sexta-feira, 25 de março de 2011

Distorção da paridade: o voto de um funcionário poderá valer duas vezes mais do que o de um professor na eleição do CCHLA

Temos aproximadamente 110 funcionários e 270 professores no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFRN, o CCHLA. Com a aprovação do voto paritário para a escolha de diretor e vice-diretor, o voto de um funcionário valerá por dois de professor.

A carreira de Professor universitário, como reconhecem não poucos, deixou de ser atrativa para as novas gerações. Algumas vezes, como ocorre na discussão sobre a forma de voto na eleição para o CCHLA, os próprios professores contribuem para a sua desvalorização. Esse o caso de colegas que, por motivos nobres (ou nem tanto), defendem a paridade.

Teve gente que ficou abespinhada porque eu afirmei neste espaço que a defesa do voto paritário é demagógica e revela um populismo desastroso. Na verdade, analisando friamente, fui até comedido. A defesa do voto paritário na eleição para diretor de centro é bem mais mais que populismo e demagogia, é DESRESPEITO ao professor.

Tenho muito respeito para com o trabalho desenvolvido pelos nossos funcionários. Mas isso não me impede de afirmar que a relação que docentes e técnicos têm com a Universidade é qualitativamente distinta. Ora, é irresponsável achar que um professor com dez ou quinze anos de atividade docente, que exerce atividades de ensino, pesquisa e extensão que lhe exigem muito mais do que a carga horária normalmente registrada possa ter a sua função equiparada com a de um funcionário. Além disso, o engajamento que cada categoria tem com a vida universitária também é substancialmente diferente. Isso é assim em todo lugar do mundo. O contrário é que seria merecedor de comentários.

É, portanto, estapafúrdio querer equalizar situações tão diferentes. Não! Um professor detentor de anos de dedicação ao ensino, à pesquisa e à extensão, com experiências de estudo em diversas instituições nacionais e estrangeiras, não pode ser tomado como um igual de um funcionário NO MUNDO ACADÊMICO. Por mais responsável e dedicado que este último seja (e quase todos no CCHLA são assim).

De certo modo, a nossa medida é definida pelo tamanho com que nos imaginamos. No CCHLA, há gente que acha que um professor vale menos que metade de um funcionário. Já vivi o bastante para não me espantar mais com muita coisa. Mas esse tipo de posicionamento me deixa perplexo. Espanta-me o fato de que a auto-estima docente no nosso centro seja bem mais baixa do que eu imaginava...

O CONSEC do CCHLA se reunirá na próxima terça-feira. O voto paritário só poderá ser aprovado se os próprios professores apequenarem a sua imagem profissional. Caso seja esse o tipo de voto aprovado, teremos a confirmação da diminuição política, acadêmica e moral dos professores. E esse apequenar da categoria docente será reproduzido em outras esferas da vida universitária, podem apostar. Duvidam disso? Informem-se um pouquinho sobre certas ações judiciais em andamento que procuram manietar a atividade docente em coisas comezinhas que vão da avaliação de aluno, posicionamento de bancas de pós ou reação de professores diante de plágios...

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