segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

As bases políticas e ideológicas do lulismo e do petismo

O presidente Lula, especialmente nas eleições de 2006, conseguiu o grande feito de construir uma base eleitoral junto aos setores mais pobres da sociedade brasileira. Esse deslocamento, dizem alguns, deveu-se, em parte, ao peso dos programas sociais. É uma explicação fraca. Essa relação causal entre voto no Lula e recebimento de algum auxílio de programa social deixa de problematizar aspectos importantes. E, além do mais, não deixa de se alimentar daquele viés etnocêntrico de classe média que, por sob toda a retórica, reduz a opção eleitoral dos mais pobres ao puro clientelismo.

O que precisa ser problematizado, se quisermos produzir uma avaliação mais matizada da ascensão eleitoral do Lula entre os mais pobres, é exatamente se é mesmo clientelismo (e populismo, como insinuam os bem pensantes da classe média) que irriga a nova base política do presidente. Em instigante artigo, publicado na revista Novos Estudos CEBRAP, André Singer, ex-Porta-Voz da Presidência da República no primeiro mandato do Lula, e professor de Ciência Política na USP toca nesta e em outras questões. Intitulado, Raízes Sociais e ideológicas do lulismo, o texto produzido por Singer é exemplo de uma boa análise política. Confira!

Um comentário:

Anônimo disse...

Edmilson,

O texto é bem interessante. Tal texto havia sido citado por Bresser Pereira em outro texto. Daí procurei ler também porque o etnocentrismo de classe aparecia no texto do Bresser Pereira e em outros textos que se destinavam a pensar a mudança do eleitorado de lula nas suas últimas eleições.
Penso que do ponto de vista local também seria interessante buscar conhecer as bases sociais e ideológicas dos novos fenômenos midiáticos, tais como Micarla de Sousa e Paulo Vagner.
O gordinho, principalmente, é um verdadeiro fenômeno. Sei que está bastante longe da eleição e o critério da pesquisa é um pouco traiçoeiro neste momento. Porém, Paulo Vagner vem empatando com Vilma na corrida para o senado aqui em Natal e na grande Natal. Dada a correlação de forças, este fenômeno, mesmo que pontual, não pode ser enxergado com normalidade.
Acho que os formadores, totalmente ofuscados pelo etnocentrismo de classe, não conseguem equacionar a real dimensão do fenômeno Paulo Vagner.
Os jornalistas locais sempre criticam o modo de falar, de vestir e de se expressar de Paulo Vagner, mas nunca as suas posições políticas. A ataque é direcionado contra o "estilo de vida" de uma pessoa com "baixo capital cultural". A sua atividade política e o modo como ele se relaciona com as bases sociais permanece intocada.
Paulo Vagner parece ter força acentuada na fração de classe mencionada por André Singer para o caso do Lula.
O voto dele é bastante forte entre os mais pobres e que residem na zona norte e oeste.
O que mais me intrigava é que, mesmo levando paulada de tudo que é lado, o atual vereador continuava e se portar da mesma maneira. O que vem parecendo mais claro para mim é que eles, em certo sentido, atua corretamente, já que não está preocupado com o que o jornalista de classe média fala, mas com suas bases de sustentação.
Outro dado interessante é que, no momento em que aplicava questionários referentes a determinadas sondagens eleitorais, ouvi de algumas pessoas a seguinte expressão: "vou votar em Paulo Vagner porque quero ver mudança na política". Ou também: "Vou votar no gordinho porque quero animar a política".
Não estou aqui para defendê-lo. Longe de mim, mas sinto falta de uma análise menos etnocêntrica e mais sociológica acerca do gordinho, que não é o Ronaldo, mas já vem sendo chamado de fenômeno. Pois bem, penso que há muita coisa que pode ser pensada, a partir da análise desses novos fenômenos.

Um abraço.

Daniel Menezes - Natal/RN