Neste domingo, em meio ao processo eleitoral interno que escolherá as novas direções do partido, Lula reclamou dos correligionários:
"Eu não tenho mais ilusão quando se trata de disputas locais, por mais que a gente oriente as pessoas de que deve prevalecer é o projeto nacional, normalmente, o que tem acontecido é que cada um olha para o seu umbigo e prevalece as questões dos Estados. O que é importante é que se houver divergências dentro da base aliada nos Estados, isso não seja impeditivo para a ministra Dilma", disse Lula.
Pois é. O problema, para as cabeças pensantes da direção nacional do PT, é que, como diz um velho sábio acaciano, "a vida é local". As disputas nas quais as pessoas estão cotidianamente envolvidas dizem respeito, na maioria das vezes, aos estados e municípios. E a direção nacional do PT, embalada em projetos nacionais (supostos ou reais) desconsidera (ou atropela autoritariamente) as dinâmicas políticas regionais.
Ora, é claro que o projeto nacional é mais importante. Mas essa é uma "importância" que não é um dado natural, uma coisa dada. Só será importante na medida em que for hegemônica, isto é, ganhar a adesão e o apoio deliberado de todos.
Não é bem isso que vem ocorrendo. Lula, essa é a verdade, impôs a candidatura de Dilma. O PT, que outrora esbravejava e queria escolhas discutidas amplamente, aceitou de pronto. O milagre da unanimidade se fez no partido do conflito! Agora, Lula quer mais. Quer que todos se submetam ao "projeto maior". O problema é que (alguns) petistas podem até aceitar a candidatura de Dilma, mas daí a ir até ao ponto de abandonar os seus projetos e embarcar em uma candidatura com limitações políticas e eleitorais de monta, essa é uma outra história.
Peguemos um exemplo: o ministro Tarso Genro, primeiro lugar nas pesquisas para governador do Rio Grande do Sul, vai abandonar uma disputa com chances de vitória para se aliar ao PMDB local, inimigo histórico do PT gaucho, e apoiar o ex-governador Germano Rigotto? Tarso não tem vocação para kamikase... Mas é nele que Lula mira quando faz o comentário.
Em 2008, aqui no RN, tivemos uma filme com enredo parecido. Para viabilizar o apoio dos partidos da chamada "base aliada" (do Presidente) à sua candidatura à Prefeitura da cidade do Natal, Fátima Bezerra impôs um estupro ao PT municipal: a aliança nas eleições proporcionais com o PMDB e PSB. O resultado: o eleitor, que não é besta, percebeu que votando em um candidato do PT poderia estar elegendo, sei lá!, Dikson Nasser... O resultado todos sabem: o PT perdeu os mandatos que tinha na Câmara Municipal de Natal. Claro, claro, que tudo pode ser justificado em nome dos "grandes projetos"...
A postura de Lula é a tradução da Síndrome de Fátima Bezerra: para ganhar, sacrifiquemo-nos os outros. Para o azar de Lula, nem todos os petistas são tão obedientes quantos os do RN.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Lula com a Síndrome de Fátima Bezerra
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3 comentários:
Prof,
somente uma ponderação: nem todos estão antenados nos mecanismos "democráticos" da eleição proporcional, então não acredito q a consequência da aliança foi a perda do nosso eleitor de vereador, quando este percebeu que fosse eleger um nasser da vida tenha trocado de partido... acredito que esta visão seja restrita a um corpo bem informado e conhecedor dos trâmites "democráticos", já o eleitor corriqueiro calcúla de modo mais simples e direto: nos vê ao lado do garibaldi e vilma trouxe ânsia de vômito p ele...
no mais, o resultado é o mesmo, e assino embaixo...
Gosto do Zina: "Topo, topo, por que não? Vamo cair pá dento!"
Edmilson não perde a oportunidade de continuar dando seu pitaco sobre o pt local.Aliás edmilson corre a boca grande que sua postura de professor decente só funciona até quando os prefeitos das prefeituras corruptas do DEMO o contratam a peso de ouro para suas consultorias.
Se existe uma síndrome com os sintomas mencionados ela não se chama Fátima Bezerra. Basta ter um pouco de informação para saber que a candidatura de Fátima em 2008 foi fruto de um acordo das lideranças do PT, que desprezaram as instâncias partidárias ao afirmar que o candidato que agregar a base seria o candidato do PT. Mineiro achava que tinha chance com o apoio de parte do PSB, depois reivindicou democracia interna. Se existe uma síndrome companheiro Edmilson, a síndrome se chama Síndrome da (des)Articulação.
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