sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Entrevista com Pedro Demo




Leia abaixo trechos de uma entrevista concedida pelo Professor Pedro Demo à revista Desafios do Desenvolvimento, do IPEA.

Desafios - Ao observar a história econômica brasileira, percebemos a aplicação de alguns grandes modelos de desenvolvimento durante determinados períodos de tempo, da substituição de importações e industrialização após a crise de 1929 à abertura de mercados e privatizações da década de 1990. Estamos, nos últimos anos, diante de um novo modelo de desenvolvimento econômico?

Pedro Demo - Vivemos hoje um período com novidades bastante interessantes. Lula e o PT mudaram bastante, mas para mim não deixa de ser uma grande surpresa o governo Lula ameaçado de ser considerado o melhor governo republicano da história do País. Tudo bem, ainda que tenhamos que reconhecer que o êxito dele seja pela direita, e não pela esquerda, e isso seja algo muito interessante que acho que vai dar muita tese de mestrado e doutorado. As idéias que colocaram uma sedimentação forte nessa proposta envolvem, primordialmente, um certo alinhamento da economia com o mercado, com a estabilidade, com o combate à inflação. A própria presença do [presidente Henrique] Meirelles no Banco Central também chama muita atenção. Foi um grande golpe de mestre do presidente Lula não chegar tentando destruir tudo que estava por ai. Pela esquerda, ele tem um êxito relativo, mas também um êxito importante, a idéia de melhorar a distribuição de renda, que é o Bolsa-Família. Ainda que isso não satisfaça, na minha opinião, as necessidades sociais do País. Mas o Bolsa-Família é fundamental, porque atende um monte de famílias. É um grande programa, no sentido de que tem uma grande cobertura, muito diferente de programas anteriores do Fernando Henrique, então ajuda muitas pessoas. Agora isso acaba apenas aliviando a pobreza absoluta. Não se toca na pobreza relativa, porque a concentração de renda continua, também porque é difícil combater isso de maneira mais sistematizada. É um traço histórico de nosso País, infelizmente. Mas eu não poderia negar que houve muita coisa interessante, muito surpreendente, principalmente essa questão do equilíbrio de uma guinada à direita que deu certo e de uma certa presença da esquerda que enfatiza mais, em algumas políticas, as pessoas de baixa renda. Como, por exemplo, é inegável essa abertura de crédito ao pobre. Muita gente comprou carro, nunca se viu tanto carro na rua, gente andando de avião. Então isso realmente deu um certo ar de que nós estamos nos civilizando com um capitalismo menos perverso. Mas não resolvemos os problemas de fundo, que são os problemas de concentração de renda. E hoje, com essa crise toda, já não se fala mais nem em crescimento econômico como se falava.

Desafios - E desenvolvimento envolve um conceito bem mais amplo.

Demo - Claro, em desenvolvimento, temos ai uma tradição grande de pensamento nessa área aqui no Brasil, figuras que tentaram, de certa maneira, trazer mais para frente outras questões, como a cidadania, a possibilidade de redistribuir renda, e não somente distribuir. Quer dizer, nós fazemos apenas a distribuição, que é sempre marginal. O próprio Bolsa-Família, se você olhar no orçamento, consome uma parcela muito pequena. Temos que pensar em algo que fosse redistribuição, e não só distribuição. Mas, mesmo assim, acho que fazer uma boa assistência, efetiva, ampla, para as pessoas que precisam comer é uma coisa muito importante, e esse governo conseguiu isso.

Desafios - O sucesso do governo estaria, então, em conseguir atingir um equilíbrio relativo entre esses dois lados?

Demo - Mas o êxito maior veio da direita, pois as bases da política econômica permaneceram, uma coisa muito surpreendente. O Lula se desvinculou muito do PT. Ele é um petista que assume posturas próprias diferenciadas. Depois dele, no PT não tem mais ninguém para concorrer à presidência. Quer dizer, é uma figura que, realmente, para quem gosta de estudar lideranças, carismas, o Lula trouxe ai um material que acho que vale uma tese de doutorado na academia. (...)

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Sobre o envelhecimento populacional

Leia abaixo trechos de um texto sobre o envelhecimento populacional brasileiro publicado na ótima revista Desafios do Desenvolvimento, publicação do IPEA.

Um país de cabeça branca

Por Gilson Luiz Euzébio, de Brasília

Uma boa notícia: a população brasileira está vivendo cada vez mais. A expectativa de vida dos brasileiros aumentou de 67 anos para 72,5 anos entre 1991 e 2007, e deve chegar a 74,8 anos em 2015, de acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O rápido processo de envelhecimento da população, devido à associação de maior expectativa de vida e queda na taxa de natalidade, está mudando a cara do Brasil, que, em poucas décadas, deixará de ser um país de jovens para se tornar um país de idosos.

O fenômeno impõe o grande desafio de se preparar para uma nova realidade, que exigirá mudanças amplas em toda sociedade. Programas públicos, transportes coletivos, oferta de bens e serviços terão que se adequar ao novo perfil da clientela. A transformação, ocorrida antes em países europeus, terá impacto significativo na economia e, principalmente, nas finanças públicas. Afinal, haverá um número crescente de pessoas recebendo benefícios e demandando serviços, e redução da quantidade de trabalhadores na ativa. (...)

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GREVE NACIONAL DOS PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO

Leio e transcrevo abaixo notícia divulgado no site da Radiobrás sobre uma greve nacional dos professores do ensino médio. O movimento é em defesa do piso nacional, que alguns governadores estão tentando derrubar. Os professores das universidades deveriam parar em solidariedade.



Professores podem entrar em greve nacional por pagamento de piso




A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) está organizando com os professores de todo o Brasil, uma greve nacional para que o novo piso nacional dos professores seja realmente implantado. Segundo o presidente da entidade, Roberto Franklin Leão, a paralisação pode ocorrer entre abril e maio deste ano. O piso foi aprovado pelo Congresso Nacional e já deveria estar em vigor deste o dia primeiro de janeiro deste ano. Os professores de todo o país deveriam receber o mínimo de R$ 950.

O pagamento do piso está sendo ignorado pela maioria dos municípios e estados e encontra maior resistência principalmente em Rondônia, Rio Grande do Sul, Tocantins e Goiás. Roberto Franklin afirma que os estados resistem alegando que o piso acarretaria um custo adicional nos orçamentos.

“A lei foi discutida amplamente pelo Congresso Nacional, foi aprovada pelas duas casas, e por todos os partidos. Então não há nada de inconstitucional ou agressão a pacto federativo. E todos os estudos provam que é possível os estados e municípios pagarem o valor do piso, inclusive com a jornada ali proposta que é de 40 horas/aula por semana.”

O piso nacional é uma reivindicação histórica da CNTE, que o considera um instrumento de valorização profissional e de correção de distorções salariais entre os educadores de todo o país.


De São Paulo, da Radioagência NP, Juliano Domingues.

