quinta-feira, 11 de março de 2010

Daniel comenta Flaubert que comentou Macos Nobre comentado por Reinaldo Azevedo

Poxa, Flaubert!


Não quero nem entrar no mérito da discussão. Penso só que você foi injusto com o Marcos Nobre. O texto dele fala sobre a "cota do DEM", uma pseudo reserva moral, que vem se mostrando cada vez mais frágil. O rei está nu e, para nossa felicidade, ao contrário do conto, as pessoas estão vendo. O professor pouco toca na questão das cotas para negros.Penso que, nesta questão, sua mira estava desfocada.

Daniel

Um comentário:

Flaubert disse...

A mira estava certeira.
Pouco importa o debate sobre a "crise de consciência do DEM". Agora, me parece que o senhor tem o mesmo tipo de enquadramento automático com todas as posições que seus ícones políticos tomam. Uma coisa importante para a Ciências Sociais é não ter enquadramento automático algum. Se pode até odiar partido A ou B. Político X ou Y. Porém, se um desafeto político propuser um raciocínio correto, você discordaria dele apenas pelo fato dele ter feito tal defesa? Assim, se um DEM disser que 2+2=5 estará errado sob essa ótica. O que não é o caso. Nobre apenas desqualificou o Demóstenes, com se fosse impossível alguém daquele argumentar corretamente.
Olha só como ele faz isso: “Na entrevista a Maria Inês Nassif, do jornal “Valor Econômico”, Demóstenes Torres afirmou ainda: “O problema estrutural do Brasil não é o racismo, mas a pobreza”. É tocante ver os conservadores descobrirem a pobreza estrutural brasileira, mesmo que tardiamente.Principalmente porque é essa mesma pobreza que, com título de eleitor na mão, vai lhes tirar os mandatos em 3 de outubro”.
Ou seja, ele não nega que o argumento de Demóstenes estivesse correto, mas prefere evitar o debate porque considera que ele não teria “autoridade moral” para fazer tal assertiva. Só alguém de esquerda poderia fazer tal afirmação.
Já soube através de fontes que participam desses congressos sobre cotas que os negros pro-cotas ao serem perguntados o que eles acham dos pobres, como eles, que ficarão sem cotas dizerem: “eles que se d@n&m”. Para quem viu o debate dos pro-cotas, o argumento que eles usam é racista sim. O Nobre sabe disse, pois no Senado já aconteceu uma manifestação semelhante, porém o Nobre evita comentar isso, por comodidade, obscurecendo a questão. Além do mais, ainda diz implicitamente que as cotas são políticas meramente eleitoreiras. Se a questão é ser eleitoreiro, por que não conceder diplomas gratuitamente, sem precisar de universidades?
Se a questão em debate nem toca a educação média e fundamental (que são os problemas fundamentais do país), por que não distribuir diplomas universitários? Quem não gostaria de ter um diploma superior sem custos? Neste mundo alternativo, quem for contra será achincalhado no dia 3 de outubro, como nos garantiria o nosso Nobre populista.
Sabemos muito bem que o nível dos alunos vindos do sistema tradicional cai a cada ano; e que é uma luta fazer um aluno ler um texto de 10-20 páginas. Se a isso se somar gente ainda mais despreparada...