Comento, com atraso, a presença do Presidente Lula no Programa de TV da candidata do PT, Dilma Roussef. Dizer que não gostei é pouco, não é? Não se trata também de uma questão estética, mas política e ética. O discurso não foi construtivo. E, mais do que isso, pode ter provocado mais estragos do que ajuda à candidata petista.
Por quê? Porque o Lula, com o discurso maniqueísta e intolerante que proferiu, distanciou-se do lugar de estadista e acima das disputas mesquinhas, que, verdade ou não, conseguiu passar nos últimos anos. Muitos criticam o viés populista do discurso. Também o deploro. Mas esse é um equívoco menor diante do tom agressivo e desrespeitoso em relação ao “outro”, aquele que discorda e o combate através de discursos (e, lembremo-nos, não através de recursos toscos e ilegais).
Uma intervenção ruim para a política brasileira e, talvez, desastrosa para a campanha da Dilma. A imagem de alguém que é tutelada e precisa de terceiros para se defender ganhou um referente muito concreto.
Em verdade, talvez guiado pelo objetivo de impedir qualquer marola que leve a disputa para o segundo turno, Lula terminou por criar elementos que justificam um questionamento dos setores mais críticos em relação ao PT e ao populismo. Na sua fala, percebemos com decepção, ele não está tão distante daquela cultura petista com qual, de vez em quando, defrontamo-nos em nossos espaços e se traduz geralmente na incapacidade de interlocução substantiva com os que pensam diferente e na desqualificação não do argumento adversário, mas, sim, do próprio adversário.
Resumo da ópera: uma intervenção ruim para o processo eleitoral e danosa para a qualificação do debate político entre nós.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário