a la entrevista en el restaurante Mission Ranch-en California- como si fuera el dueño; en realidad es que lo es. Se tomó su primera copa legal en este bar a finales de los años 40, cuando estaba destinado en la base del Ejército que había cerca. En 1986 compró la propiedad y lo reconstruyó a su gusto, con un piano-bar, vistas impresionantes a las olas del océano que rompen en Point Lobos y mucha carne en el menú. A pesar de lo que ponga en Wikipedia, Eastwood no es vegano y parece un poco horrorizado cuando se entera de lo que significa. "Nunca me meto en Internet por esa misma razón", explica.

A diferencia de los papeles taciturnos que hace en la pantalla, el cineasta es voluble, parlanchín y se ríe con una agudeza y un entusiasmo que le hacen parecer mucho más joven. Eastwood está seguro también en otro terreno: en dos meses se conceden los Óscar y tiene dos películas que podrían obtener el galardón, El intercambio, con Angelina Jolie, y Gran Torino, que acaba de terminar de rodar este verano y que se estrenó la semana pasada en Estados Unidos.

En Gran Torino, Eastwood encarna a Walt Kowalski, un veterano de la Guerra de Corea, trabajador retirado de una línea de montaje de Ford e intolerante a tiempo completo que sufre en su porche de Detroit viendo cómo su barrio es invadido por inmigrantes del Sudeste de Asia. Cuando una banda presiona a un adolescente vecino para que intente robarle a Walt su Gran Torino de época, el envejecido veterano se ve inmerso contra su propia voluntad y con violencia en la vida de sus vecinos.

Eastwood nunca ha conseguido el Oscar como actor. Y no actúa desde Million dollar baby (2004) Afirma que no le importan mucho los premios. Cuando le preguntan para quién hace películas, el cineasta responde: "Lo tienes delante". Premeditada o no (porque sus películas tienden a estrenarse a mitad de la campaña de los Oscar), esta postura parece encantar a los académicos de Hollywood, que han premiado sus películas en numerosas ocasiones, incluidas dos estatuillas a Mejor película. Si algo ha hecho su ritmo como director en los últimos cinco años ha sido acelerarse. Presentó El intercambio en mayo en Cannes, cuando acababa de comprar el guión de Gran Torino, y luego rodó este libreto durante el verano al ritmo de un cineasta de guerrilla: en 32 días. Esta velocidad, explica Eastwood, le ayudó con los miembros del reparto, ya que la mayoría nunca había actuado y muchos de ellos ni hablaban inglés. "Les iba dando algunas pistas, el abc del actor", añade. "Y yo iba a una velocidad que no les dejaba mucho tiempo para pensar". Antes de rematar Gran Torino, paró a promocionar el estreno en EE UU de El intercambio (31 de octubre). Y no descansó. Volvió a Carmel, donde vive con su mujer, Dina Ruiz, y gestiona sus inversiones. Estuvo una semana trabajando con sus dos montadores en una casa de labranza de 1862 que hay dentro de su propiedad de Mission. Entre sesión y sesión se sentaba al piano y elegía una partitura: ha escrito la banda sonora de varias de sus películas, como en El intercambio. Hasta canta una de sus propias melodías en los títulos de crédito de Gran Torino, con su voz reducida a un suspiro (el propio Eastwood se niega a denominarlo "cantar" porque le hace acordarse de La leyenda de la ciudad sin nombre, su fracaso musical de 1969. "Me juré que nunca volvería a hacer eso", asegura).

Antes del rodaje se rumoreaba que Eastwood estaba haciendo otra secuela de Harry, el sucio. Lo que sí que tienen en común Gran Torino y las películas de Harry el Sucio es la fuerza de su falta de corrección. Grazer, productor de El intercambio, ve en este estilo tan directo un punto fuerte. "Lo que más me interesó de Clint Eastwood como director es la honestidad y la intensidad que les pone a las películas que dirige", afirma. "Está tan seguro como realizador que permite que la ocasional fealdad de la vida viva en las secuencias de sus películas". Por esa seguridad también decide rápido: la misma mañana que leyó el guión de El intercambio, decidió rodarlo. Llamó a Brian Grazer, éste le respondió que Angelina Jolie estaba interesada en el proyecto, y Eastwood cerró el trato: "Me parece muy buena actriz y me gustó la posibilidad". De esta forma, contó la historia de una mujer californiana que primero sufre el secuestro de su hijo, y seis meses más tarde la policía le devuelven un chaval que aseguran es su crío. Sólo ella está convencida de que le han dado el cambiazo. Y luchará en contra de todos y de todo.

