quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Comportamento eleitoral

Transcrevo abaixo interessante análise a respeito da construção do voto na era pós-televisão. O artigo foi publicado na edição de hoje do Ex-Blog do César Maia. Vale a pena conferir!

ILUSÃO DE INTIMIDADE!
Resumo da coluna de sábado (08), de Cesar Maia na Folha de SP

Desde 1992, que Glorinha Beuttenmüller dizia que a TV produzia uma intimidade entre expectador e “ator”, incluindo os políticos. E estes, no contato pessoal, deveriam retribuir esta intimidade, tirando o melhor proveito da TV. O impacto da TV na política tem diminuído nos últimos 5 anos: são menos TVs ligadas, o ato de zapear, a troca com a internet, a sensação de uma novela vista várias vezes. O uso crescente da internet na política é causa, mas também efeito.2. Vamos retornar ao auge da TV na política comparando com os dias de hoje. Para se entender melhor, destaco um clássico dessa época: "The Reasoning Voter" (1991), de Samuel Popkin. Popkin diz que o eleitor usa atalhos para obter informações e assim, decidir seu voto. A questão dos “atalhos” de Popkin ajuda a entender melhor a formação de voto, sem se abusar, como hoje, da emoção como método.3. Para Popkin, o crescimento da audiência dos noticiários da TV, produziu uma guinada em direção a política centrada no candidato. Esse jornalismo político mostrou-se mais nacional e mais individualizador. As questões regionais foram perdendo força. A intensidade maior é na pessoa do Presidente. Os eleitores relacionam a maior parte dos fatos, ao próprio Presidente. E a TV ressalta o Presidente como um político sempre em eleição.4. Os candidatos ao Congresso, quanto mais dinheiro gastam em mídia, mais os fatores pessoais predominam sobre os fatores partidários. As considerações políticas são pano de fundo sob o qual se desenrolam as questões pessoais. O noticiário televisivo reforça, e retrata a política como conflitos entre pessoas e não entre idéias. Os debates na TV tornaram-se uma espécie de seriado. Popkin conclui afirmando: a TV cria uma “Ilusão de Intimidade”.5. Desse ponto voltemos à percepção recente que a TV perdeu impacto sobre a política. É verdade. Mas não pela comunicação em si, e sim pelas novas interferências. O texto de Popkin continua atual. Mas hoje o impacto da TV na política, tem interferências de outros meios, (multiplicação, interação). A mesma TV só produzirá o mesmo impacto, se usar bem estas interações. Alexandre Abdo (MAIS-Folha de SP, 25/07) ajuda a entender este novo quadro.

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