terça-feira, 30 de novembro de 2010

Calendário da Pirelli


Confira aqui matéria na FOLHA ONLINE a respeito do lançamento do calendário anual da Pirelli.

Concurso para Professor de Sociologia na UFPEL

Estão abertas as inscrições para o Concurso para Professor Adjunto na área de Sociologia na UFPEL (Pelotas-RS). A exigência mínima é o título de doutor. Clique aqui e obtenha maiores informações.

E o quesito raça-cor na pesquisa quantitativa?

Eis aí uma discussão que interessa a todos quantos atuam no campo das ciências sociais. Por isso mesmo, vale a pena conferir um artigo publicado na Revista de Sociologia e Pólítica a respeito dessa questão. Leia abaixo alguns trechos.


Sobre o uso da variável raça-cor em estudos quantitativos
Jerônimo Oliveira Muniz

RESUMO

A crescente inclusão da raça no debate público brasileiro, o aumento da sua disponibilidade em pesquisas de opinião e monitoramento e a facilidade de inclusão da variável em modelos estatísticos tem provocado um paradoxo na importância da raça. Ao mesmo tempo em que a cor da pele vem ganhando relevância no debate político, ela também vem perdendo a sua importância substantiva como um construto social complexo e dinâmico por ser utilizada de modo superficial, como uma categoria permanente e imutável em estudos quantitativos. Este ensaio bibliográfico discorre sobre os fatores que contribuem para essa tendência levando em conta a literatura nacional e internacional produzida nos últimos dez anos. Questiona-se o uso da raça em políticas públicas atentando-se para a sua confiabilidade, variabilidade e validade e discutem-se as limitações e possibilidades de uso da raça como um demarcador de diferenças. O ensaio conclui-se sugerindo uma agenda de pesquisa para aprimorar o entendimento e reduzir as incertezas associadas ao uso da variável "raça" em estudos quantitativos.

Palavras-chave: raça; cor da pele; Brasil; validade; confiabilidade; estabilidade; taxonomia; políticas públicas.


I. INTRODUÇÃO

O uso da variável "cor"2 em estudos quantitativos é cada vez maior. A incorporação de recortes raciais em debates e decisões políticas também. Nos Estados Unidos, esse aumento é constatado em estudos sociológicos (NIEMONEN, 1997), demográficos (ZUBERI, 2001, p. 94), e de saúde (JONES, LAVEIST & LILLIE-BLANTOM, 1991; WILLIAMS, 1994; LAGUARDIA, 2004). Martin e Yeung (2003), por exemplo, investigaram a utilização da variável "raça" em Sociologia examinando a American Sociological Review, a revista de Ciências Sociais de maior prestígio nos Estados Unidos. Entre 1936 e 1999, eles constataram que o número de estudos empíricos levando em conta essa variável aumentou de 8% para 40%, enquanto o número de artigos que não mencionam raça ou cor da pele diminuiu de 70,7% para 53,5% (idem, p. 526).

No Brasil, observa-se tendência semelhante. No campo da Saúde Pública é cada vez maior o número de estudos ressaltando a relevância de diferenciais de acesso, morbidade e mortalidade devido à cor (ARAÚJO et alii, 2009), enquanto nos campos da Demografia, da Sociologia, da Economia e da Ciência Política continua-se a enfatizar os diferenciais de fecundidade, reprodução, mobilidade social, educação, renda e participação política (PAIXÃO & CARVANO, 2008; THEODORO, 2008; RIBEIRO, 2009; BUENO & FIALHO, 2009).

A crescente adoção de recortes raciais em estudos quantitativos tem gerado duas linhas interdependentes de argumentação crítica por aqueles que estudam e não simplesmente incorporam, a variável "raça" em suas análises. A primeira linha defende a importância de entender-se a variável "cor" como um conceito volátil e socialmente construído, com significados sociais importantes para a definição de identidades e experiências vividas. Esse argumento direciona-se àqueles que consideram a cor da pele como uma característica permanente e imutável. O argumento é que, ao trivializarem a incorporação da cor em análises de correlação, os pesquisadores que utilizam essa variável reificam como fixo um conceito que é dinâmico, socialmente construído e fenotipicamente atribuível. Ao não questionarem ou esclarecerem a origem, as implicações, o significado e a mensuração da raça, os usuários da variável estariam contribuindo para a sua banalização. Em uma segunda linha de argumentação, e como um corolário do fato de a raça ser um construto social, tem-se questionado o uso da variável na tomada de decisões políticas, atentando-se para a sua confiabilidade, variabilidade e validade. Afinal, sendo a cor uma característica social putativa contextual, é legítimo perguntar em que extensão ela pode ou deve ser utilizada como um demarcador confiável para a atribuição de benefícios e para a identificação de diferenças.


Clique aqui e leia o artigo completo.

Professora apresenta a sociologia de Florestan Fernandes

Maria Arminda do Nascimento Arruda é uma estudiosa da obra de Florestan Fernandes. Não sei se você já leu algo escrito por ela. Não? Te asseguro que, se você se interessa pela obra do Florestan, com certeza, vai encontrar insights muito legais nos textos produzidos por essa professora da USP.

Bueno, assim sendo, coloco abaixo um trecho de interessante artigo publicado na Revista TEMPO SOCIAL.



A sociologia de Florestan Fernandes
Maria Arminda do Nascimento Arruda

Se fosse possível apreender em uma única expressão os sentidos das mudanças em vigor no Brasil desde 1930, talvez pudéssemos classificá-los como inerentes a uma época de tradições fatigadas. Transformações de vulto aconteciam em todos os contextos da vida econômica, política, social e cultural, a suscitar outros estilos de se pensar o país, provocando o aparecimento de nova geração de intelectuais, os chamados "Intérpretes do Brasil" - Gilberto Freyre, Caio Prado Júnior, Sérgio Buarque de Holanda -, que enfrentaram, malgrado a diversidade que os caracteriza, o tema da construção da nossa modernidade nos termos da linguagem modernista1. Com eles, o modernismo deixa de ser o estilo avançado da literatura e das artes, chegando ao ensaio; o movimento das vanguardas, que na origem foi acentuadamente nacional, ofereceu condições propícias à conformação das nossas peculiaridades; por fim, pôde-se construir uma imagem do país em chave positiva, o que não significou ipso facto perspectiva necessariamente otimista sobre o futuro da nação, mas que se singularizava ao rejeitar as visões baseadas na ideia de incompletude da nossa história, tendo como ponto de referência experiências forâneas. O ensaísmo crítico de corte modernista negou a norma culta portuguesa como forma adequada de expressão intelectual, inscrevendo dicções incomuns no passado, ao mesmo tempo em que construiu retratos do Brasil que marcaram a cultura brasileira em toda a sua trajetória ulterior. Os ensaístas dos anos de 1930 lançaram as bases da reflexão moderna das ciências sociais brasileiras, legitimando o estilo de reflexão e de narrativa dessas disciplinas.

De fato, a experiência de constituição da sociologia moderna entre nós - se pudermos identificá-la à formação acadêmica da disciplina - estava plasmada na intensa modernização do país, acentuada a partir do decênio de 1930 no trânsito da crise das relações sociais tradicionais, e vigorosamente inequívocas desde os anos imediatos ao término da Segunda Guerra Mundial, quando a riqueza nacional foi auferida, sobretudo, nas atividades industriais. A despeito do ritmo das mudanças, o ambiente ainda transpirava orientações próprias à tradição, revelando o quanto se mesclavam presente e passado no Brasil daqueles anos. Todavia, o movimento da sociedade brasileira seguia sentido inverso ao da Europa, pois, enquanto lá ocorria perda da hegemonia civilizacional, aqui acontecia a débâcle do Estado Novo e a construção de instituições democráticas, acompanhadas da emergência de um surto desenvolvimentista sem paralelos até aquele momento. No plano cultural, a terceira década do século XX foi

[...] um eixo catalisador: um eixo em torno do qual girou de certo modo a cultura brasileira catalisando elementos dispersos para dispô-los numa configuração nova [...]. Em grande parte porque gerou um movimento de unificação cultural projetando na escala da nação fatos que antes ocorriam na escala das regiões (Candido, 2000, pp. 181-182).
Antonio Candido refere-se ao que denominou de "rotinização do modernismo", que se tornou o estilo dominante de expressão das elites intelectuais e artísticas brasileiras. O ensaio sociológico de 1930 situa-se entre a cultura tradicional, na medida em que representa uma modalidade de vida intelectual fortemente ancorada numa narrativa na qual o autor fala em nome próprio, e a vida intelectual desenvolvida em quadros institucionais2. Por fim, os ensaístas estavam na origem das ciências sociais entendidas numa acepção abrangente (cf. Araújo, 2005, p. 17) ao elegerem como problema central das suas reflexões os dilemas e as potencialidades do país para construir a sociedade moderna em terras tropicais de origem portuguesa. Este problema ganhou, especificamente, significado naqueles anos de franco reconhecimento do atraso de Portugal e de reordenamento das hegemonias mundiais.