27/02/09

Uma canção para um final de tarde

Sexta-feira, depois de um carnaval todo em casa enfrentando faringite, sinousite e chuvas. Agora, já que não terei nenhuma cerveja mais tarde (a garganta não deixa...), aproveito para escutar uma boa música. Trata-se de uma canção de Serge Gainsbourg. Como não sou muito egoísta, divido-a com você. Assista o vídeo abaixo e relaxe também!

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Leitura de carnaval 2




Ontem, ainda de molho em casa, tentando me recuperar de problemas no aparelho respiratório, resolvi ler "O último voo do flamingo" (o título é assim mesmo, dado que a edição brasileira preserva a ortografia do português de Moçambique, país de origem do autor, Mia Couto, cenário sobre o qual se desenrola o romance). Foi uma experiência! Falta-me competência para uma análise mais aprofundada do livro, mas, posso lhes dizer, senti-me de volta ao início dos anos oitenta, quando entrei em contato com a obra de Gabriel Garcia Marquez. Sim, é possível traçar um certo paralelo. Os dois autores, com genialidade, recorrem ao realismo fantástico para narrar um universo social marcado por aterradoras forças, dentre elas a fome, a miséria e a guerra. No caso de Mia Couto, somemos uma crítica acerba à corrupção dos ideias emancipatórios que levaram, em meados da década de 1970, à independência (de Portugal) de Moçambique e a ascensão da então socialista FRELIMO, comandada pelo legendário Samora Machel.




Três décadas depois, e dilacerado por uma guerra civil tão devastadora quanto àquela que atingiu Angola, Moçambique tenta se reconstruir enquanto país. A obra de Mia Couto contribui para isso. Mostra os descaminhos dos que se anunciavam portadores do novo. Aponta também para o labirinto que é o percurso da modernidade entre nós, latinos e africanos.

Bueno, mas não falei da obra. Nem vou falar, pá! Leia o livro e descubra você mesmo o enredo. Você não vai conseguir abandoná-lo enquanto não terminar.

Em tempo: o livro está sendo adaptado para o cinema e o filme terá como um dos produtores o brasileiro Walter Salles Jr.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Leitura de carnaval



De molho, em casa, e longe do carnaval, tentando enfrentar uma faringite demolidora e uma sinusite atroz, aproveito para ler por prazer. Sim, por prazer. Quem é professor sabe bem do que eu estou falando. A gente leva um bom tempo lendo sem prazer: trabalhos de segunda categoria, plágios descarados, dissertações feitas com preguiça e documentos burocráticos carregados de nulidades... Mas, de vez em quando, a vida nos “brinda” situações como essa. Então, ficamos livres para ler, com liberdade e sem culpa, obras que não estão integradas – infelizmente! – às nossas “obrigações”.

Tudo isso para dizer que, em menos de dois dias, devorei um excepcional livro do escritor português Mário de Carvalho. A edição brasileira mantém, até no título, a forma de escrita original (no português de Portugal, como dizem os meus alunos). Ler alguém que escreve – talvez fosse mais correto escrever “brinca e manipula” – o português é um prazer redobrado. O título é singular: “Era bom que trocássemos umas idéias sobre o assunto”. O “idéias” é sem assento, forma como se escreve em Portugal, mas o meu computador ainda não incorporou o novo acordo ortográfico.

Mas de que trata o livro? Da trajetória de um cinqüentão, burocrata fracassado de uma obscura fundação, que, após aquele inevitável balanço existencial que fazem todos os que chegam ao meio século de existência, dá-se conta do seu acúmulo de fracassos e da sua nulidade. Derrotado no trabalho, onde vai ser rebaixado a simples bibliotecário, e na frente doméstica, onde tem de encarar o fato de o seu único filho estar preso por envolvimento com o tráfico de drogas, Joel Strosse, o impagável anti-herói, toma uma decisão: vai entrar para o PCP, o partido comunista português. Para tanto, busca a ajuda de um militante, meio desiludido, que fora seu colega de faculdade antes da Revolução dos Cravos (1975). A forma como Mário de Carvalho narra o encontro dos dois cinqüentões é magistral.

À primeira vista, o livro pareceria uma narrativa sobre o universo social e político português das últimas décadas. Isso é verdade apenas parcialmente. Trata-se, de fato, de uma estória universal sobre as expectativas, sonhos e desilusões de homens e mulheres que sonharam em mudar o mundo no último quarto de século.

Ironia, humor corrosivo e uma escrita que brilha com luz própria. Isso e muito mais, com certeza, você vai encontrar em “Era bom que trocássemos umas idéias sobre o assunto”. Ah, no Brasil, o livro foi publicado pela Companhia das Letras.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

La teta assustada

Cláudia Llosa, como o sobrenome anuncia, é uma parente (sobrinha) do escritor Vargas Llosa. E, como este, parece tocada pelos deuses da criatividade ao narrar os dramas sociais do nosso continente. Ela é diretora de "La teta assustada", filme peruano que arrebatou o Urso de Ouro no Festival de Berlim.

Segundo filme da jovem diretora (tem apenas 33 anos!) - o outro foi o espetacular "Medeinusa" -, "La teta assustada" tem como pano de fundo os tenebrosos anos de chumbo da guerra entre o Estado peruano e o grupo maoísta Sendero Luminoso. A narrativa é tecida a partir da estória de uma jovem que procura superar o trauma dos abusos sofridos por sua mãe.


Cláudia Llosa

Assista abaixo o thriller do filme.




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Afro-americado, acusado sem provas, está para ser executado nos EUA

Troy Davis, um afro-americano de 42 anos, está para ser executado nesses dias no estado da Geórgia, nos EUA. Pesa contra ele a acusação de ter assassinado, em 1989, um policial branco na cidade de Savanah. Ele nega veementemente a autoria do crime. Foi condenado em um tribunal no qual provas materiais não foram apresentadas. A condenação foi baseada nos depoimentos de testemunhas que, disseram depois, foram coagidas pela polícia local. Há, nesse momento, uma intensa campanha nos EUA pela suspensão dessa execução. Postei , aí abaixo, um vídeo com a campanha em defesa de Troy Davis. Assista-o e reflita sobre o significado da pena de morte.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Cadu comenta entrevista do Senador Jarbas Vasconcelos

O comentário abaixo foi enviado por Carlos Eduardo Freitas, o Cadú, que mantém o blog Tesoura Social. Cadú é um cara inteligente e sensível. É também um estudioso dedicado do campo da sociologia.



