sábado, 27 de fevereiro de 2010

Crise no IUPERJ

Em 2003, o IUPERJ ofertou, com o apoio da CAPES, um "curso avançado de teoria social". Fiz parte da turma de alunos. Foi um dos melhores momentos de minha vida acadêmica. As aulas ministradas pelos professores da instituição realmente confirmavam todos aqueles bons comentários e análises a respeito da instituição. Foram trinta dias de aprendizado e convívio intelectual. Nós, os alunos, entusiasmavamo-nos: pôxa, então é possível... Dá para fazer uma universidade em um outro ritmo. As pesquisas e produção intelectual da instituição também confirmavam aquilo que os conceitos atribuídos pela CAPES aos seus cursos diziam: trata-se de um centro de excelência...

Agora, como vocês podem conferir abaixo, em notícias publicadas na FOLHA DE SÃO PAULO, a instituição enfrenta uma grave crise financeira, Acho que os governos federal e do Rio têm obrigação de garantir o funcionamento dessa instituição que orgulha o campo das ciências sociais brasileiras.


Iuperj enfrenta crise financeira e deixa de pagar professores
Solução estudada é permitir que instituto receba recursos da União; reitor nega risco de fechamento

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

O Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), centro de excelência no Brasil na área de ciência política e sociologia, passa pela mais grave crise de sua história e inicia o ano letivo sob o temor de parte dos estudantes e professores de não conseguir se manter até o fim do ano.

O motivo é a crise financeira pela qual passa a sua mantenedora, a Universidade Candido Mendes. Se forem considerados os pagamentos de 13º salário atrasados, os professores estão com seis vencimentos atrasados, o que agrava o receio de que, caso a situação persista, muitos optem pela demissão.

O reitor da universidade, Candido Mendes, nega que haja o risco de fechamento do instituto, e diz esperar já para março uma melhoria na arrecadação da universidade que lhe permitiria pagar os salários atrasados. Ele conta também com a possibilidade de um empréstimo do BNDES.
A direção do Iuperj e professores ouvidos pela Folha entendem, no entanto, que a única saída para o instituto é viabilizar sua transformação numa OS (Organização Social), figura jurídica que permitiria que o governo federal reserve recursos em seu orçamento para ajudar em sua manutenção.

Na quinta-feira passada, foi dado um importante passo nesse sentido: a direção do instituto e o reitor chegaram a um acordo para encaminhar o pedido ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
"Isso permitirá ao Iuperj receber recursos públicos para pagamento de salários e sua manutenção, mas o vínculo com a universidade seria mantido, como reconhecimento ao investimento que o reitor fez durante mais de 40 anos aqui", diz o diretor-executivo do Iuperj, Jairo Nicolau.

O Ministério da Ciência e Tecnologia confirmou, por meio do chefe de gabinete, Alexandre Navarro Garcia, que há interesse em transformar o Iuperj numa OS vinculada à pasta, algo que já acontece com outros institutos de pesquisa.

Navarro explica que um facilitador desse processo é o fato de o Iuperj não cobrar mensalidades dos alunos, além de ter reconhecida excelência acadêmica nas avaliações da Capes.
Enquanto a situação não é resolvida, no entanto, professores e alunos temem pela sobrevivência do instituto.
"Estou no Iuperj há 30 anos, e a crise é mesmo gravíssima. A iniciativa do professor Candido Mendes em criar uma pós-graduação em que os estudantes não pagam foi algo sem paralelo, mas este modelo não é mais viável. Se a transformação numa OS não acontecer, só nos restará escolher entre um fim silencioso ou um escandaloso", afirma o professor Luiz Werneck Vianna.
Fabiano Santos, professor do instituto e ex-diretor, diz que não há como negar que o Iuperj enfrenta uma crise "como nunca se viu", mas demonstra mais otimismo. "O contexto nunca foi tão profícuo para encaminhar uma solução institucional que atenda aos interesses do instituto, da universidade e do governo federal", diz Santos.

O atual diretor, Jairo Nicolau, diz que ainda não há decisão do conselho de interromper o processo seletivo, hipótese que vem sendo cogitada por alguns professores e alunos.


GRATUITO: LIGADO À UNIVERSIDADE PRIVADA, IUPERJ NÃO COBRA POR CURSOSO

O centro tem, por isso, perfil mais parecido com o de uma instituição pública. Parte dos alunos ainda recebe bolsas de agências de financiamento à pesquisa. Na última avaliação do Ministério da Educação, o mestrado e o doutorado em sociologia receberam o conceito sete, nota máxima da entidade e que indica excelência internacional. Segundo Candido Mendes, a universidade investe por mês mais de R$ 350 mil no instituto, principalmente no pagamento de salários .

Um comentário:

Renata Torres disse...

Fico extremamente triste com a crise do IUPERJ. Sou assistente social e pretendo tentar o mestrado no edital 2011 da instituição. Torço para que a instituição saia deste situação, até porque está mais do que comprovada sua excelência em cursos de pós graduação.