Foi no bojo de tais transformações que se criou a Universidade de São Paulo, em 1934, e, com ela, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras que abrigou o curso de ciências sociais. A USP emergiu, desse modo, das novas concepções que passaram a orientar os mentores das instituições culturais que propugnavam por organismos coincidentes com o clima reinante, embora não encarnassem completamente os valores negadores da tradição, pois a instituição foi fruto do consórcio entre iniciativas avançadas no plano educacional e os projetos políticos das elites ilustradas oriundas do passado (cf. Cardoso, 1982). Esses aparatos institucionais modernos que vinham sendo construídos desde a terceira década cresceram e se diversificaram na fase seguinte com a criação de variadas fundações culturais (cf. Arruda, 2001). A Universidade permitiu a formação sistemática de cientistas devotados à docência e à pesquisa, além de engendrar uma concepção diversa do conhecimento, pois construiu novos espaços de atuação para os praticantes das várias disciplinas que compunham o quadro das carreiras científicas inauguradas, especialmente, na Faculdade de Filosofia da USP. A introdução de procedimentos sistemáticos ao treinamento de profissionais foi êmulo fundamental à institucionalização do saber característico das ciências sociais, que fazia parte do cenário diferenciado de realização das vocações científicas e compartilhava do clima característico da sociabilidade acadêmica.

Nesse cenário de fundas transformações e de apostas modernizadoras, berço da moderna sociologia brasileira, Florestan Fernandes (1920-1995) destacou-se como a personalidade mais singular em meio aos primeiros cientistas sociais egressos da universidade3. Nenhum dos seus contemporâneos identificou-se, como ele, com a missão de edificar as bases científicas da sociologia no Brasil; tampouco a nenhum da sua geração pôde-se atribuir papel de tal proeminência no campo da teoria, da pesquisa sociológica, da atuação institucional e do entendimento da dimensão profissional do métier. Por essa razão, a imagem do sociólogo brasileiro, hoje difundida, inspirou-se largamente na sua trajetória pessoal e institucional, estilo que vinha se desenvolvendo desde, pelo menos, o meio século XX, como decorrência da fundação da Universidade de São Paulo e do modelo de pesquisa introduzido pela Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo, criada em 1933, combinados à tradição brasileira do intelectual público, especialmente marcante no Rio de Janeiro. O perfil do cientista social compôs-se, portanto, no encontro entre essas diversas tradições, que pressupôs o ensino sistemático das disciplinas em moldes científicos e o envolvimento com as questões públicas do país. A junção de tais atributos convidava às investigações sistemáticas sobre os caminhos da mudança em marcha, ao mesmo tempo em que era tributária das apostas que envolviam os dias presentes.

Leia o artigo completo aqui.

Uma apresentação preliminar do Censo 2010: dados do Rio Grande do Norte

Graças ao trabalho muito competente do José Ademir Freire, diretor do IBGE no estado, já é possível ter em mãos dados preliminares a respeito do Censo 2010 no RN. Clique aqui e baixe um arquivo de apresentação desses dados (condensados pelo José Ademir).

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Luiz Eduardo Soares e a crise no Rio

O texto é grande, mas vale a pena transcrevê-lo aqui. Preenche uma lacuna, já que não tenho abordado o assunto. Fui no site do Marcos Rolim e capturei o texto abaixo, da lavra do conhecido cientista social. Confira!

A CRISE NO RIO E O PASTICHE MIDIÁTICO

Luiz Eduardo Soares

Sempre mantive com jornalistas uma relação de respeito e cooperação. Em alguns casos, o contato profissional evoluiu para amizade. Quando as divergências são muitas e profundas, procuro compreender e buscar bases de um consenso mínimo, para que o diálogo não se inviabilize. Faço-o por ética –supondo que ninguém seja dono da verdade, muito menos eu--, na esperança de que o mesmo procedimento seja adotado pelo interlocutor. Além disso, me esforço por atender aos que me procuram, porque sei que atuam sob pressão, exaustivamente, premidos pelo tempo e por pautas urgentes. A pressa se intensifica nas crises, por motivos óbvios. Costumo dizer que só nós, da segurança pública (em meu caso, quando ocupava posições na área da gestão pública da segurança), os médicos e o pessoal da Defesa Civil, trabalhamos tanto –ou sob tanta pressão-- quanto os jornalistas.
Digo isso para explicar por que, na crise atual, tenho recusado convites para falar e colaborar com a mídia:

(1) Recebi muitos telefonemas, recados e mensagens. As chamadas são contínuas, a tal ponto que não me restou alternativa a desligar o celular. Ao todo, nesses dias, foram mais de cem pedidos de entrevistas ou declarações. Nem que eu contasse com uma equipe de secretários, teria como responder a todos e muito menos como atendê-los. Por isso, aproveito a oportunidade para desculpar-me. Creiam, não se trata de descortesia ou desapreço pelos repórteres, produtores ou entrevistadores que me procuraram.

(2) Além disso, não tenho informações de bastidor que mereçam divulgação. Por outro lado, não faria sentido jogar pelo ralo a credibilidade que construí ao longo da vida. E isso poderia acontecer se eu aceitasse aparecer na TV, no rádio ou nos jornais, glosando os discursos oficiais que estão sendo difundidos, declamando platitudes, reproduzindo o senso comum pleno de preconceitos, ou divagando em torno de especulações. A situação é muito grave e não admite leviandades. Portanto, só faria sentido falar se fosse para contribuir de modo eficaz para o entendimento mais amplo e profundo da realidade que vivemos. Como fazê-lo em alguns parcos minutos, entrecortados por intervenções de locutores e debatedores? Como fazê-lo no contexto em que todo pensamento analítico é editado, truncado, espremido –em uma palavra, banido--, para que reinem, incontrastáveis, a exaltação passional das emergências, as imagens espetaculares, os dramas individuais e a retórica paradoxalmente triunfalista do discurso oficial?

(3) Por fim, não posso mais compactuar com o ciclo sempre repetido na mídia: atenção à segurança nas crises agudas e nenhum investimento reflexivo e informativo realmente denso e consistente, na entressafra, isto é, nos intervalos entre as crises. Na crise, as perguntas recorrentes são: (a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a explosão de violência? (b) O que a polícia deveria fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas? (c) Por que o governo não chama o Exército? (d) A imagem internacional do Rio foi maculada? (e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?

Ao longo dos últimos 25 anos, pelo menos, me tornei “as aspas” que ajudaram a legitimar inúmeras reportagens. No tópico, “especialistas”, lá estava eu, tentando, com alguns colegas, furar o bloqueio à afirmação de uma perspectiva um pouquinho menos trivial e imediatista. Muitas dessas reportagens, por sua excelente qualidade, prescindiriam de minhas aspas –nesses casos, reduzi-me a recurso ocioso, mera formalidade das regras jornalísticas. Outras, nem com todas as aspas do mundo se sustentariam. Pois bem, acho que já fui ou proporcionei aspas o suficiente. Esse código jornalístico, com as exceções de praxe, não funciona, quando o tema tratado é complexo, pouco conhecido e, por sua natureza, rebelde ao modelo de explicação corrente. Modelo que não nasceu na mídia, mas que orienta as visões aí predominantes. Particularmente, não gostaria de continuar a ser cúmplice involuntário de sua contínua reprodução.

Eis por que as perguntas mencionadas são expressivas do pobre modelo explicativo corrente e por que devem ser consideradas obstáculos ao conhecimento e réplicas de hábitos mentais refratários às mudanças inadiáveis. Respondo sem a elegância que a presença de um entrevistador exigiria. Serei, por assim dizer, curto e grosso, aproveitando-me do expediente discursivo aqui adotado, em que sou eu mesmo o formulador das questões a desconstruir. Eis as respostas, na sequência das perguntas, que repito para facilitar a leitura:

(a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a violência e resolver o desafio da insegurança?

Nada que se possa fazer já, imediatamente, resolverá a insegurança. Quando se está na crise, usam-se os instrumentos disponíveis e os procedimentos conhecidos para conter os sintomas e salvar o paciente. Se desejamos, de fato, resolver algum problema grave, não é possível continuar a tratar o paciente apenas quando ele já está na UTI, tomado por uma enfermidade letal, apresentando um quadro agudo. Nessa hora, parte-se para medidas extremas, de desespero, mobilizando-se o canivete e o açougueiro, sem anestesia e assepsia. Nessa hora, o cardiologista abre o tórax do moribundo na maca, no corredor. Não há como construir um novo hospital, decente, eficiente, nem para formar especialistas, nem para prevenir epidemias, nem para adotar procedimentos que evitem o agravamento da patologia. Por isso, o primeiro passo para evitar que a situação se repita é trocar a pergunta. O foco capaz de ajudar a mudar a realidade é aquele apontado por outra pergunta: o que fazer para aperfeiçoar a segurança pública, no Rio e no Brasil, evitando a violência de todos os dias, assim como sua intensificação, expressa nas sucessivas crises?

Se o entrevistador imaginário interpelar o respondente, afirmando que a sociedade exige uma resposta imediata, precisa de uma ação emergencial e não aceita nenhuma abordagem que não produza efeitos práticos imediatos, a melhor resposta seria: caro amigo, sua atitude representa, exatamente, a postura que tem impedido avanços consistentes na segurança pública. Se a sociedade, a mídia e os governos continuarem se recusando a pensar e abordar o problema em profundidade e extensão, como um fenômeno multidimensional a requerer enfrentamento sistêmico, ou seja, se prosseguirmos nos recusando, enquanto Nação, a tratar do problema na perspectiva do médio e do longo prazos, nos condenaremos às crises, cada vez mais dramáticas, para as quais não há soluções mágicas.

A melhor resposta à emergência é começar a se movimentar na direção da reconstrução das condições geradoras da situação emergencial. Quanto ao imediato, não há espaço para nada senão o disponível, acessível, conhecido, que se aplica com maior ou menor destreza, reduzindo-se danos e prolongando-se a vida em risco.

A pergunta é obtusa e obscurantista, cúmplice da ignorância e da apatia.

(b) O que as polícias fluminenses deveriam fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas?

