quarta-feira, 19 de agosto de 2009

2010: quais as perspectivas da oposição? A análise de César Maia

Você não precisa concordar com as posições do César Maia (eu raramente estou em acordo com elas!), mas o ex-Prefeito do Rio é alguém que, em suas análises, desenvolve raciocínios inteligentes e com sentido, mesmo que parciais (como seria de se esperar). Por isso mesmo, vale a pena conferir a análise feita pelo político a respeito do quadro eleitoral de 2010.



2010: UM AMBIENTE FAVORÁVEL À OPOSIÇÃO!
César Maia

1. A popularidade de Lula está completamente descolada de seus candidatos a governador, senador e deputados federais. Isso se deve a seu exibicionismo populista e auto-adoração, que termina destacando-o como personagem ímpar. Ao tempo que isso lhe dá satisfação, o descola dos demais. As pesquisas pré-eleitorais, pelo Brasil todo, vêm informando exaustivamente isso. O caso do Senado, apesar das declarações de Lula, não cola nele: a popularidade o blinda. Mas cola nos demais -companheiras e companheiros- e gera exaustivo material de mídia para ser usado em campanha. O caso do Senado reativa a memória de outros fatos, entre eles o mensalão, cujos desdobramentos estarão em cima da mesa em 2010.

2. A crise econômica afetou a receita dos Estados e Municípios. Mais grave, porque a curva 2007-2008 era fortemente ascendente. Isso provoca um freio de arrumação e retardamento nas ações e obras dos governos no penúltimo ano dos governos, com reflexos que irão até o primeiro semestre de 2010. Lembre-se que abril é o mês limite para abrir novos gastos que repercutam sobre 2011, segundo a LRF - lei de responsabilidade fiscal. A política é também a arte de administrar expectativas. Lula espertamente tenta transferir a culpa à burocracia, sete anos depois de assumir. Mas o eleitor imPACtado pelas promessas de 2007 e 2008 frustra-se em 2009 e 2010. As vaias de Nova Iguaçu, ontem, só confirmam isso.

3. As eleições presidenciais sempre concentram as atenções da imprensa, sobrando pouco para os candidatos a governador, o que reforçará o descolamento citado. Por outro lado, a candidatura presidencial forte e competitiva da oposição alavanca na colagem os candidatos majoritários e as bancadas proporcionais. Em alguns estados funcionalmente desarrumados, como Rio Grande do Sul, Estado do Rio, Alagoas; ou politicamente estressados como São Paulo, Minas, Brasília, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraná, Mato Grosso... pela força dos candidatos das oposições, a sinergia com a candidatura presidencial opositora será automática.

4. Não há milagre que faça Lula ser mais orgânico (Globo-on, 18/08: - Na campanha eleitoral de 2006 inventaram um tal de formador de opinião pública. Mas o povo não quer intermediário. O povo para votar não precisa de intermediário - disse Lula), e cada vez se descola mais de todos.

5. E se não bastasse, o campo eleitoral se complicou com Ciro Gomes, o que deixa Dilma (uma estreante em campanhas) acuada. E o PMDB, aliado do peito, terá fortes candidatos a governador associados à oposição, seus ou de partidos de oposição.

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