quarta-feira, 7 de abril de 2010

Cipriano Maia e a eleição para Reitor na UFRN

O professor Cipriano Maia já tem reconhecimento profissional e político para não se deixar morder pela mosca azul. È um sujeito, até certo ponto, destoante no quadro geral de “acadêmicos” que ocupam postos em nossas IESs: assume posição, não faz salamaleques para agradar gregos e baianos e nem renega o seu engajamento pessoal em lutas políticas centrais das décadas de 1980 e 1990. Em nenhum momento, nas vezes em que conversamos, expressou vontade pessoal de ser reitor da UFRN. Disse-me sempre que estava disposto a participar do processo para defender alguns princípios e valores.

Quais princípios e valores? O primeiro deles é o da participação. Certamente, para algumas pessoas na UFRN, isso é demonstração cabal de passadismo. Participação, em uma Universidade, dizem-me os sábios de plantão, é sinônimo de democratismo. E democratismo é coisa de quem não quer produzir... Defender participação é, realmente, nadar contra a corrente nos dias que correm. Especialmente quando nos damos conta que os conselhos universitários, especialmente os de centro, recolheram-se à triste condição de espaços burocráticos (destituídos de vida e de discussão) das decisões produzidas nos departamentos. Estes, quase sempre guiados por interesses particularistas e corporativistas, nunca encarnaram verdadeiramente uma idéia mais geral de Universidade.


Ainda é tempo de resgatar a idéia de participação. Se não por outro motivo, porque essa é a dimensão primeira de uma Universidade com U maiúsculo. Uma participação que pressuponha choque de idéias, defesas e articulações públicas e transparentes de interesses. Algo que não se coaduna com a exclusão, a priori, de nenhum ator.


O segundo princípio fundamental no qual Cipriano aposta é o de uma Universidade que promova a inclusão social. Pois é, uma Universidade situada na periferia do sistema-mundo não pode ficar alheia ao seu entorno social e se pensar (e agir) como se o seu motor único fosse a disputa de um lugar de destaque no ranking das grandes universidades do mundo. Inclusão social, sim. Isso não significa desconsiderar o mérito, mas, sim, criar instrumentos que alarguem a possibilidade de entrada (e permanência) dos setores sociais tradicionalmente excluídos do ensino superior em nosso país. Ora, essa é uma posição que precisa se traduzir em ações concretas. E Cipriano, com as suas proposições, algumas delas tornadas resoluções nos Colegiados Superiores, tem o que mostrar a esse respeito.

Vou parar por aqui. Volto ao assunto mais tarde. Agora, prá variar, tenho uma reunião.

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