Em primeiro lugar, deveriam parar de traficar e de associar-se aos traficantes, nos “arregos” celebrados por suas bandas podres, à luz do dia, diante de todos. Deveriam parar de negociar armas com traficantes, o que as bandas podres fazem, sistematicamente. Deveriam também parar de reproduzir o pior do tráfico, dominando, sob a forma de máfias ou milícias, territórios e populações pela força das armas, visando rendimentos criminosos obtidos por meios cruéis.

Ou seja, a polaridade referida na pergunta (polícias versus tráfico) esconde o verdadeiro problema: não existe a polaridade. Construí-la –isto é, separar bandido e polícia; distinguir crime e polícia-- teria de ser a meta mais importante e urgente de qualquer política de segurança digna desse nome. Não há nenhuma modalidade importante de ação criminal no Rio de que segmentos policiais corruptos estejam ausentes. E só por isso que ainda existe tráfico armado, assim como as milícias.

Não digo isso para ofender os policiais ou as instituições. Não generalizo. Pelo contrário, sei que há dezenas de milhares de policiais honrados e honestos, que arriscam, estóica e heroicamente, suas vidas por salários indignos. Considero-os as primeiras vítimas da degradação institucional em curso, porque os envergonha, os humilha, os ameaça e acua o convívio inevitável com milhares de colegas corrompidos, envolvidos na criminalidade, sócios ou mesmo empreendedores do crime.

Não nos iludamos: o tráfico, no modelo que se firmou no Rio, é uma realidade em franco declínio e tende a se eclipsar, derrotado por sua irracionalidade econômica e sua incompatibilidade com as dinâmicas políticas e sociais predominantes, em nosso horizonte histórico. Incapaz, inclusive, de competir com as milícias, cuja competência está na disposição de não se prender, exclusivamente, a um único nicho de mercado, comercializando apenas drogas –mas as incluindo em sua carteira de negócios, quando conveniente. O modelo do tráfico armado, sustentado em domínio territorial, é atrasado, pesado, anti-econômico: custa muito caro manter um exército, recrutar neófitos, armá-los (nada disso é necessário às milícias, posto que seus membros são policiais), mantê-los unidos e disciplinados, enfrentando revezes de todo tipo e ataques por todos os lados, vendo-se forçados a dividir ganhos com a banda podre da polícia (que atua nas milícias) e, eventualmente, com os líderes e aliados da facção. É excessivamente custoso impor-se sobre um território e uma população, sobretudo na medida que os jovens mais vulneráveis ao recrutamento comecem a vislumbrar e encontrar alternativas. Não só o velho modelo é caro, como pode ser substituído com vantagens por outro muito mais rentável e menos arriscado, adotado nos países democráticos mais avançados: a venda por delivery ou em dinâmica varejista nômade, clandestina, discreta, desarmada e pacífica. Em outras palavras, é melhor, mais fácil e lucrativo praticar o negócio das drogas ilícitas como se fosse contrabando ou pirataria do que fazer a guerra. Convenhamos, também é muito menos danoso para a sociedade, por óbvio.

(c) O Exército deveria participar?

Fazendo o trabalho policial, não, pois não existe para isso, não é treinado para isso, nem está equipado para isso. Mas deve, sim, participar. A começar cumprindo sua função de controlar os fluxos das armas no país. Isso resolveria o maior dos problemas: as armas ilegais passando, tranquilamente, de mão em mão, com as benções, a mediação e o estímulo da banda podre das polícias.

E não só o Exército. Também a Marinha, formando uma Guarda Costeira com foco no controle de armas transportadas como cargas clandestinas ou despejadas na baía e nos portos. Assim como a Aeronáutica, identificando e destruindo pistas de pouso clandestinas, controlando o espaço aéreo e apoiando a PF na fiscalização das cargas nos aeroportos.

(d) A imagem internacional do Rio foi maculada?

Claro. Mais uma vez.

(e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?

Sem dúvida. Somos ótimos em eventos. Nesses momentos, aparece dinheiro, surge o “espírito cooperativo”, ações racionais e planejadas impõem-se. Nosso calcanhar de Aquiles é a rotina. Copa e Olimpíadas serão um sucesso. O problema é o dia a dia.

Palavras Finais

Traficantes se rebelam e a cidade vai à lona. Encena-se um drama sangrento, mas ultrapassado. O canto de cisne do tráfico era esperado. Haverá outros momentos análogos, no futuro, mas a tendência declinante é inarredável. E não porque existem as UPPs, mas porque correspondem a um modelo insustentável, economicamente, assim como social e politicamente. As UPPs, vale dizer mais uma vez, são um ótimo programa, que reedita com mais apoio político e fôlego administrativo o programa “Mutirões pela Paz”, que implantei com uma equipe em 1999, e que acabou soterrado pela política com “p” minúsculo, quando fui exonerado, em 2000, ainda que tenha sido ressuscitado, graças à liderança e à competência raras do ten.cel. Carballo Blanco, com o título GPAE, como reação à derrocada que se seguiu à minha saída do governo. A despeito de suas virtudes, valorizadas pela presença de Ricardo Henriques na secretaria estadual de assistência social --um dos melhores gestores do país--, elas não terão futuro se as polícias não forem profundamente transformadas. Afinal, para tornarem-se política pública terão de incluir duas qualidades indispensáveis: escala e sustentatibilidade, ou seja, terão de ser assumidas, na esfera da segurança, pela PM. Contudo, entregar as UPPs à condução da PM seria condená-las à liquidação, dada a degradação institucional já referida.

O tráfico que ora perde poder e capacidade de reprodução só se impôs, no Rio, no modelo territorializado e sedentário em que se estabeleceu, porque sempre contou com a sociedade da polícia, vale reiterar. Quando o tráfico de drogas no modelo territorializado atinge seu ponto histórico de inflexão e começa, gradualmente, a bater em retirada, seus sócios –as bandas podres das polícias-- prosseguem fortes, firmes, empreendedores, politicamente ambiciosos, economicamente vorazes, prontos a fixar as bandeiras milicianas de sua hegemonia.

Discutindo a crise, a mídia reproduz o mito da polaridade polícia versus tráfico, perdendo o foco, ignorando o decisivo: como, quem, em que termos e por que meios se fará a reforma radical das polícias, no Rio, para que estas deixem de ser incubadoras de milícias, máfias, tráfico de armas e drogas, crime violento, brutali-dade, corrupção? Como se refundarão as instituições policiais para que os bons profissionais sejam, afinal, valorizados e qualificados? Como serão transformadas as polícias, para que deixem de ser reativas, ingovernáveis, ineficientes na prevenção e na investigação?

As polícias são instituições absolutamente fundamentais para o Estado democrático de direito. Cumpre-lhes garantir, na prática, os direitos e as liberdades estipulados na Constituição. Sobretudo, cumpre-lhes proteger a vida e a estabilidade das expectativas positivas relativamente à sociabilidade cooperativa e à vigência da legalidade e da justiça. A despeito de sua importância, essas instituições não foram alcançadas em profundidade pelo processo de transição democrática, nem se modernizaram, adaptando-se às exigências da complexa sociedade brasileira contemporânea. O modelo policial foi herdado da ditadura. Ele servia à defesa do Estado autoritário e era funcional ao contexto marcado pelo arbítrio. Não serve à defesa da cidadania. A estrutura organizacional de ambas as polícias impede a gestão racional e a integração, tornando o controle impraticável e a avaliação, seguida por um monitoramento corretivo, inviável. Ineptas para identificar erros, as polícias condenam-se a repeti-los. Elas são rígidas onde teriam de ser plásticas, flexíveis e descentralizadas; e são frouxas e anárquicas, onde deveriam ser rigorosas. Cada uma delas, a PM e a Polícia Civil, são duas instituições: oficiais e não-oficiais; delegados e não-delegados.

E nesse quadro, a PEC-300 é varrida do mapa no Congresso pelos governadores, que pagam aos policiais salários insuficientes, empurrando-os ao segundo emprego na segurança privada informal e ilegal.

Uma das fontes da degradação institucional das polícias é o que denomino "gato orçamentário", esse casamento perverso entre o Estado e a ilegalidade: para evitar o colapso do orçamento público na área de segurança, as autoridades toleram o bico dos policiais em segurança privada. Ao fazê-lo, deixam de fiscalizar dinâmicas benignas (em termos, pois sempre há graves problemas daí decorrentes), nas quais policiais honestos apenas buscam sobreviver dignamente, apesar da ilegalidade de seu segundo emprego, mas também dinâmicas malignas: aquelas em que policiais corruptos provocam a insegurança para vender segurança; unem-se como pistoleiros a soldo em grupos de extermínio; e, no limite, organizam-se como máfias ou milícias, dominando pelo terror populações e territórios. Ou se resolve esse gargalo (pagando o suficiente e fiscalizando a segurança privada /banindo a informal e ilegal; ou legalizando e disciplinando, e fiscalizando o bico), ou não faz sentido buscar aprimorar as polícias.

O Jornal Nacional, nesta quinta, 25 de novembro, definiu o caos no Rio de Janeiro, salpicado de cenas de guerra e morte, pânico e desespero, como um dia histórico de vitória: o dia em que as polícias ocuparam a Vila Cruzeiro. Ou eu sofri um súbito apagão mental e me tornei um idiota contumaz e incorrigível ou os editores do JN sentiram-se autorizados a tratar milhões de telespectadores como contumazes e incorrigíveis idiotas.

Ou se começa a falar sério e levar a sério a tragédia da insegurança pública no Brasil, ou será pelo menos mais digno furtar-se a fazer coro à farsa.

André Singer, quem diria, dá a dica para a oposição.

Confira no Terra Magazine.

Música curda para você

Que a música desse povo sofrido inspire esperança em você neste início de noite.

