quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

As bases do lulismo

Postei, na segunda-feira, um comentário sobre o artigo de André Singer, publicado na revista Novos Estudos CEBRAP, a respeito das bases sociais do lulismo. Intitulado Raízes Sociais e ideológicas do lulismo, o texto produzido por Singer é uma análise lúcida da difrenciação nas bases de sustentação entre o petismo e o lulismo.

Daniel Menezes, doutorando em Ciências Sociais pela UFRN, enviou-me um comentário a respeito. Faço questão de destacá-lo mais abaixo.

Edmilson,

O texto é bem interessante. Tal texto havia sido citado por Bresser Pereira em outro texto. Daí procurei ler também porque o etnocentrismo de classe aparecia no texto do Bresser Pereira e em outros textos que se destinavam a pensar a mudança do eleitorado de lula nas suas últimas eleições.

Penso que do ponto de vista local também seria interessante buscar conhecer as bases sociais e ideológicas dos novos fenômenos midiáticos, tais como Micarla de Sousa e Paulo Vagner. O gordinho, principalmente, é um verdadeiro fenômeno. Sei que está bastante longe da eleição e o critério da pesquisa é um pouco traiçoeiro neste momento. Porém, Paulo Vagner vem empatando com Vilma na corrida para o senado aqui em Natal e na grande Natal. Dada a correlação de forças, este fenômeno, mesmo que pontual, não pode ser enxergado com normalidade.Acho que os formadores, totalmente ofuscados pelo etnocentrismo de classe, não conseguem equacionar a real dimensão do fenômeno Paulo Vagner.

Os jornalistas locais sempre criticam o modo de falar, de vestir e de se expressar de Paulo Vagner, mas nunca as suas posições políticas. A ataque é direcionado contra o "estilo de vida" de uma pessoa com "baixo capital cultural". A sua atividade política e o modo como ele se relaciona com as bases sociais permanece intocada.Paulo Vagner parece ter força acentuada na fração de classe mencionada por André Singer para o caso do Lula. O voto dele é bastante forte entre os mais pobres e que residem na zona norte e oeste. O que mais me intrigava é que, mesmo levando paulada de tudo que é lado, o atual vereador continuava e se portar da mesma maneira. O que vem parecendo mais claro para mim é que eles, em certo sentido, atua corretamente, já que não está preocupado com o que o jornalista de classe média fala, mas com suas bases de sustentação.

Outro dado interessante é que, no momento em que aplicava questionários referentes a determinadas sondagens eleitorais, ouvi de algumas pessoas a seguinte expressão: "vou votar em Paulo Vagner porque quero ver mudança na política". Ou também: "Vou votar no gordinho porque quero animar a política".

Não estou aqui para defendê-lo. Longe de mim, mas sinto falta de uma análise menos etnocêntrica e mais sociológica acerca do gordinho, que não é o Ronaldo, mas já vem sendo chamado de fenômeno. Pois bem, penso que há muita coisa que pode ser pensada, a partir da análise desses novos fenômenos.

Um abraço.

Daniel Menezes - Natal/RN

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