sexta-feira, 12 de março de 2010

A morte do Glauco provoca uma tristeza que invade a alma

Não é raro que tenhamos um convívio quase diário com pessoas com as quais nunca nos encontramos. Isso ocorre quando somos leitores assíduos de um colunista daquele jornal que teimamos em ler todas as manhãs. Ou quando pegamos o jornal e partimos logo para a página dos quadrinhos. Esse é o meu caso. Durante décadas assinei a Folha de São Paulo. Sempre esperava ansioso pela chegada do jornal. Quem mora aqui no NE, recebia-o-, via de regra, no final do dia.

Ao receber o meu exemplar, passava das manchetes de primeira página direto para as "tiras". E o "Geraldão", do Glauco, era o meu preferido.

A internet tirou-me esse prazer. Sai mais barato ler a Folha hoje em dia, tá certo, mas o encanto se quebrou. Você não folheia mais o jornal. Acho que nem as bancas do centro de Natal vendem mais o jornal...

Bueno, mas o fato é que ao abir a internet, agorinha, deparei-me com a notícia estarrecedora: Glauco foi assassinado. A gente sente, nessas horas, como se alguém da família tivesse sido subtraído do nosso convívio.

Abaixo a notícia publicada na FOLHA ON LINE.

Cartunista da Folha, Glauco morre em tentativa de assalto
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O cartunista Glauco Villas Boas, 53, foi morto nesta madrugada em sua casa, em Osasco, após uma tentativa de assalto ou sequestro --a polícia ainda investiga. Raoni, 25, um dos filhos do cartunista, também morreu durante uma discussão com dois homens armados que invadiram a casa.

De acordo com informações de Ricardo Handro, advogado de Glauco, os dois homens invadiram o local por volta da meia-noite. Glauco e sua mulher teriam sido agredidos várias vezes, mas o cartunista continuava negociando com os criminosos. Glauco teria convencido os bandidos a levá-lo, aparentemente para sacar dinheiro, deixando a mulher e filhos em casa.

Quando saía de casa, onde também fica a igreja Céu de Maria, da qual Glauco era padrinho fundador, o filho Raoni chegava. No portão, ao ver o pai sangrando e com uma arma apontada, houve discussão com os assaltantes, que atiraram e mataram pai e filho. Eles fugiram e estão sendo procurados.

Segundo informações do advogado, esta foi a primeira vez que a casa de Glauco foi invadida. O carro que estava com os assaltantes era roubado.

Um boletim de ocorrência foi registrado do 1º DP de Osasco, e a polícia agora investiga. Ninguém foi preso até o momento.

O corpo do cartunista ainda está retido no IML de Osasco, que se recusa a dar previsão de liberação. Familiares e amigos velarão por Glauco em sua igreja, a Céu De Maria, da doutrina do Santo Daime.

Carreira

Nascido em Jandaia do Sul, interior do Paraná, Glauco começou a publicar suas tirinhas no "Diário da Manhã", de Ribeirão Preto, no começo dos anos 70.

Em 1976, foi premiado no Salão de Humor de Piracicaba e, no ano seguinte, começou a publicar seus trabalhos na Folha de maneira esporádica. A partir de 1984, Glauco passou a publicar suas tiras regularmente no jornal.

Entre seus personagens estão Geraldão, Cacique Jaraguá, Nojinsk, Dona Marta, Zé do Apocalipse, Doy Jorge, Ficadinha, Netão e Edmar Bregman, entre outros.

Em 2006, ele lançou o livro "Política Zero", reunião de 64 charges políticas sobre o Governo Lula publicadas na página 2 da Folha.

Glauco também era líder da igreja Céu de Maria, ligada ao Santo Daime e que usa a bebida feita de cipó para fins religiosos.

Veja aqui as tirinhas de Glauco publicadas na Folha (exclusivo para assinantes).

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