É muito interessante como estratos da classe média brasileira atualizam constantemente um discurso negativo (naturalizado) acerca de políticas assistenciais desenvolvidas pelo Estado. Sempre operando com o sofisma de que "é mais importante ensinar a pescar do que dar o peixe" - sem levar em consideração as condições estruturais de reprodução da miséria social. Como bem demonstrou Richad Sennett, essa visão negativa de que toda ou qualquer forma de assistência estatal gera parasitismo social, tem origem no séc. XIX no pensamento liberal (Locke, Kant e Adam Smith). Para esses homens, a dependência social era sinônimo de degradação humana ou traço de infantilidade. Assim, o Estado, ao intervir na vida social, promovia a preguiça intelectual e impedia o livre desenvolvimento das capacidades humanas, esse, só possível num ambiente de livre disputa social. Ao deixar os indivíduos jogados a própria sorte, aqueles assumiriam a responsabilidade própria sobre suas vidas, o que representaria um amadurecimento civilizatório. Também interessante é observar setores da esquerda compartilhar com a visão negativa do Estado-assistencial, o tachando como "populista" (categoria auto-explicativa, ou senso comum-douto). Para os marxistas tradicionais, ao promover políticas "assistencialistas", o Estado desmantelaria qualquer possibilidade de "tomada de consciência" das classes trabalhadoras. Assim, tanto para os liberais quanto para os marxistas apocalípticos, é necessário um choque de capitalismo na medida, pois que representa etapa "natural" do desenvolvimento das forças produtivas. É "destruição criativa" shumpteriana reinando nos discursos de hoje (à direita e à esquerda).

Abraços,Cadú.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Alon dá a resposta ao Senador Jarbas Vasconcelos

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), na revista Veja desta semana, desanca, com um baboso etnocentrismo de classe média , o Program Bolsa Família. Diz tudo aquilo que a gente ouve nos convescotes da clásse média dita ilustrada. O Alon Feuerwecker, com a competência de sempre, produziu uma boa resposta às besteiras do senador pernambucano. Confira abaixo!

O tantinho e o tantão (16/02)

No Brasil, dinheiro público dado ao rico significa modernidade. Quando é dado para o pobre, representa atraso e clientelismoNa entrevista que deu à edição desta semana da revista Veja, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), além de acusar o seu próprio partido de corrupto, disse que o Bolsa Família "é o maior programa oficial de compra de votos do mundo". Eu acho que entendi o que o senador quis dizer. Que a pessoa que recebe o Bolsa Família fica tão grata ao governo que se dispõe a votar em candidatos apoiados pelo governo.Não vejo muita novidade nisso. Em geral é assim. Se o governo faz algo de bom para você, é natural que você fique mais propenso a votar na situação do que na oposição. Não sei se o Bolsa Família é —como diz o ex-governador de Pernambuco— "o maior" programa planetário de "compra de votos". Mas ele sem dúvida tem sido eficaz para trazer à administração federal e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoio político entre os mais pobres.Por que o Bolsa Família é politicamente eficiente? Porque dá a um tantão de gente que não tem quase nada um tantinho de alegria para cada um. Há outras maneiras conhecidas de o governo proporcionar felicidade. Em certas privatizações, por exemplo, a turma que arremata ativos estatais a preço de banana fica tão agradecida ao governante que se dispõe a apoiá-lo politicamente. É do jogo.A desvantagem eleitoral das privatizações localiza-se num aspecto muito particular. É que, amiúde, o tantão de alegria que elas proporcionam só beneficia um tantinho de gente. É diferente do Bolsa Família. O multiplicador eleitoral é mais modesto, dado o pequeno contingente de felizardos. Pois, infelizmente, muitas vezes o que sobra para o cidadão comum é a conta a pagar. O Brasil tem um dos serviços de telefonia celular mais caros do mundo. Para não falar na energia elétrica.Voltando ao Bolsa Família, eu sempre me espanto com a virulência dos ataques ao programa, que do ângulo orçamentário é até relativamente modesto. Eu não vejo a gritaria contra o Bolsa Família reproduzir-se, por exemplo, quando o agronegócio vem a Brasília exigir o perdão das dívidas que fez no Banco do Brasil. Ou quando empresários tomam os palácios da capital a impor que o governo abra mão de impostos. No Brasil, dinheiro público dado ao rico significa modernidade. Quando é dado para o pobre, representa atraso e clientelismo.Em relação ao Bolsa Família eu sou radical. Sigo a cartilha do senador Eduardo Suplicy (PT-SP). O programa deveria ser expandido a toda a população, na forma de um imposto de renda negativo. Todo mundo teria direito a uma renda mínima, capaz de evitar o mergulho na pobreza extrema. Para o meu gosto, o governo Lula é até tímido nessa área. Ele costuma ficar refém do discurso das "condicionalidades". Como se a mãe de família pobre precisasse ser coagida para mandar os filhos à escola. Ninguém é idiota por ser pobre.Lembro bem da gritaria que houve na Constituinte quando se implantou a aposentadoria rural universal, independente de contribuição. Diziam que o país não suportaria. Pois bem, hoje a aposentadoria rural, somada ao Bolsa Família, é um poderoso instrumento para movimentar a economia dos pequenos municípios. Num Brasil em que a reforma agrária dorme na gaveta, o repasse de recursos públicos às populações mais pobres do interior ajuda também a evitar um afluxo ainda maior de gente para as regiões metropolitanas.A oposição já perdeu uma eleição presidencial por não saber defender suas privatizações junto ao eleitor. Agora, a julgar pelo discurso articulado do senador pernambucano, arrisca-se a naufragar diante da acusação de que, se vencer em 2010, vai acabar com o Bolsa Família. A oposição nunca soube mesmo lidar com as políticas sociais de Lula. Azar dela.Para quem precisa desesperadamente conquistar votos entre os mais pobres e no Nordeste, a oposição está começando a campanha eleitoral com o pé direito. Isso foi uma ironia. Ou, se quiserem, um trocadilho.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Estômago: o melhor filme brasileiro de 2008

Não, não vou comentar o filme "Estômago". Bem que ele vale uma boa análise. Mas não estou com tempo prá isso. Tenho tempo apenas para te dizer: se ainda não o assistiu, corra à locadora mais próxima e o alugue. É um dos melhores filmes produzidos no Brasil nos últimos anos. A direção, competente, é de Marcos Jorge. O ator principal é o cada vez melhor João Miguel (você já deve tê-lo visto em Cinema, Aspirinas e Urubus. Assista o thriller do filme aqui. Confira!

Entrevista concedida por Dilma Rousseff a Alon Feuerwerker

O jornalista Alon Feuerwerker pilota um programa de entrevistas na CNT. Agora, para a alegria de todos nós que acompanhos as suas análises no blog e no jornal, podemos assistir aos vídeos dos seus programas. Acesso o blog dele e veja uma ótima entrevista com a ministra Dilma. Clique aqui.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Texto da cientista política Maria Tereza Sadek

Transcrevo abaixo artigo, publicado hoje no jornal O Estado de São Paulo, de autoria da cientista política Maria Tereza Sadek. Vale a pena conferir!



