terça-feira, 25 de agosto de 2009

De vagas legalidades e oscilantes moralidades

Vistes um comentário de autor(a) anônimo(a) colocado no post abaixo? Não? Então, para teres um idéia de como se joga o jogo aqui na esquina do Atlântico, destaco-o mais abaixo. Na íntegra. Depois o comento um pouco. Poderia não fazê-lo, mas, mesmo anônimo, o comentário expressa a posição de alguém que me concede o privilégio da visita a este blog. Por isso, o mínimo que eu possa fazer é comentá-lo.

Quer dizer que um professor universitário não pode ser cedido a um gabinete de um parlamentar. Caro professor se toda imoralidade fosse essa,bem dito Brasil.O senhor já se perguntou o porque dessa pendenga,se as normas permitem,é legal!Espero que o senhor não reze na cartilha de Alex Medeiros que vez por outra noticia essa fato com achincalhe e deboche como é do costume dele.Nada mais a dizer professor só meu desaponto e decepção com o senhor,minha ficha ainda não caiu com essa sua insistencia e pirraça com uma simples cessão.

1. "Quer dizer que um professor universitário não pode ser cedido a um gabinete de um parlamentar." Poder, até pode, por um breve período, como uma forma de ajuntar ao parlamento saberes e práticas construídas no universo acadêmico, embora existam fortes dúvidas sobre a legalidade dessa cessão. Mas, que fique claro!, por um período curto (um ano ou dois, por aí). O problema, no caso que comentei, é bem outro. Trata-se da cessão contínua de alguém com o salário de professor universitário (e mais os penduricalhos do cargo comissionado) para servir anos a fio a um gabinete parlamentar. Ora, ora, claro que esse tipo de situação configura desvio de função e prejuízo para uma instituição pública (no caso, a Universidade). E pior: o financiamento público indireto de ação partidária.


2. "Se as normas permitem, é legal!". Hum, sei. Não vou dizer ao terreno que isso nos leva. Mas há por aí algumas boas toneladas de obras questionando a relacão entre legalidade e moralidade.

3. Caro professor se toda imoralidade fosse essa,bem dito Brasil. Então, tá. Se há tanta bandalheira por aí, tudo está permitido, é isso?. Então, em nome de alguma causa nobre, a gente tá liberado para fazer tudo o que os outros faziam antes e a gente condenava.

4. Espero que o senhor não reze na cartilha de Alex Medeiros que vez por outra noticia essa fato com achincalhe e deboche como é do costume dele. Pronto! Se alguém critica algo que fere os interesses de alguns "companheiros", de imediato, é desqualificado. No caso, a minha desqualificação seria "seguir a cartilha de Alex Medeiros". Vive-se, no universo mental do meu (minha) comentador(a), em um "mundo de cartilhas". Isso me diverte pacas!

5. Por último, a decepção. Sem problemas! Nunca tive a expectativa de não decepcionar alguns. Ora, quem procura satisfazer a todos, termina traindo a si mesmo, não é? Se para não decepcionar, como no caso em tela, eu tiver que dizer sim a coisas que considero eticamente insustentáveis, prefiro ficar sozinho.

5 comentários:

Dennys Lucas disse...

olá professor,
venho trazer solidariedade, e afirmar que tbm esta é a perspectiva da maioria do corpo discente - qndo ciente desta prática - pois assim como outras instituições necessitam deste apoio e colaboração, muito fruto traria a volta do acúmulo que nos foi retirado, somado agora com a experiência parlamentar!
com certeza, em ciência e tempo hábil, os estudantes se posicionariam alinhado a esta perspecitva.
agradecemos pelo posicionamento!

tania disse...

Oh Edmilson, tens meu apoio e minha admiração, aliás crescente. E estou com você - aliás, vivendo alguns dias duros também eu, no meu próprio terreno - nesta sua afirmação, que assino embaixo: "quem procura satisfazer a todos, termina traindo a si mesmo".
Seu blog está cada vez melhor.
Tania, PPGAS

Edmilson Lopes Júnior disse...

Maravilha!
Fico feliz ao ler os comentários acima. Eles demonstram que já não se trata mais com tanta naturalidade assim certas práticas que são condenadas seletivamente (aos amigos, a gente concede, aos inimigos, a gente denuncia).

Anônimo disse...

Edimilson fui seu aluno há alguns anos atras.Realmente me admira e espanta essa sua ranziza discordãncia da cessão de professores a outros órgãos.Professor compre uma corda de carangueijo,umas cervejas geladas e no rio de Apodi afoque suas mágoas....Tem mais futuro!

Unknown disse...

Já seria um absurdo esta tomada de decisão qndo ponderado o tempo e a necessidade que temos de professor, e mais ainda da linha de pesquisa que a professora levava a frente e sentimos falta, o q poderia somar a nossas vidas. Entretanto, parece termos ido além, procurei ter notícias, e recebi a informação da possibilidade dela não voltar a ser professora aqui, pq possivelmente já teria em tempo de seu pedido de aposentadoria. Será que isto é possível de ser ponderado? Seria um erro mais grave... Enquanto isto, a prof. Dalcy Cruz - até onde eu sei - vem dando um exemplo significativo vindo a ufrn dar aula e prestar orientação...