Tanto El intercambio como Gran Torino se saltan cualquier tipo de condescendencia y falsa moralidad. "Mucha gente está cansada de todo lo políticamente correcto", señala. "En Gran Torino estás mostrando a un tío de otra generación. Muestra la forma que tiene de hablar. Este país ha llegado muy lejos en materia de relaciones raciales, pero el péndulo va igual de lejos en la otra dirección. Todo el mundo quiere ser muy..." - aquí se para y entrecierra los ojos, como Harry el Sucio apuntando a un malhechor- "sensible".

Si Eastwood tiene parte de la culpa por todos los Rambo y Jungla de cristal que vinieron después, deberíamos concederle el mérito de mostrar en sus películas protagonistas cuyas acciones se contradicen con sus creencias. Lo que contribuye a que la contradicción de Gran Torino resulte creíble es la mera presencia física de Eastwood. Al contrario que las estrellas, él interpreta su edad real. A los 78 años puede que esté más delgado que antes, pero con un aspecto vigoroso que revela fuerza y, al mismo tiempo, la aplaca.

Para Eastwood ser capaz de encarnar a alguien de 78 años es una ventaja más de una larga trayectoria. "Es ridículo que los actores no interpretemos la edad que tenemos", afirma. "¿Sabes cuando eres joven y ves una obra en el instituto, y los chicos tienen el pelo pintado de gris y están intentando ser viejos y no tienen ni idea de lo que es? Pues es igual de estúpido al revés". Otra ventaja es que, tras una buena trayectoria cinematográfica, puedes crear otra. "Después de El bueno, el feo y el malo iba por la calle y todo el mundo silbaba..." y aquí canta la famosa canción de la película. "Luego pasó a ser 'Alégrame el día'. Pero ha ido progresando. Aunque no sé si se ha producido por mis esfuerzos". Walt también tiene un latiguillo en Gran Torino. "Esto es lo que hago", le dice a un adolescente antes del acto final de la película. "Termino mis cosas". También lo hace Eastwood, sólo que no de la forma que uno esperaría.

Y puede que no haya acabado. Ha habido gente que ha dicho -también en Internet- que éste sería su último papel, un rumor que Eastwood contribuyó a avivar. Sin embargo, ahora afirma que no tiene por qué ser cierto. "Alguien me preguntó qué iba a hacer después y le contesté que no sabía cuántos papeles hay para tíos de 78 años", añade. "No tiene nada de malo hacer de mayordomo, pero a menos que haya algún obstáculo que sortear, preferiría quedarme detrás de la cámara". Planes no le faltan: ya prepara El factor humano, un filme sobre la presidencia del surafricano Nelson Mandela basado en el libro de John Carlin.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Deu no Blog do Frederico Vasconcelos: Juiza negra no TRT de Santa Catarina



O blog do Frederico Vasconcelos é um bom lugar para você obter informações sobre os acontecimentos relacionados ao judiciário. É dele que colho a boa notícia abaixo transcrita. Para acessar diretamente o blog, clique aqui.

TRT de Santa Catarina tem primeira juíza negra


O Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina informa que tomará posse, nesta quarta-feira (17/12), a primeira juíza negra do TRT: Maria Aparecida Caitano.

A juíza togada vai ocupar a vaga deixada pela morte do juiz Marcus Pina Mugnaini, em setembro, quando ele ainda ocupava a Presidência do TRT-SC.

Segundo a assessoria de imprensa do TRT-SC, a data da posse foi escolhida pela própria magistrada para coincidir com o aniversário do juiz Marcus, que completaria 60 anos na quarta-feira. A indicação, pelo critério de antigüidade, foi feita pelos juízes do Pleno em 20 de outubro. Na ocasião, Maria Aparecida declarou sentir muito "orgulho por ser a primeira juíza negra a fazer parte do Pleno do TRT", que é composto por 18 juízes.

Currículo

Paranaense de Cambará, graduou-se em Direito pela Universidade de São Paulo em 1970. Orientada pelo jurista Sérgio Pinto Martins, concluiu mestrado em Direito do Trabalho pela mesma universidade em 2002, com a dissertação "Direito do Trabalho x Direito ao Trabalho: Crise de Desemprego".

Ingressou na magistratura em 1987 no TRT do Pará e posteriormente, mediante novo concurso, passou a judicar em Santa Catarina em novembro do mesmo ano. Antes de ingressar na magistratura exerceu o magistério de 1º Grau, a advogacia e, por fim, a função de Oficial de Justiça na 9ª VT de São Paulo. No TRT-SC, atua como juíza convocada há 16 anos. Desde 1993, vinha exercendo a titularidade da 3ª VT de Florianópolis.