Inovar para julgar mais rápido e melhor
Maria Tereza Sadek


Pilhas de papel, ineficiência e lentidão são traços indissociáveis da imagem da Justiça. O retrato leva ao desalento por sua longevidade e pelo prenúncio de desastres iminentes, capazes de afetar a própria convivência democrática, para não dizer civilizada.

A duração razoável do processo é um valor incorporado em documentos legais nacionais e internacionais. Seus parâmetros não são os mesmos do espaço de tempo que orienta o imaginário popular sobre a Justiça. O tempo da Justiça é, e tem sólidos motivos para ser, diferenciado. Não pode ser o tempo da notícia nem do desejo de vingança. É um tempo aceitável, delimitado pelo respeito às exigências do devido processo legal. Não é, pois, o tempo que se espicha indefinidamente. Não é o tempo que favorece a impunidade, propicia o desrespeito à lei, beneficia o devedor, o malfeitor. Em poucas palavras, o tempo da Justiça não pode ser o tempo da não-justiça.

A situação da Justiça brasileira é dramática. Seus tempos superam os limites da razoabilidade. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 60% dos casos não são analisados no ano em que são protocolados. A movimentação processual é extraordinária. O volume de processos em todos os ramos e instâncias é notável, assinalando altos índices de litigiosidade. As taxas de congestionamento são significativas, apesar do expressivo número de decisões, indicando que a Justiça não tem conseguido responder às demandas da sociedade.

Esse descompasso entre a procura e a oferta tem potencial desagregador do tecido social, mas pode provocar também a decretação de falência da própria Justiça estatal.

Diagnósticos têm sido elaborados. Embora os registros não sejam completos nem inteiramente consistentes, apresentam condições para superar o "achismo" - anteriormente, a única base de diagnósticos. Sabe-se hoje, com apoio em dados, onde estão os gargalos, quais os principais litigantes, quais as matérias e, mais importante, os efeitos de alterações introduzidas no sistema processual e na estrutura do Judiciário.

Ademais, tão importante quanto a possibilidade e o empenho na elaboração de diagnósticos é o fato de que tem crescido o número de operadores de Direito críticos da presente situação. O vocábulo "crise" se associou de tal forma à Justiça que propostas de mudança ganharam viabilidade. A mais relevante foi a Emenda Constitucional (EC) 45, de dezembro de 2004.

A reforma do Judiciário (e das demais instituições de Justiça) propiciou mudanças importantes e ensejou a utilização de instrumentos com capacidade de alterar o status quo na estrutura do Poder Judiciário, no tempo e na qualidade da prestação jurisdicional. Os institutos da súmula vinculante, da repercussão geral, dos recursos repetitivos e da transcendência permitem que tribunais tenham maior controle da pauta de julgamentos e acentuem seu papel de Cortes voltadas para questões de interesse geral, retraindo, assim, sua atuação como mais uma instância recursal para litígios individuais, repetitivos e de pouca expressão coletiva.

A dimensão superlativa do problema impõe soluções que transcendam o voluntarismo e a insistência em expedientes já testados que se mostraram de baixa eficiência. É sabido que "o mais do mesmo" é só um paliativo que não impediria que o problema voltasse a tomar, a médio e a longo prazos, senão a mesma dimensão, uma ainda maior.

A EC 45 abriu espaço para a efetivação de alterações de natureza institucional no Judiciário. Qualificam-se nessa dimensão a súmula vinculante, o sistema de repercussão geral, a Lei dos Recursos Repetitivos e o critério de transcendência. Esses expedientes começaram a ser utilizados e já provocaram alterações significativas no perfil das Cortes, no volume de processos e na qualidade das sentenças.

Com efeito, o Supremo Tribunal Federal teve sua pauta significativamente reduzida (em 40%) com a implantação da repercussão geral. Tão importante quanto a diminuição no número de processos e o decorrente incremento na celeridade é o fato de o Tribunal ter adquirido condições de definir sua agenda e fortalecer seu papel de Corte constitucional.

Na abertura do ano judiciário de 2009, o ministro Gilmar Mendes enfatizou a importância da inovação: "O desate do nó górdio que aprisionava a Corte na esdrúxula tarefa de apreciar recursos inviáveis ou improcedentes importou não só maior qualidade nas decisões proferidas, como também mais dinamismo e aproximação da sociedade, com evidente ganho nas relações de cidadania e do fortalecimento do Estado Democrático de Direito".

No Superior Tribunal de Justiça, a Lei dos Recursos Repetitivos propiciou redução de 16,4% no número de recursos especiais recebidos pelo tribunal entre 2006 e 2007. Segundo dados do balanço de 2008, o volume de recursos especiais recebidos e distribuídos começou a cair a partir do mês de setembro, quando a lei passou a ser efetivamente aplicada. Neste período de 4 meses a redução foi de 38% em relação a 2007.

Entre as Cortes superiores, o Tribunal Superior do Trabalho tem-se mostrado mais resistente às inovações. O aumento de produtividade de 45%, anunciado no final do ano, acaba mascarando a realidade de que houve um acréscimo de demanda recursal - na ordem de 13%, de 2007 para 2008, com tendência a crescer - e que medidas paliativas para aumento de produção não resolverão o problema decorrente do modelo vigente.

É certo que as inovações da EC 45 estão longe de ter atingido todos os efeitos contidos em seu potencial transformador. Mas pode-se sustentar que se iniciou um processo cujo desenrolar definirá com maior clareza o perfil das Cortes superiores e levará à valorização das decisões de primeiro e segundo graus. Mais importante: contribuirão para combater a morosidade e melhorar a imagem da Justiça.


Maria Tereza Sadek, cientista política, professora do Departamento de Ciência Política da USP, é pesquisadora sênior do Centro Brasileiro de Estudos e Pesquisas Judiciais.

Palestra de Antônio Negri

Abaixo, um link para que você possa acessar, no you tube, uma palestra do Professor Antônio Negri (com tradução simultânea para o português). O título da palestra Império, Multidão e a Constituição do Comum.

Assita aqui a palestra.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O blog de Michel Wieviorka

Michel Wieviorka, cientista social francês que tem se dedicado à pesquisa sobre fenômenos como a violência e o terrorismo, mantém um ótimo blog (em francês). Acesse-o aqui.

Um blog com dados sobre a economia do RN


Atenção estudantes, professores e pesquisadores do RN: Ademir Freire, pesquisador do IBGE e responsável pela PNAD no nosso estado, mantém um ótimo blog com dados estatísticos e informações qualificadas sobre a economia potiguar. Acesse aqui o blog.

Cara pintada...na França



Uma cara pintada francesa. É greve de estudantes e professores universitários contra reforma que, suspeitam eles, significará perda de qualidade do ensino na França.

A doutrina do choque

No vídeo colocado abaixo você poderá assistir a um dos curtas participantes do Festival de Cinema de Berlim. Intitulado "A doutrina do choque", o filme é baseado no livro de Naomi Klein (postei um texto de sua autoria aqui, há alguns dias). A direção é do sempre talentoso e polêmico diretor Michael Winterbotton. Trata-se de um ótimo material para a utilização em sala de aula. As legendas estão em espanhol.

