quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O futuro do Rio Grande do Norte está dormindo na Chapada do Apodi

Sob a Chapada do Apodi, ainda dormindo, encontra-se um dos maiores aqüíferos subterrâneos do Rio Grande do Norte. Embora a fruticultura de exportação praticada no município de Mossoró tenha dilapidado parte desse patrimônio, ainda há muito desse que será um dos recursos estratégicos nas próximas décadas – a água. Especialmente, nos municípios de Apodi, Felipe Guerra e Governador Dix-Sept Rosado.

Para aumentar o valor das terras situadas nesses municípios, temos a Barragem de Santa Cruz (Apodi), um dos maiores reservatórios de águas do Nordeste. Se água, esse líquido cada vez mais precioso, não faltará, resta-nos indagar: é a qualidade do solo? Fertilíssimo, dizia-me, há anos, o nosso saudoso Professor Maurício Oliveira (da atual UFERSA, então ESAM).

Por isso, o futuro econômico do RN não está no litoral, espaço detonado pela ocupação predatório que dilapida em alguns anos o que a natureza levou milênios para configurar, mas, sim, na “boca do sertão”, polarizada por Mossoró. Mas, e Mossoró? Mossoró também precisa se redefinir. Assumir a sua condição de capital de um espaço regional interestadual, e não apenas alimentar-se economicamente de um recurso finito como o petróleo.

O que nos falta? Elites com visão, e inseridas no seu contexto regional. A UFERSA, nesse sentido, tem todo um espaço para crescer e se firmar. Mais do que a UFRN, caberá a esta IES, fincada em Mossoró, ser a base que catapultará o Rio Grande do Norte para o futuro. Papel importante deverá cumprir também a UERN, caso se deslinde de questiúnculas e atores que a jogam para baixo, tomando-a como lócus da reprodução de interesses que estão distantes, mais bota distantes nisso, de preocupações acadêmicas de peso.

E os políticos locais? Depois de Vingt, Vignt-Un e Dix-Huit, todos Rosados, quem, no RN, e, mais particularmente em Mossoró, toma o regional como referência, mesmo que discursiva, de sua atuação política? Esses homens ("os Rosados" tradicionais), não importa o seu credo político ou interesses pessoais, foram decisivos para a construção de uma elaboração discursiva sobre o desenvolvimento regional. Depois deles, a mediocridade domina. É uma desolação... Daí a minha aposta nas instituições de ensino. Ou elas nos salvam ou a Chapada do Apodi se tornará um colônia de produção agrícola dos chineses... E aí, ao invés de futuro e desenvolvimento, será melhor começarmos a discutir (coisa chique e pós-moderna, mas inócua, a não ser para os produtores de papers para convescotes acadêmicos) sobre a distopia no semi-árido.

Voltarei ao tema.

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