Daniel Menezes, doutorando em Ciências Sociais na UFRN, não se deixa levar pela corrente, e elabora posições críticas, não raro provocativas, sobre temas consensuais para os chamados "formadores de opinião". No texto abaixo, em realidade um comentário a uma postagem aqui colocada, ele, como diria minha prima, de forma weberiana, tenta apreender o sentido das ações dos prefeitos "farristas". Vou colocar aqui a posição do Daniel, mas, assim que possível, retorno ao tema... para rebater.
Caro Edmilson,
penso que a denominação "farra" não é a mais adequada para enquadrar o contexto que permite a perpetuação das festas de forró nos municípios do RN.
O denuncismo, apesar de sedutor, não é a estratégia mais adequada para enfrentar o tema.
Isto porque, do modo como você postou a notícia, fica parecendo que a coisa se processa, simplesmente, por pura "safadeza" dos prefeitos.
Acho que há uma cultura mais profunda, para além da simples e fácil explicação da "vilania" dos gestores.
Primeiro, há um "mercado" extremamente competitivo entre as prefeituras no sentido de promover determinadas festas.
As prefeituras que não promovem os shows de forró são tidas como "atrasadas" e são comparadas com relação a outras de modo pejorativo.
Para a gente que mora na capital pode parecer estranho, mas isto forja necessidades objetivas.
A prefeitura de São José, se não me falhe a memória, gastou, certo tempo atrás, cerca de 100 mil reais com um show de Zezé de Camargo e Luciano...
Ela foi severamente criticada por tal atitude. Porém, o prefeito não recuou um centímetro, já que não se preocupava com o que saia no diário de natal ou na tribuna do norte, mas sim com o seu público interno e com o que pensava os cidadãos das cidades vizinhas, já que postulava a cadeira de dep. estadual.
Pode não parecer, mas esses prefeitos não são bobos. Eles sabem que, se tiverem de "farrear", não farão isto na frente de todo mundo.
Um abraço.
Daniel Menezes
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