Barbárie: a morte aos infiéis



No Iran, país que financia grupos como Hizbollah e que é tratado por certos setores ditos de esquerda como um "parceiro na luta anti-imperialista" (Hugo Chavez e cia), as mulheres tidas como adúlteras (basta a acusação do marido ou de algum parente para que elas sejam tipificadas enquanto tais) são tratadas como criminosas de alta periculosidade. E são apedrejadas. Em dezembro último, duas mulheres foram mortas assim. E outras dez estão na fila para serem mortas dessa forma bárbara. A foro acima é de uma dessas condenadas.

Musil e a verdade

A verdade, essa só tem um traje, um só caminho, por isso fica sempre de pior partido.

Podemos responder quem somos? Com sinceridade?

Leia, abaixo, uma possível resposta extraída do fenomenal O Homem Sem Qualidades, de Robert Musil.

"No fundo, poucos existem que ainda saibam, no meio da sua vida, a forma como puderam chegar a ser aquilo que hoje são, às suas distracções, à sua concepção do mundo, à sua mulher, ao seu carácter, à sua profissão e aos seus êxitos; mas pressentem que pouco ou nada podem alterar isso. É até legítimo afirmar-se que eles foram enganados, pois nunca conseguimos descobrir uma razão suficiente para que as coisas se tenham tomado aquilo que são; teria sido perfeitamente possível encaminharem-se de outra forma; os acontecimentos só raras vezes foram a emanação dos homens, eles dependeram quase sempre de todas as espécies de circunstâncias, da disposição, da vida e da morte de outros homens, e apenas lhes caíram em cima em determinado instante. Durante a juventude, a vida deparava-se-lhes ainda como uma manhã inesgotável, repleta de possibilidades e de vazio, mas eis que ao meio-dia já algo surge diante de mós, algo que tem o direito de ser, a partir daí, a nossa vida, e causa também muita surpresa que no dia em que um homem está de súbito ali sentado, com quem nos correspondemos durante vinte anos sem o compreendermos nos surja tão diferente daquilo que imaginamos. Mas ainda o mais estranho é que a maioria dos homens não se aperceba disso; adotam o homem que se aproximou deles, cuja vida se aclimatou nele, os acontecimentos da sua vida afiguram-se-lhes a partir daí expressão das suas qualidades, o seu destino é o seu mérito ou a sua pouca sorte. Sucedeu-lhes o mesmo que às moscas com a fita mata-moscas: algo se colou a eles, apanhando aqui um pêlo, entravando-lhes além os movimentos, qualquer coisa os manietou, até que ficaram sepultados sob uma espessa cobertura que só muito remotamente corresponde à sua forma primitiva. A partir daí só muito obscuramente é que pensam nessa juventude em que neles existia uma força de resistência: essa outra força que sacode e sopra, que nunca está quieta e desperta uma avalancha de tentativas de fuga sem qualquer espécie de objectivos; o espírito trocista da juventude, o seu repúdio da ordem estabelecida, a sua disponibilidade perante qualquer espécie de heroísmo, tanto para o sacrifício como para o crime, a sua ardente gravidade e a sua inconstância, tudo isso não passa de tentativas de fuga."

Amazona Ferida

O post abaixo é uma transcrição de texto e imagem do sempre ótimo blog argentino antilógicas.




Refinada y algo decadente, de sensibilidad mórbida, la sensualidad de la figura, se confunde con agonías y éxtasis.Franz von Stuck (1863 - 1928) fue un pintor, escultor y arquitecto alemán que cultivó el simbolismo y el art nouveau.Desde muy chico mostró habilidad en el dibujo. Para comenzar su educación artística fue a Munich en 1878. Desde 1881 a 1885 asistió a la Academia de Munich. En 1889 exhibió su pintura “El guardián del paraíso” en el Palacio de Cristal de Munich, ganando una medalla de oro por ella. Pronto tuvo éxito tanto con la crítica como con el público con la que se considera ahora su obra más famosa: “El pecado”. También en 1893, Stuck fue premiado con una medalla de oro por pintar en la Feria Mundial de Chicago. En 1895 comenzó a enseñar en la Academia de Munich. En 1897, Stuck se casó con una norteamericana y comenzó el diseño de su propia residencia y estudio, La Villa Stuck. Sus diseños para la villa incluyeron todo, desde los planos hasta las decoraciones interiores. Por los muebles que diseñó para la villa, recibió otra medalla de oro en la Feria Mundial de Paris del 1900.La fama y los honores le acompañaron siempre. Aún cuando las nuevas tendencias del arte dejaron a Stuck detrás, siguió siendo altamente respetado entre los artistas jóvenes por su capacidad como profesor en La Academia de Munich. A lo largo de los años enseñó a estudiantes destacados, tales como Paul Klee y Wassily Kandinsky.Stuck se basaba primordialmente en la mitología, inspirado en los trabajos de Arnold Böcklin. Figuras grandes y pesadas dominan la mayoría de sus trabajos y señalan su proclividad por la escultura. La carga seductora de sus desnudos femeninos son ejemplo de Simbolismo de contenido popular.

A Universidade que cansa

Há uma vida universitária que vale a pena ser vivida. Aulas, discussões, debates, pesquisas, produções e disputas de opinião e valores. Mas essa vida, oh!, como é rara! No geral, no cotidiano, predomina o disse-me-disse, a fofoca e parvoíce. E como isso cansa. E os departamentos acadêmicos, especialmente as suas reuniões, transformaram-se em expressões do distanciamento em relação aos grandes ideais que, ao menos como representações, fundaram a Universidade na modernidade. E como fica cansativa o trabalho! Como perdemos tempo com o que não é essencial! Depois de uma dessas reuniões, você precisa segurar firme para não mandar tudo para pqp...

Blog do Favre: qualidade e informação

São tantos os blogs, não? E todos os nossos amigos agora criaram um também. Aí fica díficil separar o que realmente vale a pena. Então, quando enconto algo de qualidade, que eu acompanho durante um tempo, e realmente gosto, aí eu indico para vocês. É esse o caso do blog do Luis Favre. Acesse-o aqui e confira.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

O crescimento da xenofobia na Europa

Tratamento, digamos, indelicado com os visitantes dos países tidos como exportadores de imigrantes ilegais, o Brasil dentre eles, é apenas a ponta do iceberg de algo maior e mais tenebroso: o monstro da xenofobia e do racismo crescente na Europa. Eliane Catanhêde, na sua coluna de hoje no jornal Folha de São Paulo, toca o dedo na ferido.

