Acredito que você já deve ter assistido a algum dos filmes de Amos Gitai. Refiro-me ao O dia do perdão (Kippur) e Kedma. São dois bons filmes, pode acreditar e buscá-lo em locadoras. Aqui em Natal, consegui alugá-los na Yelllow.
Bueno, agora um novo filme do cineasta está sendo lançado no Brasil. Para atiçar a sua curiosidade, transcrevo abaixo matéria do Estadão. Mais abaixo, para aumentar a sua ansiadade, coloquei o trailer.
Em ‘Aproximação’, Amos Gitai traz drama pessoal e história
O ano é 2005, quando colonos judeus foram retirados à força da Faixa de Gaza por soldados israelenses
Reuters – O Estado SP
SÃO PAULO - Em “Aproximação”, drama que estreia em São Paulo e Rio de Janeiro, o diretor israelense Amos Gitai (”Kippur”, “Free Zone”) lida com a intersecção entre um momento histórico turbulento e a inquietação no plano intimista que abala os membros de uma família depois da morte do patriarca.
O momento histórico em que acontece o clímax é em 2005, quando colonos judeus foram retirados à força da Faixa de Gaza por soldados israelenses. Antes de chegar a esse ponto, Gitai, e sua roteirista habitual, Marie-Jose Sanselme (”Free Zone”, “Alila”), começam a história a partir de um personagem.
Um membro do Exército de Israel, Uli (Liron Levo, de “Munique”), vai para a França ao encontro de sua irmã adotiva, Anna (Juliette Binoche, de “Horas de Verão”), onde irão velar o corpo do pai.
A cena é acompanhada pela cantora lírica norte-americana Barbara Hendricks, que com seu canto cria um clima dúbio, colocando em dúvida se o que se vê é real ou é um delírio ou sonho de Ana. Mais tarde, o filme promove um encontro memorável do cinema contemporâneo. Juliette contracena brevemente – mas num momento-chave – com a veterana atriz Jeanne Moreau.
Ana é uma personagem estranha. Ela está alegre demais para um velório, parece se insinuar demais para o irmão adotivo. Aos poucos, ela passa por uma profunda transformação que irá questionar, acima de tudo, a sua identidade. Por questões familiares, ela acaba sendo obrigada a ir com o irmão para Israel.
Seus problemas começam logo na chegada ao país, onde ela tem dificuldades para entrar, é obrigada a separar-se do irmão e continuar a viagem sozinha. Seu maior desafio, no entanto, será enfrentar um passado que ela abandonou e encará-lo de frente. Essa foi uma das condições do testamento de seu pai.
Chegando à região do conflito entre colonos e soldados, Ana se depara com um realidade que não conhecia, que tanto a comove quanto a assusta. Um episódio do passado, que ela julgava esquecido, emerge com toda a força e ela é obrigada a lidar com isso. Nesse ponto, tal qual sua protagonista, “Aproximação” transforma-se visualmente.
Na primeira parte do filme, Gitai trabalha com planos longos, uma câmera que se move com elegância e certa lentidão. À medida que Ana se transforma, tomando contato com esse novo mundo, os planos tornam-se mais curtos, a câmera mais agitada, transmitindo a tensão do lugar e daquele momento. A fotografia é assinada pelo austríaco Christian Berger, o mesmo que neste ano foi indicado ao Oscar por “A Fita Branca”.
Sem nunca cair numa metáfora barata ou simbolismos ralos, Gitai traça um retrato multifacetado e profundo do Oriente Médio. Ana tem dificuldades de comunicação, pois não fala hebraico, e as poucas pessoas que entendem inglês mal conseguem se expressar. A tensão no ar faz parecer que algo vai se romper a qualquer momento.
Em alguns momentos, “Aproximação” pode lembrar “Free Zone”, no qual a personagem central, interpretada por Natalie Portman, sofria um choque cultural ao chegar a Israel. Ana passa por um momento parecido, mas o fato de ela ser mais madura do que a protagonista do outro filme, ressoa de outra forma.
Como é seu costume, o diretor faz um cinema político que encontra espaço para questões existenciais, ponderando não apenas sobre o papel do indivíduo na sociedade, como também a questão da identidade cultural e pessoal de cada um.
Gitai é um dos cineastas mais importantes em atividade atualmente. E “Aproximação” encaixa-se com clareza em sua obra.
A primeira cena do filme, um longo plano-sequência dentro de um trem, mostra Uli conhecendo e beijando uma palestina, interpretada por Hiam Abbass (”O Visitante”). Quando questionados por um oficial sobre a estranheza daquele envolvimento, o israelense diz que aquilo não é nada político. E ela completa: “Não é nada simbólico. Só estamos no mesmo trem.” Nesse momento, o diretor parece nos sorrir com a ironia bastante simbólica dessa constatação.
Durante a Mostra de Cinema de São Paulo de 2007, quando o filme foi apresentado com o título “A Retirada” (que tem mais a ver com o original do que este usado no lançamento comercial no Brasil), Gitai, que visitava a capital paulista, contou que esta história começou a ser escrita em São Paulo, quando sua roteirista, Marie-Jose, participava da Mostra como jurada, em 2005. (Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
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