Tartarugas podem voar, o trailer

Veja, abaixo, o trailer. Eu o aluguei em uma locadora. Vale a pena!

Dica de filme: Tartarugas podem voar

Pode apostar: vale a pena ver o filme. Clique aqui e obtenha mais informações sobre filme sobre a situação do povo curdo.

Valeu, Guru!

Brigadão pela informação, cara. Maravilha!

Sobre Natal

Leia post mais abaixo sobre Natal. E não deixe de dar uma olhada também nos comentários. Temos visitas ilustres hoje. Valeu, galera!

Bourdieu nos trópicos

Pessoal,

a rapaziada que é muito ligada nas coisas do "campo", por favor, ajudem o Tio Ed. É o seguinte: preciso lembrar o nome de um livro e de um autor (um antropólogo norte-americano, acho), que escreveu um texto fabuluso cujo título (vá entender o funcionamento da cabeça de um senhor de meia idade!) é algo como um moderno tour no Brasil. O cara fala da visita a uma cientista social que arrotava Bourdieu e Foucault, mas, na sua visita, que ocorreu após as 22 horas, manteve uma empregada (negra, of course!) servindo comes e beves aos convidados, todos críticos e politicamente corretos. O livro está em inglês.

Façam esse favorzinho pro tio, não sejam ruins! É que eu ando precisando descascar um abacaxi e o texto vai servir com uma faca (he, he, he, he) para as minhas intenções malévolas.

Música para um começo de tarde

A sonolência espreita. Mas, como ser diferente?, temos que tocar o barco prá adiante. E hoje é segunda-feira. Acho que uma boa música ajuda. E como! Então, escute-a também.

Natal, a metrópole provinciana

“Viver aqui é sonhar”, a frase era parte de uma música de divulgação turística de Natal. Uma vinheta, como diriam os sempre muito modestos profissionais da publicidade, que fez sucesso há uns dez anos ou mais. Muita gente boa acredita e cultiva esse lugar-comum. Embora as evidências de que o sonho esteja se transformando em pesadelo não sejam poucas.

Natal é um assentamento humano de cerca de oitocentas mil pessoas. Espremidas em um território ambientalmente frágil, incorporado vorazmente pelo setor imobiliário, essas pessoas estão cada vez mais contaminada pelo vírus do stress urbano. A malha viária, ainda em parte herança deixada pela presença militar norte-americana na Segunda Guerra mundial, é simplesmente incapaz de suportar uma frota que cresce de forma geometricamente. Ajunte nesse quadro a ausência de saneamento básico em mais da metade do assentamento pomposamente anunciado como a Cidade do Sol.

A moldura, entretanto, só fica completa quando você se refere ao “espírito” que domina o lugar. Ou, se você é do, deixe-me ser um cadinho sarcástico, campo das humanidades, à “subjetividade coletiva” natalense. Se levarmos essa dimensão em conta, teremos, como diria aquela minha prima marxista, uma superestrutura perfeitamente adequada à infra-estrutura urbana de Natal.

Natal é como a Viúva Porcina, personagem da novela Roque Santeiro, representada magistralmente pela atriz Regina Duarte, cuja apresentação era “aquela que foi sem nunca ter sido”. Assim é a Natal metropolitana: a que foi sem nunca ter sido. A ausência de um espírito (vá lá, um ethos), não diria nem metropolitano, mas citadino, pesa fortemente nestas plagas. Tornando a vida social uma coisa bem dolorosa.

Por isso, uma simples ida ao supermercado pode ser motivo para um stress daqueles. Um encontro com a boçalidade e a truculência é o que você pode ter ao se dirigir a um estabelecimento comercial. As pessoas se comportam na fila do caixa como se estivessem disputando uma corrida de jumento. A mentalidade é a mesma!

E os rebentos da bem nutrida classe média local, devidamente cevada nas tetas da sempre generosa Viúva? Oh! Estes produzem exemplos de incivilidade que me deixam sempre perplexo. Comportam-se como os filhinhos dos coronéis interioranos de antanho: como se o espaço público fosse o roçado do painho... Ao invés do “espírito da Cidade” moldar-lhes a subjetividade, o seu espírito é que colonizou as paisagens urbanas da cidade. O resultado é uma grande cidade interiorana... no litoral.

Voltarei ao assunto.

Reportagem de leitura obrigatória

Uma radiografia completa da disputa pelo poder global. E, também, do lado rídiculo e patético dessa disputa, como as obsessões norte-americanos. Tudo isso está em um conjunto de reportagens publicada no sempre ótimo EL PAÍS. O material tem como base a divulgação de documentos secretos da inteligência americana feita pelo site Wikileaks. Confira aqui (em espanhol).

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Sobre a guerra contra o tráfico no Rio de Janeiro

Leia aqui uma importante entrevista, feita pelo TERRA MAGAZINE com o cientista social Dario Sousa e Silva, da UERJ, sobre a guerra contra o tráfico no Rio de Janeiro.

Minha coluna no Terra Magazine

Acesse aqui a minha coluna de hoje no Terra Magazine.

Sobre a deputada Fátima Bezerra

Pessoas desinformadas ou incapazes de enfrentar qualquer crítica, pobres almas!, alimentam a idéia de que eu, por tecer críticas, seria um adversário (euzinho?) da Deputada Fátima. Besteira pura!

Fátima prescinde do meu apoio e das minhas opiniões. E isso é mais do que bom. É ótimo.

Mas o que eu acho? O que eu penso? Quem se interessa? Pouca gente, certamente. Mas, nem por isso, deixo de meter o bedelho em tudo. É o que farei agora, até para responder a uma questão formulado por Bruno Costa, em comentário no post abaixo. Começo por dizer que Fátima não é uma parlamentar brilhante no teatro da atuação legislativa. O contrário de Mineiro e de José Agripino, dois parlamentares realmente brilhantes.


Uma outra coisa é que Fátima ainda está queimada como candidata à prefeita de Natal. A forma de construção da sua candidatura (atropelando todos internamente no PT e nos partidos aliados) e a trilha seguida pela sua campanha fizeram isso.

Colocado os "senões", vamos ao que interessa. E o que interessa? O que interessa é que Fátima é uma grande parlamentar pela sua capacidade de articulação e pela sua competência em intermediar contatos dos atores locais com os aparatos do Estado em Brasília. E isso é política. Pode não ser a que você ou eu (mais uma vez euzinho) gostaríamos que se fizesse, mas, convenhamos, aí é outra conversa...

Outra coisa: Fátima é aguerrida e tem disposição para o combate. Não são os amigos que dizem isso, mas os seus adversários. O que é uma boa credencial, convenhamos.

E aí, Fátima está "condenada" a ser deputada federal pelo resto dos seus dias? Apesar de essa condenação não ser de toda tão desprezível assim (especialmente para quem quem tem jeito e gosta do jogo político), acho, sinceramente, que não. Penso que Fátima tem tudo para alçar vôos maiores.

Um vôo mais do que razoável para ela seria o senado. Se o PT do RN tiver algum projeto de crescimento, deve se unir em torno dessa possibilidade. Em 2014, poderia bancar essa candidatura. Seria um ganho significativo para a esquerda potiguar.

Para que isso ocorra, entretanto, é necessário pensar grande e fazer política com P maiúsculo. Está o PT do RN preparado para isso? É esperar para conferir!

A montagem do Governo Dilma

E o Governo Dilma vai sendo montado. Em parte, nesse primeiro momento, a influência de Lula, patrocinador da candidatura vitoriosa, tende a ser realmente muito grande. Tudo dentro do esperado.

Quanto aos nomes, até o momento, eles realmente bons. Uma continuidade sem rupturas com o que vinha dando certo no Governo Lula. A melhor, de longe, indicação é do Ministro Guido Mantega. Competente e com capacidade de entender o jogo das relações comerciais internacionais, Mantega será um bom fiel da balança em um governo que terá como Chefe da Casa Civil o ex-ministros Antonio Palocci. alguém chegado até demais aos ditames do chamdado "mercado".

Já Paulo Bernardo para o Ministério da Saúde é, acreditem!, uma aposta de risco moderado. Bernardo é um bom administrador e um grande articulador político. Tem tudo para se dar bem nesse espinhoso cargo.

Miriam Belchior, no Planejamento, é uma aposta segura. Competente e experiente, além de merecedora da confiança de Lula e de Dilma, Miriam terá a tarefa de dar continuidade a uma gestão muito qualificada como foi a de Paulo Bernardo.

Minha angústia, agora, é saber se o Haddad vai continuar ou não na condução da Educação. Torço, vivamente, que sim, que o ministro consiga derrotar os inimigos de fora (e, especialmente, de dentro) que querem-no fora da Esplanada. Para o bem da educação.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Fernando Mineiro e a aposta no novo

O Deputado Fernando Mineiro é o melhor quadro político do Partido dos Trabalhadores no Rio Grande do Norte. É, de longe, o político com mais capacidade de se situar no jogo. Mineiro, entretanto, atua com amarras razoáveis. Estas são colocadas no seu tornozelo pelo seu grupo político, antigamente identificado como "Articulação". Por outro lado, Mineiro defronta-se, ainda no plano interno, com a força extraordinária da Deputada Fátima Bezerra. E essa estrela partidária merece uma atenção à parte.

Fátima tem tino político e uma grande capacidade de articulação. Não é exatamente uma parlamentar brilhante. O oposto de um Mineiro, para ficar em casa. Ou, para pegar um exemplo externo, de um Senador José Agripino. Mas Fátima joga muito bem na articulação política cotidiana, especialmente na intermediação de contatos de entes locais (prefeituras e ONGs) com os orgãos do Estado. A capilaridade da sua base de apoio é a prova disso. É o reconhecimento de um trabalho sério e desenvolvido com muito profissionalismo.

