sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A morte de Gaddafi

Os vídeos mostrando a captura e assassinato de Muammar Gaddafi pululam na rede. É uma coisa inominável. Não, nunca morri de amores pelo pan-arabismo. Menos ainda pelo regime ditatorial do ex-manda-chuva. Mas qual a perspectiva de futuro de uma revolução que não tem limites no tratamento dos seus inimigos?

Outras revoluções praticaram barbáries idênticas e igualmente ignóbeis. Basta lembrarmos aqui do assassinato a sangue das crianças pertencentes à família do último Czar russo pelos revolucionários bolcheviques. Ou, mas próximo historicamente de nós, dos fuzilamentos indiscriminados dirigidos pelo Che Guevara na Cuba revolucionária.

Não existem fundamentos, a não ser aqueles mais animalescos, como a vingança, que justifiquem esses atos. “Justiça popular”, quase sempre, é sinônimo de linchamento. Para quem se interessa pelo assunto, existem bons filmes retratando isso. Abordando momentos históricos tão diversos quanto a Revolução Francesa ou a Revolução Cultural chinesa.

Bom, mas voltando ao assunto em pauta, importa chamar a atenção para ignomínia praticada na Líbia. Agora, esperem prá ver!, começarão os acertos de contas. Famílias inteiras, crianças em especial, pagarão a conta. Pequenos e mesquinhos personagens sairão das sombras para aplacar as suas fomes de vingança e de sangue.

O pior é que essa prática – ou melhor, o imaginário que a alicerça – também está fortemente enraizado entre nós, no Brasil. Basta acompanharmos, com algum distanciamento crítico, as formas de gestão autoritária de alguns dos ditos movimentos sociais entre nós. Nestes, quanto mais forte a retórica revolucionária, podem atestar, maior o chafurdar no pântano dos ressentimentos.

Muammar Gaddafi não deveria pagar pelos seus crimes? Claro! Mas, a não ser que apeemos do trem da modernidade, criminosos devem responder pelos seus desvios mediante tribunais regulares, constitucionalmente ancorados, e, não, diante da voz rouca (geralmente fascistóide) das ruas.

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