Há um ano, mais ou menos, postei o texto abaixo. Senti vontade re-publicá-lo. Não me perguntem ainda o porquê.
Sempre me indignei com a forma como são tratadas as empregadas domésticas no Brasil. Não raras vezes, em visitas, perco toda a alegria quando vejo como os meus anfitriões tratam suas empregadas. Nessas visitas, cada vez mais raras hoje em dia, devo confessar, estou diante de gente da dita classe média intelectualizada, os tais "formadores de opinião". É uma gente que me diverte pacas... Eles e elas não conseguem manter uma conversa por mais de dez minutos sem tomar Foucault ou Bourdieu como muletas para assestar os comentários mais banais possíveis sobre o mundo social. Geralmente, afirmações marcadas pelo etnocentrismo de classe...
Mas são esses seguidores de Foucault e Bourdieu (estes devem se revirar na tumba quando seus nomes são usados...) que gritam e fazem exigências descabidas às suas empregadas. Outras vezes, na aula de ballet de minha filha ou em algum restaurante aqui de Natal, vejo como os pimpolhos da classe média são mimados (e os pais a exigir que assim seja e assim continue a ser...) e tratam as empregadas. Nessas situações, o amargo sobe à garganta e uma desesperança erosiva quer adentrar na minha alma.
Estou exagerando? Dê uma volta nos ambientes chiques da capital da província da esquina do Atlântico... Um simples passeio em um dos Shoppings de Natal pode lhe fornecer material para duas teses de doutorado sobre o lugar da empregada doméstica na vida social brasileira... Lá, você vai ver moças e rapazes bem nutridos e bem vestidos, de braços dados, caminhando felizes como em um comercial de pasta de dente, e, logo atrás, com roupas humildes, uma adolescente negra ou mestiça, carregando um rosado e rechonchudo bebê... filho do casal da vanguarda... E o casal sentar-se-á em um dos cafés e ficará horas tagarelando sobre o aquecimento global ou, o que é pior, o conceito de habitus, enquanto a empregada limpa o cocô ou dá comida ao filhinho dos dois.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
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