Fátima, apesar da votação consagradora alcançada em 2o10, não tem chances na disputa para a prefeitura de Natal em 2012. Poderá se impor, como o fez em 2008, contando com a força do Governo Federal. Mas, provavelmente, encontrará um terreno menos favorável às suas manobras. Daí ser importante acompanha, com lupa, as suas movimentações daqui prá frente.

Nesse quadro, petistas realistas deverão propor, desde cedo e em nome do mantra da governabilidade, o apoio à candidatura de Carlos Eduardo, que parte para a disputa eleitoral ainda distante bem na frente. E o ex-prefeito tenderá a ficar nessa posição de dianteira, na medida em que se beneficia do efeito comparativo com a gestão da Prefeita Micarla de Sousa.

É aí que entra Mineiro em cena. Ele tem tudo para ser o candidato do PT. Não existem justificativas plausíveis para que o partido não lance uma candidatura própria em 2012. Claro! Com uma campanha sem agressões contra Carlos Eduardo. O PT, e mais ainda a política local, teriam muito a ganhar com essa candidatura. Por diversos motivos, mas, sobretudo, pela elevação do nível do debate sobre os problemas e desafios colocados para gestão da Cidade do Natal. E nesse terreno, mesmo aqueles que torcem o nariz para o deputado, sabem que ele, aí sim, é o Neimar da política local.

Agora, é esperar pelos próximos episódios das disputas internas no PT. Como estou de fora, resta-me acompanhar, com o distanciamento do espectador, o desenrolar do drama. Torcendo apenas para que o dito cujo não se transforme, como em 2008, em um peça tragicômica.

O envelhecimento dos quadros administrativos no RN

Há um envelhecimento dos quadros administrativos tradicionais. E uma ausência de pessoas novas e capazes de lidar com a máquina. As novas gerações, especialmente os filhos da elite local, foram formados para se dar bem na iniciativa, se possível, de costas para o Estado. Este, sempre apreendido de forma negativa. O resultado é um deficit que ameaça a sustentabilidade política dos mais diversos grupos políticos.

A situação crítica da administração municipal de Natal é, nesse sentido, exemplar. Faltam quadros competentes, tanto do ponto de vista técnico quanto político, para fazer a máquina funcionar. E a receita de sempre, prá varia, é seguida: contratar consultorias para a produção de diagnósticos e proposições. A FGV esteve aqui. Os resultados, pífios. E nem poderia ser diferente, convenhamos. Nem toda a competência técnica da renomada instituição pode preencher um vazio que foi sendo gestado durante anos.

A situação, pelo que acompanho da leitura dos jornais, parece não ser muito diferente no Governo do Estado. Tanto assim que a Governadora eleita, Rosalba Ciarline (DEM), enfrenta dificuldades em dimensionar sua equipe de governo (muito especialmente o segundo escalão, muito mais responsável diretamente pela lida cotidiana com a estrutura do Estado).

A ideologia anti-Estado foi uma esperteza, sem dúvidas. Permitiu a políticos em franco declínio um bote de salvação. Velhos oligarcas e seus rebentes passaram a posar de moderninhos. Mas, como sói ocorrer com os atores, acreditaram em demasia nos personagens que representaram. Agora, estão aí em busca de "cavalos" que aceitam carregar as suas políticas.

Por outro lado, criou-se acá um ambiente ideal para a ascensão de carreiristas bons de lábios e deficientes em competência técnica, além de aleijados morais.

Uma outra cultura, de reconstituição do Estado, algo que, em certa medida, vem sendo feito em nível federal, precisa ser iniciado urgentemente no Rio Grande do Norte. Desafortunadamente, o DEM engoliu e se intoxicou demais com ideologia. Essa situação pode ser desastrosa para o Governo Rosalba. E, mais ainda, para as ambições políticas do Senador José Agripino.

Um balanço crítico do Governo Lula

Na edição mais recente da revista NOVOS ESTUDOS CEBRAP, você vai encontrar um dossiê sobre o Governo Lula. Dentre os autores, destaco Glauco Arbix, Ricardo Abramovay e Fábio Wanderley Reis. Vale a pena conferir! Clique aqui e acesse a revista.

Sociologia econômica na SBS

No XV Congresso Brasileiro de Sociologia, que ocorrerá em Curitiba, de 26 a 29 de julho do próximo ano, funcionará um Grupo de Trabalho de Sociologia Econômica. Será um espaço privilegiado para o intercâmbio de informações, teorias e resultados de pesquisa na área. Na coordenação, gente muito legal como o Cristiano Monteiro (da UFF) e Marcelo Carneiro (da UFMA). Corra e inscreva o seu trabalho, pois, o prazo para inscrições termina amanhã.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O mercado do cobre roubado

No Brasil, as cifras não divulgadas. Sabemos, entretanto, que o negócio é grande e envolve até médios comerciantes. Quadrilhas especializadas, apoiadas por grupos armados, desenvolveram um notável know-how no roubo aos fios de cobre. Em especial das empresas telefônicas.

Em matéria publicada na edição eletrônica de hoje do jornal espanhol EL PAÍS, você descobre que o problema é global. A matéria dá conta de uma gigantesca operação policial para prender pessoas envolvidas com essa atividade delituosa.

O crescimento do mercado do cobre roubado é uma das consqüências não-intencionais do crescimento das telecomunicações.

Confira aqui a reportagem do EL PAÍS (em espanhol).

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

As bases sociais do lulismo

Um interessante artigo, publicado no último número da Revista Brasileira de Ciências Sociais, assum o desafio de tentar apreender as múltiplas faces do lulismo. Vale a pena conferir! Leia alguns trechos abaixo:

As bases do Lulismo: a volta do personalismo, realinhamento ideológico ou não alinhamento?*

Lúcio Rennó; Andrea Cabello


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RESUMO

O artigo busca caracterizar o eleitor de Lula em 2006. O objetivo é analisar os fatores que diferenciam o voto em Lula do voto no PT, de modo a esclarecer quem são os eleitores que compõem a maioria que Lula construiu ao longo de seu governo e que não demonstra preferência por seu partido. Conclui-se que o lulista se assemelha ao eleitor não-alinhado que não demonstra preferências políticas ou ideológicas fortes e que vota, até certo ponto, baseado na sua avaliação retrospectiva do desempenho do governo.

Palavras-chave: Lulismo; Petismo; Voto retrospectivo; Determinantes do voto.


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Introdução

Em outubro de 2006, Lula foi reeleito com margem considerável de votos. Tal feito seria impensável um par de anos antes. No meio de seu primeiro mandato, a administração petista viu-se às voltas com o envolvimento de sua alta cúpula em escândalos sucessivos de corrupção. Deu-se por certa, principalmente pela oposição, a derrota do governo nas eleições de 2006. Chegou-se, inclusive, a cogitar a hipótese de um pedido de impeachment, mas não se foi adiante com a ameaça apostando em que a sina eleitoral de Lula estava traçada pelos escândalos de corrupção. Como, então, um desacreditado Lula conseguiu a reeleição em 2006, com confortável margem de votos no segundo turno das eleições?

A resposta passa por uma constatação inicial básica: desde a sua primeira candidatura à presidência, em 1989, Lula e o Partido dos Trabalhadores(PT) sedimentaram seu papel na política brasileira– mas não necessariamente na mesma intensidade. Inicialmente, o PT conseguiu consolidar-se como uma alternativa viável no Poder Legislativo no nível federal e nos níveis Executivos municipais. O partido cresceu de forma inconteste. Enquanto isso, Lula sofria derrotas eleitorais consecutivas, primeiro para Fernando Collor, em 1989, e depois para Fernando Henrique Cardoso, nas eleições de 1994 e 1998.

Em 2002, Lula renasce das cinzas eleitorais como candidato não só dos petistas, mas de uma parcela maior da população brasileira. O PT também se torna o maior partido na Câmara dos Deputados. Dessa forma, podemos afirmar que até 2002, o eleitorado de Lula não era assim tão distinto daquele do PT (Hunter e Power, 2007; Zucco, 2008).

Em 2006, no entanto, a diferença entre os eleitorados de PT e Lula tornou-se mais profunda, principalmente em sua dimensão geográfica (Idem, ibidem). Portanto, parece haver, principalmente a partir de 2002, um descolamento maior entre o voto em Lula e o voto no PT. O objetivo deste trabalho é traçar o perfil predominante, se houver algum, da parcela da população que votou em Lula em 2006, mas que não simpatiza ou tem preferência pelo PT. Em outras palavras, pretendemos explorar o que diferencia os lulistas dos petistas. Assim sendo, nossa pergunta é: o lulismo, entendido como aprovação e lealdade ao líder Luis Inácio Lula da Silva, que transcende a identificação partidária com o PT, é motivada por quais fatores? Quais são as bases do lulismo? Este artigo, portanto, contribui para o crescente debate sobre esse tema no Brasil (Samuels, 2004a; Singer, 2009).