Xenofobia

BRASÍLIA - Um espectro ronda a Europa e todo o mundo desenvolvido: o do "nacionalismo", sob as formas do protecionismo econômico, que limita as transações comerciais e alimenta a crise, e da xenofobia, que, além de todos os seus aspectos subjetivos, carrega um muito objetivo -não salva nem a pele nem o emprego de ninguém.
(...)
O mundo ficou chocado com movimentos de trabalhadores do Reino Unido contra "concorrentes" portugueses e italianos, mas a própria Itália e a Espanha votam leis para punir duramente patrões que empreguem imigrantes ilegais. Com o detalhe sórdido, senão fascista, de impor aos médicos italianos que denunciem seus pacientes. Na Rússia, a queda do rublo e do petróleo é pretexto para endurecer contra os direitos humanos. E, nos EUA, conforme relatou Andrea Murta na Folha, ativistas anti-imigração já põem suas manguinhas de fora, não só em movimentos sociais mas no próprio Congresso.
(...)
O mundo acaba de aplaudir a vitória e a posse de um negro de sobrenome Hussein na maior potência do planeta. Que esse mundo não volte aos seus piores momentos, descarregando a crise -e os monstros- exatamente sobre suas vítimas mais desamparadas.

elianec@uol.com.br

Assinante UOL lê a matéria completa aqui.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

LEITURAS DE FÉRIAS III


Ainda romances policiais. De Joaquim Nogueira, criador do impagável detetive Venício, um investigador da Polícia Civil paulista que cruza as ruas da grande metrópole em seu ultrapassado fusca, li os dois livros publicados pela Companhia das Letras. Os livros exemplificam de que também é possível produzir romances policiais de boa qualidade no Brasil. Nosso universo social e nossas instituições policiais, sabemos bem, conspiram contra a consistência de detetives heróicos entre nós, mas Joaquim Nogueira navega contra a maré e faz boa literatura. Vale a pena conferir!

LEITURAS DE FÉRIAS II

Tá certo, eu confesso: adoro literatura policial. Tem gente que a trata como sub-literatura. Há ainda quem a considere algo menor, expressão da cultura de massas, produto descatável da indústia cultural. Não levo a sério tais objeções. Gosto de romances policiais. Leio-os sempre. Não, prá ser sincero, seria melhor dizer que eu os devoro. Desde os clássicos até os contemporâneos. De Raymond Chandler a Dennis Lahane. Em janeiro último, de férias, dediquei-me, com prazer, aos romances policiais. Li outras coisas também, alguns romances históricos, mas a literatura policial foi dominante. Hoje quero destacar um livro. O título é Revolução Difícil. O autor é George Pelecanos.

Trata-se de um romance ambientado na Washington poucos dias antes da morte de Martin Luther King. O pano de fundo são as tensões raciais que incendiaram toda a década de sessenta nos EUA. Texto bem construído e referências históricas consistentes fazem desse livro um dos melhores romances policiais da safra recente.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Miles Davis para um tarde que chega

Você gosta da música de Miles Davis? Conhece-o? Leia sobre ele aqui. E, já que estamos em um final de semana, numa morna sexta-feira, assista abaixo um vídeo com uma música do genial artista.

Um vídeo para um final de tarde

A crise segundo Naomi Klein

Transcrevo abaixo artigo traduzido do New York Times pelo Magazine Terra. Trata-se da análise da articulista e escritora mais identificada com os chamados movimentos anti-globalização. Como postei, bem mais abaixo, artigo do fundador do Fórum de Davos, então, nada mais correto do que dar espaço também para o outro lado, não é mesmo? Saiba mais sobre a jornalista aqui (site dela, em inglês) e aqui (wikipedia, em português).





Todos eles devem sair

Naomi Klein
Do New York Times

Ver as multidões na Islândia fazendo panelaço até que o seu governo fosse derrubado me lembrou de um canto popular dos círculos anticapitalistas em 2002: "Vocês são a Enron. Nós somos a Argentina."

A mensagem dele era bem simples. Vocês - políticos e CEOs reunidos em alguma reunião de cúpula sobre comércio - são como os executivos inconseqüentes e golpistas da Enron (obviamente, nós não sabíamos a metade disso).

Nós - a multidão aqui fora - somos como o povo da Argentina que, em meio a uma crise econômica estranhamente semelhante à nossa, foi para as ruas fazer panelaço. Eles gritavam, "Que se vayan todos!" ("Todos eles devem sair!") e derrubaram quatro presidentes em menos de três semanas.

O que tornou a revolta argentina de 2001/2002 única foi o fato de ela não ser dirigida a um determinado partido político e nem mesmo à corrupção de modo geral. O alvo foi o modelo econômico dominante - esta foi a primeira revolta nacional contra o capitalismo desregulamentado contemporâneo.

Demorou algum tempo, mas da Islândia à Letônia, da Coréia do Sul à Grécia, o resto do mundo está finalmente tendo o seu momento Per se Mayan toddies!

As estóicas matriarcas islandesas batendo suas panelas ao mesmo tempo em que seus filhos vasculham a geladeira à procura de projéteis (ovos, com certeza, mas iogurte?) imita a tática que se tornou famosa em Buenos Aires. O mesmo ocorre com a raiva coletiva contra as elites que arruinaram um país uma vez próspero e pensaram que podiam escapar impunes. Como Garden Jonsdottir, um funcionário de escritório islandês de 36 anos, disse: "Estou farto de tudo isso. Eu não confio no governo, não confio nos bancos, não confio nos partidos políticos e não confio no FMI. Nós tínhamos um país bom e eles o arruinaram."

Outro eco: Em Reykjavik, capital da Islândia, os manifestantes claramente não se contentarão com uma simples mudança de rosto no poder (mesmo que a nova primeira-ministra seja lésbica). Eles querem ajuda para as pessoas, não apenas para os bancos; investigações criminais sobre o colapso e uma profunda reforma eleitoral.

Reivindicações semelhantes podem ser ouvidas atualmente na Letônia, cuja economia se contraiu mais acentuadamente do que em qualquer país da União Européia, e onde o governo está balançando à beira do abismo. Há semanas a capital vem sendo agitada por protestos, incluindo um tumulto completo com direito a arremesso de pedras em 13 de janeiro. Tal como na Islândia, os letões estão estarrecidos com a recusa de seus líderes em assumir qualquer responsabilidade pela bagunça. Questionado pela TV Bloomberg sobre o que causou a crise, o ministro das finanças da Letônia deu de ombros: "Nada de especial."

Mas os problemas da Letônia são mesmo especiais: As mesmas políticas que permitiram que o "Tigre Báltico" crescesse a uma taxa de 12% em 2006 também estão fazendo com que o país se contraia violentamente a um crescimento estimado de 10% este ano. O dinheiro, livre de todas as barreiras, sai tão rapidamente quanto entra, com grande parte dele sendo desviada para os bolsos políticos. (Não é coincidência que muitos dos países com graves problemas econômicos e sociais de hoje sejam os "milagres" de ontem: Irlanda, Estônia, Islândia, Letônia).

