quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Ah! , se o Arruda falasse...

Transcrevo abaixo alguns trechos da coluna de hoje do jornalista Élio Gaspari, do jornal Folha de São Paulo.

ELIO GASPARI

Ah, se meu panetone falasse...

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O governador de Brasília tornou-se um ativo tóxico para o DEM, capaz de contaminar o PSDB
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É SEMPRE a mesma história. Apanhado, o magano chantageia seus pares ameaçando contar o que sabe. O tempo passa, ele mede as consequências, sai de fininho, e restabelece-se a paz no andar de cima. (Se for o caso, o DEM, ex-Arena, ex-PDS, ex-PFL, muda de nome.) Em 2001, quando foi apanhado no episódio da violação do sigilo do painel eletrônico do Senado, José Roberto Arruda ameaçou contar o que sabia caso fosse deixado ao relento. À época ele era um quadro do PSDB e líder do governo de Fernando Henrique Cardoso no Senado. Arruda recebeu a visita de dois grão-tucanos, renunciou ao mandato de senador, escapou da cassação e foi cuidar da vida.
Ah, se o Arruda falasse... Em 2001 ele poderia ter contado como se formaram as maiorias parlamentares do tucanato. Algumas, como a da reforma da previdência, nasceram da troca de favores, outras, como a que permitiu a reeleição dos presidentes, governadores e prefeitos, precisaram de mais alavancagem. É verdade que Arruda nunca soube tanto quanto o ministro Sérgio Motta, mas soube bastante.
A crise dos pacotes de dinheiro nas meias de um deputado, na cueca de um dono de jornal e na bolsa de uma educadora transformou Arruda num ativo tóxico.
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Arruda sabe que as versões apresentadas por seus advogados e pelos seus colegas são pouco mais que um exercício de escárnio. Esse foi um estilo consagrado pelos petistas quando criaram a figura dos "recursos não contabilizados". Quatro anos depois do estouro do mensalão, os companheiros estão protegidos, alguns com mandato, outros com posições na direção partidária, todos com acesso a gestores de fundos capazes de se comover com uma história de abandono.
Arruda, com as meias e as cuecas de seus aliados, é uma conta que deve ir para o DEM, respingando nos seus tradicionais parceiros do tucanato. Não é justo falar em mensalão numa hora dessas, mas a sorte pregou uma peça ao novo presidente do PT, o comissário José Eduardo Dutra. No mesmo dia em que as bandalheiras de Brasília chegavam ao café da manhã da choldra, ele deu uma entrevista à repórter Vera Rosa e disse o seguinte: "Em toda eleição há o risco de você ter desvios, caixa dois. É inerente ao modelo".
(...)
Em 2001 Arruda tinha a rota de fuga da renúncia. Agora essa porta perdeu a funcionalidade, pois, se for posto para fora do DEM, ele não participa da próxima eleição. Se o Ministério Público e a Polícia Federal conseguirem a colaboração de mais um ou dois deputados distritais, os doutores (inclusive Arruda) terão motivos para temer a cadeia.

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