Embasados em pesquisa de opinião pública realizada ao final das eleições de 2006, acrescentamos dois elementos ao estudo do tema ainda ignorados pela literatura especializada (Idem, ibidem). Primeiro, decompomos o voto em Lula, além de diferenciá-lo do voto nos demais candidatos. Os estudos anteriores sobre lulismo, tanto de Samuels (2004a) como de Singer (2009), não atentam para as possíveis diferenças internas no interior do dito lulismo. Samuels diferencia petistas dos demais eleitores; Singer analisa apenas cruzamentos de ideologia e renda com intenção de voto. Aqui, matizamos as potenciais diferenças entre lulistas novos, que passaram a votar em Lula em 2006, e lulistas antigos, que votaram em Lula em 2002 e 2006. Ambos os grupos são formados por eleitores que declararam voto em Lula, mas não se identificam com o PT. Iremos, portanto, desagregar o eleitorado brasileiro em diversas categorias – lulistas antigos, lulistas novos, petistas e demais eleitores Desta forma poderemos identificar o impacto de diferentes variáveis políticas, econômicas e sociais na diferenciação entre esses grupos. 1

Nossas hipóteses serão derivadas não só dos dois estudos supracitados (Samuels, 2004a; Singer, 2009), como também de uma extensa literatura sobre os determinantes de curto e longo prazo do voto. Nossas conclusões distanciam-se das alcançadas por Samuels e Singer. Os resultados indicam que os lulistas não representam um novo realinhamento político-ideológico, com base em classe e ideologia, como argumenta Singer, nem uma nova forma de personalização da política, como defende Samuels. O lulista, na verdade, é um eleitor pouco informado politicamente e desatento a campanhas eleitorais, que não apresenta afinidades partidárias de qualquer tipo ou intensas rejeições a partidos, e tampouco, identificações personalistas fortes. Contradizendo os estudos anteriores, detectamos que os eleitores que declaram identificação com o PT, os aqui chamados petistas, simpatizam mais fortemente com a pessoa de Lula do que os eleitores lulistas.

Para ler o resto do artigo, clique aqui.

Nietzche e a conta corrente

Clique aqui e confira um artigo crítico e provocativo escrito por Delfim Netto.

A Actes de la recherche tá dando sopa...

Tô mais feliz do que pinto em beira de cerca. Mais alegre do que torcedor do tricolor das laranjeiras. Por quê? Ora, pois! Não é o que o site CAIRN agora disponibiliza os artigos dos números recentes das melhores revistas francesas! É, sim, pode acreditar! Você vai ler os artigos da Actes de la recherhes en sciences sociales todinhos. Estão lá esperando...

Eu vou baixar tudo logo. Vai que dá uma zica e os ditos cujos saem do ar. Goiaba madura no pé na beira da estrada, sabes como é?

Ah! O link? Olha, é só clicar aqui, ok?

Comer a tia? Pode não, macho velho!

Confira o por quê, clicando aqui. Você vai acessar um posto muito do bacana feito por uma intrépida cientista social, professora da UFPE.

Ah! Já que você vai acessar ao post, dê uma passeada no blog inteiro. Que Cazzo é esse? é um blog muito do arretado. Pode acreditar!

sábado, 20 de novembro de 2010

Cristóvam Praxedes, um senhor Secretário de Segurança

Uma grata surpresa o desempenho do atual secretário de segurança pública do Rio Grande do Norte. Aberto ao diálogo, sabe incorporar visões alternativas e exerce um comando baseado no respeito à diversidade, sem abrir mão da hierarquia e da sua posição de comando.

Só tenho ouvido elogios ao desempenho do Secretário. E esses elogios são feitos por pessoas sérias e comprometidas com a díficil conjugação de segurança pública com cidadania. E, mesmo dentro das polícias, em que pese os corporativismos de sempre a guiar a leitura do mundo, há um reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pelo Desembargador.

Obviamente, para alcançar esse grau de reconhecimento, o Secretário foi mais do que ajudado pela gestão competente, firme e produtiva que o Coronel Araújo Lima vem desempenhando na gestão do policiamento.

Outra coisa: os dados estão aí. Em oito meses, já podemos comemorar queda nos indicadores de violência na Grande Natal. Em especial, devemos chamar a atenção para a diminuição do número de homicídios na Zona Norte.

É muito bom ter o que e quem elogiar de vez em quando, não é? Por outro lado, é um tanto triste saber que o tempo de Cristóvam Praxedes à frente da Segurança Pública do RN está chegando ao fim, com o término do mandato do Governador Iberê.

Meu estilo cearense de ser

- O senhor é do Ceará? - perguntou-me o motorista do taxi que me levaria do hotel ao Aeroporto de Brasília, na sexta-feira da semana passada.
Acostumado com esse tipo de inquirição, respondi de pronto:
- Sou vizinho, mas não sou do Ceará, não. Sou do Rio Grande do Norte. Nasci na fronteira com o Ceará. O senhor errou por pouco...
- Ah! Desculpe-me, mas é que o senhor tem estilo de cearense.
- É?

Fiquei curioso, mas, como estava cansado, não estiquei a conversa. Poderia ter obtido maiores detalhes sobre o tal “estilo cearense”. Mas, devo confessar, embora rechace todos os ismos (dentre eles, o regionalismo) que alicerçam identidades étnicas, territoriais e assemelhadas, não desgostei dessa classificação. E fiquei devaneando não exatamente sobre o Ceará, mas, sim, sobre a sua capital, Fortaleza. A cidade, como sabem todos quantos tenham pesquisado um pouquinho sobre a história urbana brasileira, foi pioneira na implementação de um projeto de redefinição do seu traçado urbano. E isso ocorreu na segunda metade do século XIX!

Fortaleza sonhou em ser Paris. Não é por acaso que José de Alencar, em uma bela crônica, lamenta a ausência, no Rio de Janeiro de então, da salutar prática francesa do passeio desinteressado no espaço urbano. O sonho de Fortaleza acabou em pesadelo quando as multidões de flagelados da seca, embalados pela idéia subversiva de que alguma autoridade haveria de fornecer-lhes refrigérios contra uma situação antes vivida como uma condenação dos céus, invadiram a moderna capital dos cearenses, duas décadas antes do alvorecer do século XX.

O resto é história. História urbana de uma cidade que sempre me encantou. Até porque, quem viveu no oeste do Rio Grande do Norte, nas décadas de 1960 e 1970, sabe que as nossas ligações econômicas e culturais eram muito mais fortes com a capital cearense do que com Natal. Ouvíamos as rádios de Limoeiro do Norte, víamos a TV Verdes Mares e líamos “O Povo” e o “Diário do Nordeste”.

Além disso, os nossos parentes e vizinhos emigravam para Fortaleza. Tanto assim que, na segunda metade da década de 1970, fiz uma viagem, sem mala e nem cuia, pelo Ceará, indo de Fortaleza até lugares como Tabuleiro e Limoeiro de carona, e, nessa aventura, visitei um lugar em Fortaleza chamado Morro do Ouro. Próximo da área central da capital alencarina, essa era uma comunidade dominada por norte-riogandenses. Fui muito bem recebido e ainda hoje trago na memória o cheiro das comidas e o teor das conversas que ali travei.

Então, acho que está justificado o meu estilo cearense de ser...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Bom começo de noite!

Alho contra pressão alta


É isso aí. Você vai cheirar um pouco, como direi?, fora do habitual, mas o seu coração vai ficar tinindo. É pesar os prós e os contras, não é?

Leia no Blog do Favre uma matéria a respeito.

Todo apoio ao Ministro Haddad

O Ministro Fernando Haddad, um dos melhos gestores da educação que tivemos no nosso país, está sendo alvo de uma infame campanha que visa desacreditá-lo e atingir a base de apoio ao Governo Dilma. É um insidioso processo de desconstrução de uma pastas mais exitosas do Governo Lula.

Está rolando, na internet, um abaixo-assinado de apoio ao Ministro. Acesse e assina. Clique aqui.

Minha coluna de hoje no Terra Magazine

Acesse aqui a minha coluna de hoje no Terra Magazine.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

BLOGAGEM ERRADA

O cansaço me fez remeter para o Blog um texto que ainda estava a burilar. Tive que excluí-lo. Mil perdões! Assim que for possível, refaço e coloco-o aqui à disposição de todos.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Uma foto...

...que eu explico depois.


De volta...

Após alguns dias de trabalho pesado em Brasília, de volta ao rame-rame. Na minha sala. Um local mais barulhento do que estação ferroviária antiga. O ar condicionado faz um barulho estarrecedor. Já reclamei mil vezes, mas nada. Fazer o quê?

domingo, 14 de novembro de 2010

A avidez de Palocci

Os brasileiros, em sua maioria, votaram em um discurso que pregava a continuidade da mudança. Tudo se passava como se o Governo Lula fosse continuar. Também votei em Dilma, mas fui sempre, como você pode constatar nos posts de setembro e outubro, muito crítico em relação à candidatura e à própria campanha da petista.

Eis que, passada a festa, a cara do Governo Dilma vai se mostrando. Nele, ao que tudo indica, o ex-ministro Antonio Palocci terá força desproporcional. Palocci, vocês sabem, foi o patrono da política econômica dos primeiros anos do Governo Lula. Uma política que custou caro, bem sabemos. Nada menos do que a substituição da base social do PT.

Era um outro momento, claro! O Lula tinha que se mostrar confiável para o "mercado". Mas, agora, nestes tempos de guerra econômica internacional que se avizinha, qual o sentido de se trazer esse personagem de volta para o priemiro palco?

A força do PT paulista sempre foi demais no PT, para o bem e para o mal. Para o bem, dinheiro e votos. Para o mal, insensibilidade para com a realidade social do Brasil mais acima. Não o Brasil do andar de cima, claro!

Vejo Palocci serelepe, todo espaçoso, na entourage da Dilma e o meu delicado aparelho digestivo começa a produzir ânsia de vômito... Deve ser coisa minha só. Espero que sim!