Algo mais "argentinesco" está no ar. Em 2001, os líderes da Argentina responderam à crise com um brutal pacote para redução de gastos governamentais determinado pelo Fundo Monetário Internacional: US$ 9 bilhões em redução de despesas, sendo que grande parte dessa redução atingiu a saúde e a educação. Isso se revelou um erro fatal. Os sindicatos fizeram uma greve geral, os professores deram aula nas ruas e os protestos jamais cessaram.

Esta mesma recusa de baixo para cima a suportar o peso da crise une muitos dos protestos de hoje. Na Letônia, grande parte da raiva popular se concentrou nas medidas do governo para redução de despesas - demissões em massa, redução de serviços sociais e cortes drásticos nos salários do setor público - tudo isso para ter direito a um empréstimo de emergência do FMI (não, nada mudou).

Na Grécia, os tumultos de dezembro aconteceram depois que a polícia baleou um jovem de 15 anos. Mas o que tem mantido a revolta acesa, com os agricultores tomando a liderança dos estudantes, é a raiva generalizada com relação à resposta do governo à crise. Os bancos obtiveram um resgate financeiro de US$ 36 bilhões enquanto os trabalhadores tiveram suas aposentadorias cortadas e os agricultores não receberam quase nada. Apesar dos transtornos causados pelos tratores bloqueando as estradas, 78% dos gregos dizem que as reivindicações dos agricultores são razoáveis. Da mesma forma, na França, a recente greve geral, desencadeada em parte pelos planos do Presidente Sarkozy de reduzir drasticamente o número de professores, inspirou o apoio de 70% da população.

Talvez o fio mais forte conectando a esta reação mundial seja uma rejeição da lógica da "política extraordinária" - a expressão cunhada pelo político polonês Leszek Balcerowicz para descrever como, em uma crise, os políticos podem ignorar as regras legislativas e fazer às pressas "reformas" impopulares. Esse truque está ficando desgastado, como o governo da Coréia do Sul descobriu recentemente. Em dezembro, o partido dominante tentou usar a crise para forçar a aceitação de um acordo de livre-comércio altamente controverso com os Estados Unidos. Levando a política a portas fechadas para novos extremos, os legisladores se trancaram na Câmara para que pudessem votar secretamente, bloqueando a porta com mesas, cadeiras e sofás.

Os políticos da oposição não toleraram isso. Com marretas e uma serra elétrica, eles entraram à força e fizeram um protesto de 12 dias no Parlamento ocupando o local e recusando-se a sair. A votação foi adiada, permitindo mais debates - uma vitória para um novo tipo de "política extraordinária".

Aqui no Canadá, a política é nitidamente menos adaptável ao YouTube - mas mesmo assim ela tem sido surpreendentemente cheia de acontecimentos. Em outubro, o Partido Conservador ganhou as eleições nacionais com uma plataforma despretensiosa. Seis semanas depois, o nosso primeiro-ministro conservador encontrou seu ideólogo interior, apresentando um projeto de lei orçamentária que tirou dos trabalhadores do setor público o direito à greve, cancelou o financiamento público para os partidos políticos e que não continha nenhum estímulo econômico. Os partidos de oposição responderam formando uma coalizão histórica que somente foi impedida de tomar o poder por uma suspensão abrupta do Parlamento. Os conservadores acabaram de voltar com um orçamento revisto: As políticas de direita favoritas desapareceram e ele está repleto de estímulo econômico.

O padrão é claro: os governos que respondem a uma crise criada pela ideologia do livre mercado com uma aceleração daquela mesma agenda desacreditada não sobreviverão para contar a história. Tal como os estudantes italianos gritaram nas ruas: "Nós não vamos pagar pela sua crise!"

Esta coluna foi publicada pela primeira vez em The Nation

Lula no sepultamento de Adão Pretto


Lula discursa no sepultamento de Adão Pretto.

Abaixo, matéria do site terra a respeito desta grande perda.


Lula lembra morte da mãe em enterro de Adão Pretto
Guilherme Mergen
Direto de Porto Alegre


Em seu discurso na cerimônia de sepultamento do deputado federal Adão Pretto (PT-RS), na manhã desta sexta-feira em Porto Alegre, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se lembrou da morte de sua mãe, quando foi preso com outros sete sindicalistas, durante uma paralisação da classe operária em 1980. "Justamente naqueles dias, minha mãe morreu. Logo ela, que sempre teve receio de que eu fosse preso", disse Lula aos familiares do deputado. "Lembro até hoje do quanto foi difícil. Acredito que nada conforma um filho em uma situação como essa."

O presidente permaneceu em Porto Alegre por pouco mais de duas horas. Em discurso emocionado, Lula destacou o caráter de luta de Adão Pretto e a sua importância junto aos movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e a Via Campesina.

"Um homem não vale pela quantidade de discursos. Um homem não vale pelos anos que viveu", afirmou. "Um homem vale pelos seus compromissos, pelas suas lutas. E o Adão, além de um guerreiro, era um símbolo de dignidade humana."

Além de Lula, sete ministros viajaram ao Rio Grande do Sul para acompanhar o sepultamento do petista. Segunda autoridade mais assediada pela imprensa - só perdeu para o presidente - a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, evitou falar sobre assuntos de governo, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Entendo que esse não é o momento", disse.

Ao ser questionada sobre se a reforma agrária deverá ganhar prioridade com a morte de Adão Pretto - o deputado sempre defendeu um processo de divisão de terras -, Dilma afirmou que o tema é uma meta do governo federal. "Já realizamos bastante, até porque honramos o trabalho do deputado."

A ministra inauguraria nesta sexta-feira a primeira obra do PAC concluída no Rio Grande do Sul, a revitalização da principal avenida de São Leopoldo, município da região metropolitana de Porto Alegre. Por motivo de luto, o evento foi cancelado. Segundo a própria Dilma, a solenidade deve acontecer nos próximos 15 dias.

O presidente Lula embarcou de volta a Brasília às 12h. À tarde, ele deve se reunir com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves. Com exceção de Dilma Roussef, que deverá permanecer no Rio Grande do Sul no fim de semana, os demais ministros também retornariam à capital federal ainda nesta sexta-feira.

Deputado federal por quatro mandatos, Adão Pretto, 63 anos, morreu na manhã de quinta-feira em Porto Alegre. O parlamentar foi internado no dia 15 de janeiro para o tratamento de uma crise de pancreatite.

Na última quarta-feira, depois de passar por uma cirurgia, seu estado de saúde piorou. O senador Paulo Paim (PT-RS) chegou a anunciar a morte do colega de partido no plenário na quarta-feira, mas voltou atrás em seguida.

Morre Adão Pretto



Há duas décadas, quando fui morar em Porto Alegre, ainda hoje o meu sonho feliz de cidade, conheci Adão Pretto. Ele já era, naquele tempo, uma das mais importantes lideranças dos movimentos sociais do Rio Grande do Sul. Hoje, ao tomar conhecimento de sua morte, bateu-me uma imensa tristeza e uma grande saudade das terras gauchas. Trascrevo abaixo matéria publicada no site Carta Maior a respeito dessa perda.



