sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Henrique Alves, o Senador

Em que ano você nasceu? Olhe, é mais do que provável que, na época, Henrique Alves já fosse deputado. Sempre pelo mesmo partido (o então MDB, que, depois, com a reforma política imposta pela ditadura, teve que acrescentar um "P" ao nome). Chegou à Câmara dos Deputados em uma idade em que muitos ainda nem chegaram aos bancos da Universidade.

Com 40 anos de casa, o deputado peemedebista conhece, como se diz em Apodi, da frente prá trás e de trás para a frente, todos os meandros do poder legislativo. E isso foi lhe garantindo conhecimento em um espaço onde a tradução deste em poder é algo quase imediato.

Foi patrolado quando quis voar mais alto. Algumas vezes por desastres eleitorais evitáveis, como a candidatura a prefeito de Natal. Perdeu para o então desconhecido Aldo Tinôco (na época, PSB; hoje, não sei) devido a entrada em cena de ninguém menos que sua irmã, Ana Catarina, apoiada pelo então Governador José Agripino (PFL, na época; hoje, DEM). Já havia perdido antes, disputando o mesmo cargo, para Vilma de Faria (então ainda Maia).

Essas duas derrotas para cargos majoritários e mais a atropelada que sofreu quando quis ser candidato a Vice de Serra, em 2002, não arrefeceram a gana política do deputado. Pelo contrário! Com o passar dos anos, enquanto Garibaldi Alves acumulava a fama de grande político e negociador, ele, nos bastidores, foi construindo extensas redes de apoio em todas as estruturas de poder e nos mais diversos espaços sociais. Tornou-se uma das caras do poder, não no RN, mas no Brasil.

Dizia o saudoso Deputado Ulisses Guimarães que ciúme de homem é o pior dos ciúmes. Traduz-se em atos destruidores. Henrique ganhou muito poder nos anos Lula e continua como o grande treinador do time do PMDB na Câmara, agora no Governo Dilma. Isso deve causar uma ciumeira daquelas. E o deputado, que não nasceu ontem, deve estar preparado para as caneladas.

Uma dessas caneladas, que seria dada pelo PT, agremiação que não é lá muito afeita a cumprir compromissos, tiraria-lhe a presidência da Câmara no início de 2013. Mas, aí é que tá, a Dilma não é Lula. Não é uma petista de carteirinha. A Presidenta não vai sacrificar a governabilidade para aplacar a insaciável fome de cargos e poder da companheirada. Henrique já se acercou da presidenta, para sentir a diposição dela em cumprir o acordo que dá ao PMDB a presidência da casa após o término do mandato do petista Marco Maia. A presidenta deu mostras de que não vai aceitar que cravem um punhal nas costas do veterano deputado. Então, desse lado, por enquanto, o flanco está protegido.

O problema, parece-me, está em "casa". Ou seja, no PMDB. A moçada está um tantinho rebelde. E Henrique terá que se segurar um pouco, pois, os rebeldes, especialmente aqueles da região sul, não têm o jogo de cintura do político potiguar. Nem parecem querer tê-lo.

Bueno, mas Henrique vai ser Presidente da Câmara dos Deputados. Nisso, eu aposto. E daí? Como e daí? Ora, independente do partido de sua afeição, tome tento, pois, esse será um bom acontecimento para o Rio Grande do Norte. Mais prestígio político, mais visibilidade e reconhecimento para este cantão (cantinho, na verdade) da federação.

Por outro lado, em ocupando esse cargo, Henrique poderá disputar a única vaga de senador em 2014. Quem terá cacife para enfrentá-lo? Vilma? Duvido muito. Robinson? E este vai correr o risco de ficar de fora do Palácio Potengi? Fátima Bezerra? A petista não corre riscos, sabemos todos...

Henrique Alves, tudo indica, deixará a Câmara dos Deputados em janeiro de 2015. Irá para o Senado. Para o Céu, segundo definição do falecido Senador Angenor Maria.

2 comentários:

Guru disse...

Professor, sou daqueles que nasceu quando henrique já estava pela conclusão do 4o mandato, talvez por isso nao consigo entender como será premiado o elefante do nordeste.

Pelo retrospecto do primo e do pai - que já ocuparam cargos mais importantes - não vi chegar esse mói todo de visibilidade, prestígio e reconhecimento.

Passando por Nova Cruz, Pau dos Ferros, Apodi, Caicó, Ipanguaçu, Currais Novos, Macau e, num futuro próximo, Canguaretama, Ceará-Mirim e São Paulo do Potengi, poderemos ver resultados muito mais interessantes de representantes que "se arriscam menos" (aspeio porque realmente não consigo ver na figura de Henrique Alves um político do gênero temerário) mas não produzem essa visibilidade, prestígio e reconhecimento todo.

Aposto um casal de sapuriu que Henrique não será senador em 2015.

Anônimo disse...

Edmilson,

concordo contigo...

Acho que só Henrique terá peito e condições para tentar a vaga, apesar de que não vai ser fácil para ele aguentar até o final de 2012 para chegar a presidência da câmara.

Leva porrada diariamente. O próprio Noblat hoje "deu com força" nele.

Porém, como você disse, Henrique, como a gente costuma dizer, "não é menino". Possivelmente saberá contornar tudo.

Vilma terá peito, mas não condições. Vilma anda meio desbotada. Precisa dá um tapa no visual. Depois de uns 30 anos de poder, essa história de guerreira, um dos seus principais semblantes, não cola mais.

Já Robinson e Fátima só vão se tiverem 110% de certeza, o que não terão.

Nem Fátima irá perder a confortável posição de ser a articuladora de recursos do governo federal para o RN, nem muito menos Robinson arriscará perder a Caern (com um orçamento que chega a bilhão por ano), Secretaria de Recursos Hídricos, a presidência da assembléia, através de Ricardo Mota, etc...

Bem, parece que dessa vez o 1511 tem grandes chances de levar a parada.

abs.

Daniel Menezes