Indicações do Guru

O Augusto Maux, nosso estimado Guru, no post que eu fiz sobre sociologia econômica, dá indicações interessantes de leitura. Ele chama-nos a atenção para o consumo ecologicamente correto. Eu pensei também no consumo relacionado a compromissos como a não utilização de trabalho escravo e infantil.

Assim que for possível, voltarei ao tema.

Blogar com a CLARO é chato prá caramba!

Meu acesso à intenet é via CLARO. Claro que é uma chateação! Pago por uma velocidade de 500 e tenho um trote mais vagaroso do que o de uma carroça - quando tenho! Isso em minha casa. Quando viajo, em grandes centros, a coisa até que funciona, mas em casa, em Parnamirim, é uma droga. Quando me venderam o troço, disseram-me que, na Grande Natal, tudo era às mil maravilhas. Estou esperando, há quase dois anos. Sou muito esperançoso, não é?

Toda essa discussão a respeito de expansão da Banda Larga, prá mim, parece conto da carochinha, coisa prá inglês ver. A realidade é essa: pagamos caro e temos um serviço que é uma piada na área da telefonia. E olha que, no meu caso, não tem saída. As outras operadoras, pelo que sei, oferecem serviços piores...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Confira...

...no EL PAÍS, o sempre bom jornal espanhol, artigo que diz muito (por razões que não estão explicitadas, mas que você vai entendê-las, certamente) sobre a perda de força explicativa da sociologia.

Afición al deporte: ¿Una predisposición biológica?
ANTONIO SÁNCHEZ MARCO

Las características de las competiciones de equipo, en sus aspectos más básicos, debieron de ser esenciales en las sociedades más primitivas, llamadas de cazadores-recolectores

(...)

Se eu fosse Tirrica...

Acesse aqui coluna do jornalista Gilberto Dimenstein, publicada no site do UOL, comentando a inusitada decisão judicial que obrigou o agora Deputado a provar que não é analfabeto.

Outra semana daquelas...

Em Brasília, desde terça-feira, estou chegando ao fim de uma semana de muito trabalho e algum desconforto. Mas, ao fim e ao cabo, tudo certo. E, mais uma vez, cá estou blogando no quente aeroporto da capital do país. O ruim foi não participar da eleição para a Reitoria da UFRN. Sem problemas! A minha candidata foi eleita.

Anotações de sociologia econômica I: a moralização dos mercados

Escrevo quase sempre mercados. E essa não é uma escolha gratuita. Subjacente a essa forma de designação do espaço das transações econômicas está subjacente a idéia de que existem contornos próprios, específicos, que moldam as trocas. Essa é uma assunção sociológica por excelência. Certamente, não serão muitos os economistas a concordar com essa heresia.

A designação acima é apenas um dos muitos aportes de uma sociologia da vida econômica à análise dos mercados. À idéia, não por acaso muito forte no paradigma dominante na ciência econômica, do mercado como UNO, a sociologia econômica responde afirmando a pluralidade de mercados. O que isso quer dizer é que existem contornos sócio-culturais específicos que moldam e modulam as transações econômicas.

Devemos muito dessa apreensão a uma obra magistral, A Grande Transformação. Esta obra, de Karl Polanyi, contém aquela fórmula tantas vezes repisada de que a ação econômica é socialmente “encaixada” (ou envolvida). Mark Granovetter, o pai da Nova Sociologia Econômica, é o responsável por fazer com Polanyi aquilo que Karl Marx fez com Hegel: virá-lo de cabeça para baixo. Como assim? Enquanto na análise polanyiana a ação econômica era socialmente envolvida nas sociedades tradicionais e foi se tornando autônoma nas sociedades modernas, Granovetter, vê encaixamento da ação econômica nas nossas sociedades modernas.

Ambos autores ajudaram a questionar a idéia do “homem econômico” (um indivíduo que faria escolhas racionais procurando maximizar os seus interesses). Veio, entretanto, do trabalho da apropriação feita por Viviana Zelizer de algumas das obras de Pierre Bourdieu, especialmente àquelas nas quais o cientista social toma como referentes analíticos os dados do seu trabalho de campo na Argélia, a noção de “mercados múltiplos”. Apoiada nesse arsenal teórico, Viviana Zelizer pode analisar com profundidade alguns mercados específicos muito singulares, como é o caso do mercado de seguros e aquele de crianças para a adoção.

Zelizer hoje se dedica a outros objetos de análise. Mas a senda analítica foi aberta e ainda tem potencialidades. Penso, em particular, na dimensão moral que as transações econômicas tendem a assumir cada vez mais em nossas sociedades. Quem captou um pouco essa dinâmica foi uma grande antropóloga, a inglesa Mary Douglas.

A minha aposta é a de que, da junção dos aportes de Bourdieu, Zelizer e Douglas pode resultar uma boa base para a investigação a respeito de muitas práticas econômicas em ascensão nos dias que correm. Certo, certo, essas práticas (refiro-me, por exemplo, ao “consumo ético” ou “cidadão”) ainda são residuais, mas, talvez valha a pena apostar, elas tendem a ganhar terreno e assumir cada vez mais nacos centrais dos modelos culturais que subjazem à vida econômica contemporânea.
Voltarei ao tema em outro oportunidade...

Sob nova direção

As mulheres no comando da UFRN. Muito do bom.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Parabéns, UFRN!

Parabéns para todos que fazemos a UFRN. A vitória da candidatura da Professora Ângela é a vitória de todos quantos trabalhamos e apostamos no fortalecimento da UFRN como Universidade pública de qualidade.

Ângela Cruz é eleita Reitora da UFRN

A Professora Ângela Cruz, docente do Departamento de Filosofia e atual Vice-reitora na gestão do Professor José Ivonildo Rêgo, está virtualmente eleita Reitora da UFRN. Será a primeira mulher a gerir a instituição. A sua gestão será compartilhada com uma vice, a Professora Fátima Ximenes, docente do Centro de Ciências Biológicas.

As apurações ainda não foram concluídas, mas, em média, a Professor Ângela vem alcançando, após a devida aplicação do cálculo do percentual atribuído ao voto de cada categoria, algo em torno de 70% dos votos. Essa votação consagradora é um reconhecimento a boa gestão realizada pelo atual Reitor e um rechaço da categoria às baixarias perpetradas durante a campanha por setores ligados à campanha da outra candidata, Professora Arlete. Dentre esses setores, destaque-se o jornalismo agripinista e o pessoal do PSOL/SINTEST.

A formação do inusitado par (DEM/PSOL) foi a novidade dessa eleição, diga-se de passagem.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Liderança política: o que é?

Do Ex-blog do César Maia, provocativo como sempre, transcrevo abaixo texto traduzido do sempre bom EL PAÍS. Confira!

O QUE É LIDERANÇA POLÍTICA?

Outro trecho da longa entrevista autobiográfica de Felipe Gonzalez a El País (07).

1. Existem algumas características fundamentais de liderança política: a) não pode ser líder quem não tem capacidade e/ou sensibilidade, para sentir o estado de espírito do outro. Se você não consegue perceber o estado de espírito do outro, o outro não se sente próximo, sente que você não o compreende e não te aceita como líder; b) não há liderança a menos que você mude o estado de espírito dos outros, de negativo para positivo ou de positivo para ainda mais positivo, o que acarreta acreditar realmente no projeto oferecido, acreditar sem troca o que lhe dá mais força. E a capacidade de transmitir este projeto como um projeto que envolva os outros, que comprometa os demais mudando o estado de espírito que já existia.

2. Mas tem que ser um projeto que permita que as pessoas pensem que, apesar dos esforços exigidos, esse esforço fará sentido, convencendo-o que o que está sendo solicitado é solicitado porque se acredita nele. E se acredita de forma não mercenária (troca). Mas é preciso acreditar no se você está fazendo. Por exemplo, aqui está se fazendo substancialmente o que tem que ser feito, apesar de 'eu' discordar em algumas coisas. Ao mesmo tempo, o que se faz não é porque o senhor “mercado” impõe, e não temos escolha.

3. Por isso eu creio que há uma crise de credibilidade. A sociedade está muito mais complexa, mas a arte de governar é algo mais do que a administração das coisas. É a capacidade de fazer de uma sociedade plural em suas ideias, diversa nos sentimentos de identidade e contraditória em seus interesses, um projeto comum que interesse a todos em maior ou menor grau. Essa é a arte de governar o espaço público que partilhamos.

Desserviço à Universidade

A campanha desenvolvida pelos apoiadores da candidatura da Professora Arlete à reitoria da UFRN é uma boa demonstração de que necessitamos rever rapidamente a forma de eleição dos dirigentes de nossas IESs. Açulando o corporativismo, o denuncismo rasteiro e o ressentimento contra o mérito acadêmico, a campanha da Professora pode até sair vitoriosa hoje (espero e torço que não!), mas essa improvável vitória traria embutido um prejuízo ao ideal de Universidade.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Sobre o Enem

Confira aqui excelente análise sobre a equivocada judicialização do Enem.

Música para um começo de noite

Fique bem neste início de noite...

sábado, 6 de novembro de 2010

Diga-me com quem andas...

Os apoios de determinados colunistas da imprensa local à candidatura da Professora Arlete, alicerçados no ressentimento contra a gestão do Professor Ivonildo Rego, mais subtraem do que ancoram forças à candidata do "novo olhar". No geral, é uma gente saudosista da velha UFRN, na qual o dinartismo deitava e rolava...

Vale-tudo na disputa pela Reitoria da UFRN: a campanha da Professora Arlete apela para baixaria

Sob a batuta de Sandro Pimentel, dirigente do Sintest e lide do Psol local, a campanha da Professora Arlete, candidata à Reitoria da UFRN, parte para a baixaria. Sem pudor e nem limites. É o que se pode depreender da leitura de representações feitas pela liderança sindical à Comissão que preside o pleito. Acesse aqui o site da candidata e veja o conteúdo das representações. É coisa de gente acostumada ao jogo sujo. Típico das disputas eleitorais mais medíocres.

