O legado de Michelle Bachelet
Alexei Barrionuevo
De Santiago (Chile)
No começo, quebrar a barreira do gênero não foi muito suave para Michelle Bachelet. Em 2006, ela havia acabado de atrair atenção mundial, tornando-se a primeira mulher a ser eleita presidente deste país profundamente conservador. E havia feito isso sozinha, sem os maridos famosos que haviam impulsionado outras mulheres presidentes na América Latina.
Porém, um mês após assumir o cargo, Bachelet enfrentou enormes manifestações estudantis por todo o país. Em seguida, seu apoio decaiu ainda mais quando um novo sistema de transporte público se tornou caótico, levando críticos a retratá-la como um ônibus municipal indo em direção de um penhasco. "Havia essa impressão de que ela não estava no controle", disse Marta Lagos, diretora da Market Opinion Research International, empresa de pesquisa do Chile.
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Bachelet está entre os poucos líderes latino-americanos, incluindo o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, cujo gerenciamento da crise fortaleceu sua popularidade. Tanto o Brasil quanto o Chile estão emergindo da recessão, e o governo chileno afirma que sua economia crescerá 5% no próximo ano.
Bachelet, agnóstica confessa e mãe solteira de três filhos em um país que legalizou o divórcio há apenas cinco anos, rompeu o molde dos políticos chilenos tradicionais nesta fortaleza romana católica. No começo, segundo ela, a elite política tentou retratá-la como fraca e desrespeitosa em relação ao cargo de presidente.
"Foi um desafio importante nos primeiros anos", disse Bachelet, de 58 anos, em recente entrevista, apontando a forma pela qual outras mulheres poderosas a encorajaram a se fortalecer e "gritar e insultar" para ser respeitada. "Eu me arrisquei", ela acrescentou, "a exercitar a liderança sem perder minha natureza feminina".
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Seu estilo não-ortodoxo deixou uma marca na cultura política do país, segundo analistas. Durante pronunciamento à nação em maio, ela brincou sobre perder um sapato ao chutar uma bola de futebol na inauguração de um estádio, dizendo que o investimento em quatro novos estádios incluiria dinheiro para "o sapato voador". Na recente entrevista, ela brincou que seu plano de igualdade de gêneros para o gabinete tinha a intenção de assegurar que todos tivessem um parceiro de dança.
Esse ar pessoal também inspirou críticas, por exemplo, quando ela foi fotografada dando um mergulho matinal no mar no Brasil, durante uma conferência de líderes regionais no ano passado, ou quando recebeu artistas populares como Bono e Shakira.
"Ela fez coisas que não eram consideradas presidenciáveis aos olhos da instituição chilena", disse a Sra. Lagos, pesquisadora. "É muito difícil voltar atrás. Ela levou a presidência a um nível mais próximo do povo".
Tradução: Gabriela d'Avila
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terça-feira, 17 de novembro de 2009
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