Leia a análise de César Maia sobre os limites e possibilidades das candidaturas de Marina Silva e Ciro Gomes. Vale a pena conferir!
1. A dinâmica das candidaturas a presidente da república obedece a duas grandes etapas. Na primeira, há um equilíbrio nas condições sob as quais as candidaturas são desenvolvidas, seja em relação à propaganda partidária, como a cobertura geral da imprensa. Leva vantagem quem governa e pode ser candidato a reeleição. Mesmo no caso de ministros candidatos a presidente, que tem alguma vantagem com a desincompatibilização, retoma-se o equilíbrio.
2. No caso de candidaturas que surgem como novidades -esse ano Marina Silva, em 2006 Heloísa Helena (HH)-, mesmo em partidos pequenos, a mídia espontânea tem dado um destaque até mais que proporcional. Essa primeira etapa se encerra com as convenções de junho do ano da eleição, 2010, no caso.
3. Na segunda etapa, que começa após estas convenções, o jogo fica progressivamente desequilibrado e o auge se dá a partir de 15 de agosto, quando o tempo de TV afeta a competitividade. A internet, bem usada, pode reduzir esta desproporcionalidade, mas não de forma radical. As pesquisas vão definindo favoritos e os financiamentos se dão de forma proporcional. E com mais recursos, se tem mais visibilidade, criando uma percepção de candidaturas fortes ou mais fracas.
4. No entanto, há um elemento muito importante e que pode reforçar ou debilitar as candidaturas: a articulação com as candidaturas estaduais de governadores, que ocupam espaços destacados nas ruas, na imprensa e na TV dos partidos. HH entrou em julho de 2006 numa curva ascendente e apontou ultrapassar os 15%. Era a estrela da vez. O próprio Cristóvam Buarque cresceu, passando dos 5% e não foi além porque sua candidatura não era a de presidente, mas a de defesa do tema educação, sem outra preocupação.
5. A partir do final de julho o processo eleitoral polarizou entre Lula e Alckmin, e HH foi definhando, com 6% e Buarque com 2%. A razão da insustentabilidade era a falta de capilaridade pela ausência de candidatos a governador com visibilidade. Buarque ainda teve uns 3. Mas HH nenhum.
6. Ciro pode vir a ter alguns candidatos a governador competitivos como o de Pernambuco, mas, por enquanto, não serão mais que uns 4, o que é pouco. Mesmo que fosse para formar base regional, teria que trazer para o "sacrifício" candidatos a governador em vários estados.
7. Marina, até aqui, tem apenas um: Gabeira, no Rio. É muito pouco. Da mesma forma, para que sua candidatura tenha sustentabilidade, precisa de candidaturas a governador, mesmo que nomes da sociedade civil, intelectuais, ou personagens emblemáticos... Não sendo assim, sua candidatura terá as luzes que tem até junho e depois irá inevitavelmente minguar. Ter candidatos a governador é tão importante quanto o tempo de TV: um sem o outro a sinergia é negativa.
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