A candidatura de Arlete parece que está se configurando uma junção de forças, para dizer o mínimo, esquisita. Ultra-esquerda, sindicalismo corporativista e setores de direita da imprensa local. Nesse balaio, como sói ocorrer sempre, tem gente boa e bem intencionada. Mas, como também ocorre muitas vezes, está sendo utilizada para dar legitimidade a um bloco que vai se configurando como uma grave ameaça aos avanços conquistados pela UFRN nos últimos anos.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

As eleições no RN

Foi o Daniel Menezes, doutorando na Pós de Ciências Sociais, quem me alertou para o fato. Trata-se de excelente entrevista concedida pelo Professor José Antonio Spinelli, meu colega de Departamento na UFRN, na qual a eleição para o Governo do RN é passada a limpo. Foi publicada na Tribuna do Norte. Clique aqui e confira.

A Professora Arlete atiça o anti-petismo

Candidata a reitora da UFRN, a Professora Arlete parece que incorporou algo do José Serra. Talvez não do Serra, mas do Índio da Costa. Por que? Se você entrar no site da campanha dela, vá lá!, encontrará material publicado pelo Jornal de Hoje, de autoria do jornalista Túlio Lemos, denunciado que petistas querem controlar a UFRN.

Esse tipo de macarthismo foi derrotado em nível nacional. E até líderes tucanos já criticam o exagero da campanha que terminou. Portanto, seria de se esperar que, em uma disputa para a reitoria de uma Universidade, esse tipo de prática estivesse de fora.

A Professora Arlete, que tem uma bela biografia, não precisava disso. Espero que ela não tenha autorizado esse tipo de campanha. Pois isso mancha, e muito, a sua reputação. E, penso eu, não ajuda muito a sua campanha.

Disputar votos em Universidade acusando os adversários de "petistas" pode amendrontar a todos. Quem, antes mesmo de chegar "lá", incita sutil caça às bruxas, o que fará quando sentar na cadeira de Reitora? Hoje, são os "petistas". Amanhã, pode ser qualquer um.

O debate que não ocorreu e um esclarecimento que não esclarece

Não tô entendendo... Recebi uma mensagem da ADURN intitulada "Nota de esclarecimento". Leia o texto abaixo:

Considerando o não acontecimento do debate sobre a sucessão para a Reitoria da UFRN, a ADURN vem esclarecer à comunidade acadêmica sobre o cancelamento do evento programado para a última quinta-feira (04/11/2010) no Centro de Ciências da Saúde da UFRN. Houve a presença das duas chapas e do mediador, além de cerca de 70 pessoas no auditório do CCS. As coordenações das duas Chapas após solicitarem o contato telefônico com a Diretoria da ADURN, resolveram em conjunto com a mesma pelo cancelamento do referido evento.

A ADURN reitera o seu compromisso com a democracia e com a categoria docente.

Atenciosamente,

Diretoria da ADURN


Comentário

Você entendeu alguma coisa? Eu, que devo ser, como diria o Deputado Tiririca, um "abestado", não entendi lhufas. O quê? Como? Por quê? Eis questões que uma mensagem de "esclarecimento" deveria esclarecer. Bom, era assim nos velhos tempos. E eu, demodê que sou, fico a esperar um trem que não vem. Talvez, vá se saber, porque estou esperando na estação errada...

O trabalho fotográfico de Ed Van Der Elsken



Você o conhece, não é? Não! Então clique aqui e confira esse interessante trabalho fotográfico.

Leia minha coluna no Terra Magazine

Olá!
Acesse aqui a minha coluna de hoje no TERRA MAGAZINE. Meus textos são publicados na sexta-feira. Você que me segue aqui, acompanhe-me também de lá.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Epistemologia e metodologia em Bourdieu

Um livro legal. Infelizmente, você vai ter que lê-lo na tela. Eu sei, eu sei, isso cansa... Clique aqui e confira uma boa visão panorâmica sobre a obra de Bourdieu (em espanhol).

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Votos de Dilma na Grande São Paulo

Que coisa mais sem pé e nem cabeça é essa conversa de que a Dilma ganhou por causa do Nordeste. Conversa fiada, isso sim. Dilma foi bem votada em TODO O BRASIL. E mesmo onde não ganhou, chegou junto. Muito junto mesmo. Confira abaixo o resultado da candidata no Estado e em alguns municípios da Grande São Paulo.

Votação no Estado SP

Serra 54,05%
Dilma 45,95%


Osasco

Serra 45,46%
Dilma 54,54%

Diadema
Serra 33,54%
Dilma 66,46%

Mauá

Serra 43%
Dilma 57%

São Bernardo do Campo

Serra 43,79%
Dilma 56,21%

Santo André

Serra 51,2%
Dilma 48,8%

São Caetano do Sul

Serra 68,97%
Dilma 31,03%

Mauá

Serra 43%
Dilma 57%

Taboão da Serra

Serra 44%
Dilma 56%

Guarulhos

Serra 50,95%
Dilma 49,05%

São Paulo

Serra 53,65%
Dilma 46,35%

Como entender a vitória do DEM no RN?

O Rio Grande do Norte é o último bastião demo no Nordeste. O que explica a vitória da Senadora Rosalba Ciarline nas eleições para o Governo do Estado? O Professor Alan Daniel Freire, do Departamento de Políticas Públicas da UFRN, em artigo publicado no Portal de Opinião Pública da UFMG, deburça-se, com a competência de sempre, sobre essa e outras questões.

O título do texto é UMA ELEIÇÃO SEM NOTÍCIAS? A VITÓRIA
DO DEM NO RN. Confira-o aqui

Desconecte-se e conecte-se com alguém

A vida escorre entre os dedos. Assim, de repente, não há mais como reatar os laços que foram partidos. Partidos pela negligência e pela falta de tempo...

E, que coisa!, construir laços, edificar pontes, pode ter certeza, é tão fundamental quanto saciar a sede.

Ligados nos aparelhos, desconectamos dos outros. Pense um pouco e veja se isso não está ocorrendo com você. E não poucas vezes...


Ligue-se em quem está do seu lado e se desligue do celular. O vídeo abaixo é para você pensar um pouquinho sobre isso...

O melhor jornal

Não estou ganhando nada para dizer isso (infelizmente!). E nem tenho assinatura do dito cujo. Apenas adquiro as edições de final de semana, já que a grana não andando sobrando... Lá vai, então: o jornal VALOR ECONÔMICO é, para mim, o melhor jornal que alguém com um senso crítico e preocupado com as coisas substantitivas do país pode se dar ao luxo de ler.

Gostou do "se dar ao luxo de ler"? Pois é, a gente não pode ficar perdendo o tempo com lixo, não é? Temos que ler o que informa, ajuda a refletir e, mesmo a gente não concordando, emite opiniões consistentes. Tudo isso eu encontro no VALOR.

Agora, como você sabe, a minha leitura diária, onde eu me informo sobre o mundo, é mesmo o EL PAÍS, o melhor jornal on line. Uma leitura que dá prazer...

A serpente e sua ninhada

A direita raivosa quer achar culpados. Dispara contra o Aécio, que seria o culpado pela derrota do Serra dado que o tucano perdeu feio em Minas, e atiça o preconceito contra os nordestinos.

Ora, ora, se a eleição tivesse ficado empatada no Nordeste, Dilma ganhava. Por outro lado, se a maioria de Dilma em Minas tivesse sido de Serra, mesmo assim a petista ganhava.

Trabalhar com dados e informações objetivas, esse o caminho para enfrentar a onda neofascista.

Um dos desdobramentos, como você pode conferir abaixo, é o aumento do preconceito contra os nordestinos. Preparemo-nos para enfrentar a serpente. Com razão, serenidade e muita calma. Política também é isso.

Vitória de Dilma gera ataques preconceituosos contra nordestinos no Twitter

Mônica Harada

O resultado das eleições para a presidência do Brasil gerou uma série de comentários preconceituosos contra os nordestinos no microblog Twitter desde a noite de domingo (31/10).

O comentário que deu início à onda de xenofobia (aversão a outras raças e culturas) foi da usuária @mayarapetruso, que postou um comentário sobre a vitória de Dilma Rousseff. A estudante de direito postou a frase: "Nordestino não é gente, façam um favor a SP, mate um nordestino afogado!".

Logo depois, ela apagou os twitts e deletou o perfil na rede social durante a madrugada. Mas os usuários foram mais rápidos e propagaram a mensagem. O sobrenome da estudante também está entre os assuntos mais comentados.

Leia mais aqui.

Tudo aconteceu enquanto eu não blogava...



Um mundo de coisas ocorreu. E eu, como nunca antes nestes quase três anos de blog, fora do ar. Foi uma eternidade, posso te assegurar...

Correndo demais, sempre blogava. Mas, nestas duas últimas semanas, o espaço do trabalho invadiu até as madrugadas. E, em que pese estar diminuindo o ritmo, continuo assim.

E eu que tinha a esperança de que, ao bater na porta dos 50, a vida ficasse mais fácil.

Bom. Eu continuo aqui, firme. E, pode continuar me seguindo, que eu volto ao ritmo normal. Logo, logo, ok?

Ah, a Dilma foi eleita presidente. Coisa boa, essa. O Kirchner morreu, coisa ruim. Muito ruim. Postarei sobre isso nos próximos dias. Não deixem de passar aqui...