A casta do "homo lattes"
Isabela Bentes
Uma casta elitizada da geração do “homo lattes” que permeia parte do corpo docente do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, vemos emergir a defesa da diferenciação dos pesos atribuídos aos votos dos que participam das eleições, ou seja, funcionários e estudantes não têm, dentro do processo eletivo, a igualdade junto aos professores. Fora levantado inúmeras justificativas para essa distinção que, para aqueles que defendem a hierarquização das “patentes” acadêmicas, é legitima e democrática e, geralmente, a explicação recai sobre os diplomas, anos de pesquisa, extensão e docência, sendo, portanto mais merecedores que todo o restante da população acadêmica ter seu voto diferenciado. Para início de discussão, podemos fazer uma simples comparação disso que está sendo colocado junto daqueles que defendem também que analfabetos não podem participar do processo de tomadas de decisões do seu país, pois esse não teria racionalidade técnica para escolher o que admite ser o melhor e mais coerente para tal. Exemplos a parte, uma parcela da “elite intelectual” do CCHLA vem colocando no campo político um discurso que tenta reproduzir a estrutura hierarquizada, burocrática e, acima de tudo, antidemocrática nos trâmites administrativos e educacionais da Universidade. Esse tipo de postura cabe ressaltar os escritos do inglês Stuart Mill, ainda pouco debatido no âmbito das ciências humanas, e a sua defesa do voto plural, implicando a perpetuação do poder pelas camadas "culturalmente" superiores. O papel da Universidade, em seu sentido etimológico, é de desempenhar um processo contínuo de universalização, democratização e, acima de tudo, politização daqueles que se inserem nesse meio, e não de ser um espaço arbitrário, fechado em si mesmo, e que tenha a finalidade única de suprir os desejos egocêntricos dos que crêem serem mais sábios e, por isso, serem merecedores quase que naturais do poder. Apesar das acusações de quem defende a paridade de votos dentro do processo eleitoral do CCHLA incidir sobre a justificativa de populismos, demagogias, de não assumirmos responsabilidades e estarmos em busca de reconhecimento fácil, sinto uma tentativa burlesca de deslegitimação do discurso político daqueles que ainda acreditam em uma forma não desigual de se gerir os processos decisórios de representação. Sabemos que a paridade dos votos não constitui uma solução extraordinária para todos os problemas na Universidade, mas a história mostra que a igualdade perante todos os membros que a compõem é um fator relevante para sua moralização.
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