Na última eleição para a direção do centro das humanidades aqui na UFRN, o CCHLA, tivemos uma única chapa. Ninguém pareceu se interessar muito pela escolha do dirigente. A reeleição do Professor Márcio Valença foi tranqüila.
Agora, não. Pelo que se comenta, haverá disputa. Logo, todo e qualquer posicionamento é percebido como parte da disputa eleitoral. Apreensão esperada, embora apequenada. Diz mais de quem a emite do que de quem se julga no lugar de árbitro dos posicionamentos dos outros.
Não, não há uma luta de classes (risos) no CCHLA. Se alguém aí andou vendo o maravilhoso IF com décadas de atraso, por favor, relativize um cadinho, tá bom? Existem candidaturas pré-lançadas. Todas muito legítimas. Algumas melhores do que outras, como sói ocorrer em quase todos os sufrágios. Nada de assustador, pode acreditar...
E a discussão sobre o voto? Posiciono-me a favor do voto proporcional e vejo demagogia em boa parte dos que defendem a paridade. Defendi isso desde a eleição para REITOR. Neste mesmo blog. Também a fiz em conversas com algumas pessoas. Mas, naquele momento, ninguém deu muita bola para a discussão. Agora, não. Pode ser por que tem gente que esteja a cultivar a expectativa em compensar uma derrota eleitoral entre os professores com uma vitória esmagadora entre os estudantes e os funcionários. Também não vejo nada de extraordinário nisso. Como diria aquele pensador, ex-BBB, em bordão inspirador: “Faz parte!”.
Claro! Há muita gente que defende a paridade por outras razões. Coerentes, consistentes e articuladas. Como disse, no geral, esse pessoal se situa à esquerda, e a sua defesa dessa forma de eleição é o desdobramento de uma visão a respeito da Universidade. Uma apreensão, na maioria das vezes, reducionista do papel da Universidade. Uma visão de Universidade subordinada não aos princípios meritocráticos, e, sim, à "contribuir com a transformação social". Mas aí é outro debate, não é? Esse pessoal tem pano prá manga, e pode elevar a discussão.
Outros, bons estudantes, realçam a defesa do voto paritário em análises supostamente alicerçadas em, vamos ser generosos, dados empíricos a respeito dos atores do mundo acadêmico. Em bom e velho português: descem a lenha nos professores e acham que os mestres não merecem o peso que o voto proporcional, previsto em lei, lhes reserva. Sem a faceirice dos demagogos, e nem a visão enviesada da esquerda acadêmica, esses outros, geralmente alunos de ciências sociais, derivam valores de observações empíricas. São bons candidatos a cientistas sociais, mas, ao procurarem derivar posições políticas de análises supostamente científicas, enredam-se em uma teia de aranha que pode prender-lhes pelo resto dos seus dias. Talvez devessem dar uma nova olhadinha em certo texto de Max Weber a respeito da “objetividade” na ciência social e na política...
Bom. Mas o bom de tudo é que alguém despertou. Alunos me questionam, colegas se justificam ou procuram(muitos) demonstrar o acordo com a minha defesa do voto proporcional. Somente essa espanada no tédio, além, obviamente, do prazer que me dá ouvir as cinematográficas teorias conspiratórias a respeito do que escrevi, já fez valer a pena aquele post sobre a eleição no CCHLA.
Quando tiver mais tempo, volto ao assunto.
domingo, 13 de março de 2011
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5 comentários:
Foi exatamente no tocante à falta de objetividade que, em outro comentário, referi-me à Ciência como Vocação de Weber.
Abração.
Esse assunto é sempre quente!!!!
Não me contive. Os assuntos políticos são a minha paixão e eu não consigo deixar de opinar sobre alguns deles.Quer dizer que esse lero-lero de paridade nas eleições universitárias voltam agora à tona? Olha gente, esse é um tema do fim dos anos 80 que, na minha opinião já está mais que superado. E não me venham com o argumento da democracia.
As eleições universitárias são eleições diferentes das que ocorrem aqui fora. Primeiro que os eleitores não são iguais. Eles se diferenciam em temos dos papéis que desempenham, em termos de poder, em termos de compromisso com a instituição, dentre outras diferenças.Lembrem-se que estamos falando de uma instituição produtora e transmissora de conhecimento.E quem assume de fato essa função na universidade? Quem pode ser votado.
Gente, as eleições na universidade já reproduzem tanto as mazelas das eleições gerais (alianças espúrias, troca de favores, distribuição de cargos) que somente a Lei que define a proporcionalidade do voto faz a diferença. Quando ela é esquecida em favor de um outro mecanismo, é porque há interesses outros que vão muito além da defesa da democracia (ou aquém).
Parabéns Edmilson, pela coerência e pela coragem de assumir posição firme sobre o assunto.
Parabéns pelo blog, repleto de textos inteligentes e interesantes.
Ilza Leão
Poderia dizer: Carta a um amigo!
Caro Professor Edmilson, admiro sua postura e desenvoltura como nosso professor e coordenador de Projetos mas, estais a cuspir puro conservadorismo em nossas telas. Manter seu direito garantido em lei, como relata, é na verdade, nos manter fora do pleito, como se não fossemos capazes de realizar reflexão sobre a postura e propostas de candidat@s. Claro que observamos, empiricamente, que @ brasileir@ vota mal mas, isso não quer dizer que O Mestre/funcionário vota bem.
Os acontecimentos internos dessa disputa parecem trazer transtornos e insegurança, principalmente, quando se quer mudar as regras do jogo. Mas, nós alun@s temos interesses maiores, que passam principalmente por querer e ter o direito sim de interferir no nome da pessoa que vai administrar o centro o qual nos situamos dentro da universidade.
será pedir de mais?!
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