terça-feira, 18 de agosto de 2009

Fátima Bezerra me fez chorar

Eu estava em Apodi, há alguns dias, visitando familiares. Fui, com alguns deles, conhecer a unidade do IFET do município. Uma estrutura e tanto. Com capacidade para o bom desenvolvimento de atividades de ensino profissionalizante. Algo que, pelo impacto positivo que pode causar na juventude local, pode ser considerado revolucionário.

Lembrei-me, então, que quase uma dezena de unidades iguais aquela estão sendo inauguradas no RN. E, reconheçamos, esse resultado foi possível, em parte, pelo trabalho abnegado da Deputada Fátima Bezerra. A parlamentar tem feito da defesa da expansão dos antigos CEFETs mais do que uma bandeira de luta, muito mais!, tem tomado essa questão o centro de sua atuação nos últimos anos. E os ganhos serão colhidos nos próximos.

Não sou ingênuo - não tenho mais idade para isso! -, essa atuação, em parte, resvala para o que eu definiria como um certo "clientelismo de esquerda" - o parlamentar faz uma "parceria" com determinados setores e/ou instituições e passa a ser o seu "defensor". Em uma situação efetivamente republicana, convenhamos, essa intermediação seria não apenas dispensável, mas condenável do ponto de vista da construção da cidadania. Mas ainda estamos, por aqui, profundamente imersos nas relações de dádivas para que alcancemos aquele estado de coisas. Assim sendo, atuações focadas e "parcerias" como essas são justificadas.

Bom. Voltando ao IFET de Apodi, lembrei-me de um tempo, três décadas atrás, em que eu enfrentava diariamente vinte e quatro quilómetros de estrada de barro (e, em conseqüência, muita lama e atoleiro durante o inverno) e atravessava dois rios para chegar em uma escola que, no ensino médio, iria me formar como "técnico em escritório" (pois é, acredite!, sou técnico em escritório). A escola não possuía uma única máquina de escrever para os alunos treinarem algo que tivesse relação com a sua formação, como direi?, técnica. Três décadas depois, um IFET receberá os alunos do município e da redondeza com toda uma infra-estrutua para dar-lhes uma boa formação técnica. Nem nos meios devaneios, e confesso que os tive (e ainda tenho) muitos, pensei em algo assim.

Há umas duas semanas, recebo a notícia que me levou às lágrimas. Meu irmão mais novo (meu pai é um velho sertanejo que continuou a ter filhos até os setenta anos...), Evanildo, fora aprovado para o curso de Zootecnia do IFET de Apodi. A revolução que Fátima Bezerra ajudou a construir já começou e, para o meu regozijo, atingiu minha família. Chorei, sim. E agradeço a Deputada por isso.

PS: O post acima estava na minha máquina. Deixei-o salvo em word e fui para uma reunião em certo colegiado do qual participo por dever de ofício. Nessa reunião entrou em pauta um assunto que me colocou em choque com alguns "fatimistas". Tudo se passou, então, como se eu fosse um combatente anti-Fátima (coisa que efetivamente não sou, embora seja um crítico velado da sua desastrosa atuação nas eleições de Natal em 2008). Mas o que mais me chamou a atenção foi o comportamento da sua "militância". Nessas horas, para alguns deles, o insustentável torna-se "politicamente defensável". E defender princípios se torna "moralismo". E quem defende valores morais, claro!, vai para a caldeirinha fervente para onde devem ir todos os direitistas e conservadores.

Mas o melhor vem depois: de uma hora para outra, você se torna alvo de gente que mobiliza qualquer argumento para garantir a "vitória". Refiro-me a um questionamento meio velado a respeito de consultorias que eu teria feito para prefeitos corruptos (quem é o prefeito corrupto? Será que é quem eu estou pensando? Bueno, mas não é um aliado dos companheiros?). Em realidade, nunca trabalhei para prefeitura nenhuma. Prestei consultoria, sim, mas para empresas de consultoria que eram contratadas por prefeituras. Pensei em retrucar, mas deixei prá lá... Não estou em nenhuma cruzada e estava apenas questionando algo com que eu tinha minhas discordâncias. Não me moveu nenhuma bandeira, mas apenas uma questão de saúde e bem-estar pessoal: caso não o fizesse, iria ter ânsias de vômito depois...

Bom, o post está aí. E eu, cá no meu canto, ainda acho Fátima uma grande deputada. Com certeza, bem melhor do que a "política" Fátima revelada pelas eleições municipais do ano passado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que sua posição em alguns casos é bem próxima de uma ala mais a esquerda, que hoje optou pele saida do pt,até ai tudo bem.O pt governista de hoje exige um pragmatismo que não é digerido por algumas pessoas,mas é o preço de ser governo,infelismente sem essas alianças com figuras como Sarney e afins hoje não haveria como governar.Quanto a 2008 foi uma tentativa que poderia ter dado certo e não deu,porque crucificar a deputada poriso,o premio em 2010 vai ser uma reeleição tranquila como reconhecimento pelo seu trabalho e postura ética.