segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A desmoralização dos professores

Transcrevo, mais abaixo, coluna do jornalista Gilberto Dimenstein, publicada no site do UOL. Assino embaixo!

Desmoralizaram os professores
Gilberto Dimenstein

Apenas 2% dos estudantes do ensino médio querem ser professores --esse índice se aproxima de zero quando computados os alunos de maior aquisitivo, que estudam em escolas privadas. Esse fato mostra que a profissão de professor está em baixa, diria até desmoralizada.
Há dados ainda piores no relatório sobre a atratividade da carreira de professor que a Fundação Victor Civita encomendou à Fundação Carlos Chagas --o relatório pode ser lido no
www.catracalivre.com.br.
O pior dos dados: os futuros professores são recrutados entre os alunos com as piores notas, sendo que quase 90% são de escolas públicas. Portanto, o curso de licenciatura e pedagogia é, para muitos, a opção de quem não tem opção. O resto é apenas consequência.
Considero a profissão de professor a mais nobre que existe. Mais nobre, por exemplo, do que a medicina --afinal, sem professor ninguém chegaria a uma faculdade de medicina. Não é compatível, portanto, um projeto de nação civilizada com a categoria de professor desmoralizada
.

3 comentários:

Maxuel Araujo disse...

Amado Mestre.....

É lamentável que neste país a profissão de Professor não seja valorizada. Pois como dissestes é a mais sublime, uma vez que são os professores que ensinaram aos médicos, engenheiros, advogados, presidentes, governadores etc.

Exercer o magistério hoje é mais que vocação, gostar do que faz, é ser um herói, pois ao contrário que pensam, os professores são tão importantes, necessários e "perigosos" que as elites dominantes e governos temem esse poder e procuram fazer de tudo para desvalorizar a classe docente.

Mesmo assim, conseguimos sobreviver e ser herói diário que luta contra as "forças do mal".

Prof. Maxuel B. Araujo
Historiador Social

Alyson Thiago F. Freire disse...

Olá, Edmilson...

Tal desmoralização não é uma surpresa. Já há algumas longas décadas que a educação em nosso país não é um valor em si, nem para o Estado, nem para a sociedade. Também ela não é um meio para algum fim coletivo, um projeto de país, de sociedade democrática e progressista. Para uns, a educação é um meio para fins privados de status social e profissional, meio para garantir bons salários. Enfim, ela encarada como um obstáculo a ser superado para adquirir algum estilo de vida cobiçado, socialmente invejado e valorizado. Para o Estado, a educação é qualquer coisa por meio da qual se incrementa as estatísticas do país. É um meio para barganhas políticas. Quando muito, a educação é para alguns setores do Estado e do empresariado brasileiro algo no qual é preciso intervir, “modernizar”, para torná-la eficiente para fins que não são os da educação por si, mas sim, fins como lucros, mão-de-obra qualificada, etc. Eis aí o quadro cruel de nossos erros e vícios.

Que professor de ensino médio, hoje, é convidado como tal, por reconhecimento de sua função e valor, para discorrer sobre algo, para participar de algum programa, debate cultural, político, enfim, ser ouvido? Esses lugares são ocupados por especialistas e/ou professores universitários especialistas. Resta aos professores escolares tentar, ao menos, um lugar no Big Brother.

Mesmo com um contingente maior de professores formados a cada ano, ainda assim, o número de professores nas escolas é deficitário. Não existe, pelo salário ridículo – a média da hora-aula gira em torno de oito reais! -, pelas vexatórias condições de trabalho, pelo parco reconhecimento, pela carga horária abusiva, qualquer motivação para ingressar na escola.

Os investimentos do governo Lula, sob a batuta do Haddad, no campo da educação foram incrivelmente desconexos, pulverizados, pouco planejados, e, em quase nada, transformou a situação dos professores. O máximo que o governo fez pelos professores foi facilitar a aquisição de diplomas cujo testemunho de competência e vocação é muito pouco confiável. Uma vez em mãos, os diplomas serão utilizados por aqueles como um bilhete de ingresso para conseguir um “bico” temporário dando aulas enquanto esperam aparecer alguma coisa melhor; num cargo burocrático nas fileiras do Estado, via concurso público de preferência.

Diego Fernandes disse...

O que dizer sobre a situação do docente quando vemos que uma prostituta (seja de luxo ou de esquina) consegue ganhar mais em uma hora do que os professores? Imagine se não repudiássemos a prostituição...