terça-feira, 29 de março de 2011

Demoacracia, Stuart Mill e eleição no CCHLA: a posição de Érico Fernández


O voto na eleição do CCHLA

Érico Fernández *

Interessante como se processam os fatos em um ambiente acadêmico, ainda mais no âmbito das Ciências Sociais que deveria se constituir, conforme creem os signatários deste documento, numa peça importante em prol da reflexão e do exercício democrático. As boas intenções existem e se, algumas delas, historicamente não foram efetivadas rumo à construção do mundo em que acreditamos, isto se deu justamente porque grupos e classes sociais privilegiadas assim não quiseram; e amparados pela força repressiva, material e hierárquica não permitiram. Mas, em suma, se pensarmos bem, uma não existe sem a outra. Ademais: a democracia não é, como querem alguns, um processo pronto e acabado, no qual alguns decidirão se os demais estão preparados para exercer os seus direitos. Esse discurso proferido sob forma de texto e palavras verbais no debates pertinentes às questões eletivas do nosso Centro é e foi defendido por aqueles que, possivelmente, criticam ditaduras e restrições de todo o tipo que foram - e são sentidas - por uma considerável parcela da população mundial. Esta é, aliás, mais uma dura ironia presente em nossos cursos. A democracia é - e isto deveria ser evidente em nosso meio-, um processo de avanços, recuos e, quiçá, permanente, bem como em constante aperfeiçoamento. A menos, é claro, que em determinadas instâncias alguns digam peremptoriamente NÃO. Afirmar que os estudantes são passageiros e os professores não, significa mutatis mutantis também afirmar que se alguém fixar residência temporária em outra cidade ele não deve ter direito ao voto ou ainda representa asseverar que nenhum homem e mulher em seu ambiente de trabalho pode exercer seu direito de decisão; afinal os patrões são para sempre e os trabalhadores transitórios. Essas visões chocam-se com o que defendemos. E foi contra essa acepção social injusta que muitos padeceram, sofreram, mas que, enfim, em vários momentos venceram. Estamos com eles ontem e hoje. Assim, acreditamos veementemente que o trabalho é a maior e mais preciosa relação universal que nos une e graças a ele somos o que somos como humanidade e seres individuais. Tratá-lo democraticamente é, por excelência, o que nos interessa, pois, apenas assim, os desdobramentos daí advindos serão realmente profícuos e justos. O que nos obriga a registrar o óbvio: a produção acadêmica tão-somente existe em virtude daquelas e daqueles que, especialmente em se tratando de um país como o nosso, não tiveram a oportunidade de cursar a universidade, todavia com o seu ingente esforço diário nos abrem as portas, limpam nossa sujeira e fazem com o que nossa produção possa efetivamente acontecer. Aos alunos, funcionários, professores, aos que trabalham no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes dizemos SIM ao direito de amadurecermos nossas escolhas e ao VOTO PARITÁRIO SEM CONDICIONAMENTOS DE QUALQUER ESPÉCIE.

Érico Fernández é aluno do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFRN

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