Sentimos mais vergonha do que culpa nos dias de hoje, constata Anthony Giddens em um dos seus livros (não pergunte qual, eu não lembro). Preocupamo-nos mais com nossas performances públicas do que com a transgressão ou não de regras morais. Quer refletir um pouco sobre essa questão? Sim? Então, convido-lhe a ler trechos de um artigo de autoria do psicanalista argentino Pacho O´Donnel, publicado no Clarin. A tradução para o português é de responsabilidade do Ex-Blog do César Maia. Vale a pena conferir!
CUSTO DE PERDER A VERGONHA!
Pacho O´Donnel
1. Costuma ser devastadoramente comum,nos tempos em que vivemos, falhar esse decisivo preservador do funcionamento moral de uma sociedade: a vergonha. Será útil aqui resgatar o conceito de "vergonha", tal como formulada por Aristóteles em sua obra “Retórica” e também “Ética a Nicômaco”, que por vezes torna-se sinônimo de "pudor". O primeiro define a vergonha como "arrependimento ou embaraço relativo a vícios presentes, passados ou futuros, cuja presença acarreta uma perda de reputação". É o sentimento que se sofre como resultado de haver cometido um ato desonroso.
2. A obra “Ética a Nicômaco” a define como "medo do descrédito" sentimento anterior a consumação do ato reprovável que assim se constitui em um freio moral. Em ambos os casos, o fantasma da iminente perda de reputação, pelo realizado ou pelo pensado, perturba e provoca o medo do julgamento dos outros e da conseguinte rejeição social.
3. Para que isso aconteça é necessário ter um consenso coletivo concreto e definido sobre o que é bom e o que é ruim para a sociedade. Mas a sociedade em que vivemos está longe de incentivar ações virtuosas. Pelo contrário, o que prevalece é a inescrupulosidade, o pragmatismo, a ganância, o “ter” como substituto do “ser”.
4. Onde terá ido parar a vergonha daquele que desvia para seus bolsos, fundos públicos destinados a diminuir a pobreza de 30% de nossos semelhantes? E não é o único "sem vergonha". Infelizmente são muitos. Demasiados. No decorrer dos cem anos passados a vergonha socializada foi-se extinguindo. Somos uma sociedade que foi perdendo e minguando anticorpos contra a autodestruição. Entre eles o da vergonha.
Leia aqui o artigo completo (em espanhol).
Um comentário:
Que vergonha, hein?
Gosto de seus pontos. Exclamam, interrogam, "reticenciam", e dois pontuam". Espero que tão cedo não "pontue finalmente".
palavrinha verificada ( Gosto de aproveitar essas palavrinhas aleatórias que aperecem para finalizar meus comentários. E a palavrinha que aparceu aqui foi: "antop"
"Ponta"
Eis a frase para concluir:
"Não importa os pontos, pois seus textos são de "ponta". hehe
Abçs
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