Morre Adão Pretto, um lutador da Reforma Agrária

Deputado federal Adão Pretto (PT-RS) faleceu nesta quinta-feira, em Porto Alegre, vítima de uma pancreatite. Filho de pequenos agricultores, Adão Pretto foi dirigente sindical e um dos fundadores do MST no Rio Grande do Sul. Ex-deputado estadual, atualmente cumpria seu quinto mandato na Câmara dos Deputados. Dedicou sua vida à defesa da Reforma Agrária e das lutas dos pequenos agricultores

Redação - Carta Maior

O deputado federal Adão Pretto (PT/RS) faleceu na manhã desta quinta-feira (5), no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, vítima de complicações causadas por uma pancreatite. O velório foi marcado para o Salão Júlio de Castilhos, da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, e o enterro será realizado nesta sexta-feira (6), no Cemitério Jardim da Paz, em Porto Alegre.

Nascido em Coronel Bicaco, em 18 de dezembro de 1945, Adão Pretto mudou-se com a família aos dois anos para Miraguaí, no noroeste do Estado. Caçula dos sete filhos de um casal de agricultores, aos cinco anos já trabalhava na roça. Iniciou sua vida política no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Miraguaí e na Pastoral Rural da Igreja Católica. Religioso, foi ministro da eucaristia. Foi um dos fundadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).

Em 1985, participou da ocupação da Fazenda Annoni, no interior do RS, um marco histórico na luta pela terra, considerada a primeira ocupação vitoriosa do MST. Integrou a primeira bancada do PT na Assembléia, de 1987 a 1990. Em 1990, ao final do primeiro mandato na Assembléia, elegeu-se deputado federal. Atualmente cumpria seu quinto mandato como deputado federal. Seu lema político era “Um pé na luta e outro no Parlamento”.

Agricultor, Adão Pretto concluiu apenas o curso primário. Mas a atuação política e popular lhe serviu de inspiração para publicar três livros. O primeiro foi “Lei da previdência para o agricultor: entenda a lei e exija os direitos conquistados”, lançado em 1981. Em 1987, pela editora Vozes, lançou “Queremos reforma agrária”. O petista publicou ainda o livro “Poesias e cantos do povo”. Trovador, Adão Pretto sempre esteve presente com sua gaita nos encontros, lutas e mobilizações dos trabalhadores do campo.

A coordenação nacional do MST divulgou nota de solidariedade e pesar pelo falecimento de Adão Pretto. A nota afirma:

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) manifesta publicamente seu pesar pelo falecimento do companheiro deputado federal Adão Pretto, soma-se e se solidariza com a família neste momento de perda para a sociedade brasileira.

Desde o início de sua militância social nas Comunidades Eclesiais de Base e no Sindicalismo Rural, Adão Pretto caracterizou-se pela defesa intransigente da reforma agrária, tendo papel destacado na articulação das famílias de trabalhadores sem terras e de apoiadores desde as primeiras ocupações de terra no Rio Grande do Sul, ainda durante o Regime Militar. Esteve presente na organização e fundação do MST, do Partido dos Trabalhadores e do Departamento Rural da Central Única dos Trabalhadores.

No Congresso Nacional, denunciou e combateu as ações da bancada ruralista, e tornou-se um dos pilares do Núcleo Agrário do Partidos dos Trabalhadores. Apresentou Projetos de Lei que buscavam acelerar o processo de reforma agrária, permitir o acesso à educação para os camponeses e melhorar a qualidade de vida no campo. No último ano, esteve empenhado em denunciar a alteração da faixa de fronteira para beneficiar a instalação de empresas transnacionais da celulose no Rio Grande do Sul.

Mais que um parlamentar, Adão sempre foi um camponês, com seu jeito simples, honesto e contundente, mas acima de tudo um lutador. Sempre presente nas lutas dos movimentos sociais, sempre levando as reivindicações e bandeiras populares para o parlamento, denunciando a criminalização e a repressão da luta do povo.

No ano em que completamos 25 anos, perdemos um de nossos fundadores e um de nossos mais valorosos companheiros. Em sua homenagem, seguiremos fazendo aquilo que Adão Pretto sempre fez em vida: lutar sempre.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) manifesta publicamente seu pesar pelo falecimento do companheiro deputado federal Adão Pretto, soma-se e se solidariza com a família neste momento de perda para a sociedade brasileira.

Desde o início de sua militância social nas Comunidades Eclesiais de Base e no Sindicalismo Rural, Adão Pretto caracterizou-se pela defesa intransigente da reforma agrária, tendo papel destacado na articulação das famílias de trabalhadores sem terras e de apoiadores desde as primeiras ocupações de terra no Rio Grande do Sul, ainda durante o Regime Militar. Esteve presente na organização e fundação do MST, do Partido dos Trabalhadores e do Departamento Rural da Central Única dos Trabalhadores.

No Congresso Nacional, denunciou e combateu as ações da bancada ruralista, e tornou-se um dos pilares do Núcleo Agrário do Partidos dos Trabalhadores. Apresentou Projetos de Lei que buscavam acelerar o processo de reforma agrária, permitir o acesso à educação para os camponeses e melhorar a qualidade de vida no campo. No último ano, esteve empenhado em denunciar a alteração da faixa de fronteira para beneficiar a instalação de empresas transnacionais da celulose no Rio Grande do Sul.

Mais que um parlamentar, Adão sempre foi um camponês, com seu jeito simples, honesto e contundente, mas acima de tudo um lutador. Sempre presente nas lutas dos movimentos sociais, sempre levando as reivindicações e bandeiras populares para o parlamento, denunciando a criminalização e a repressão da luta do povo.

No ano em que completamos 25 anos, perdemos um de nossos fundadores e um de nossos mais valorosos companheiros. Em sua homenagem, seguiremos fazendo aquilo que Adão Pretto sempre fez em vida: lutar sempre.

A direção nacional do PT e a direção estadual do partido no Rio Grande do Sul também divulgaram notas manifestando seus pêsames a todos os familiares, amigos e companheiros de luta política de Adão Pretto, e destacando o exemplo de uma vida toda dedicada à luta social pelo direito à terra.


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Mineiro e a crise da saúde

Fernando Mineiro é um dos deputados estaduais mais atuantes da Assembléia Legislativa do RN. A saúde é um dos focos de sua atuação. Daí a importância de se levar em conta seus posicionamentos sobre essa temática. Abaixo, transcrevo seu posiciomento a respeito da recente crise da saúde no estado.

Vitória do privatismo





Por Fernando Mineiro


Os jornais anunciam que chegou ao fim o movimento promovido por parte dos médicos que prestam serviços ao SUS aqui no RN. Depois de mais de um mês de embate com o poder público, quem sai vitorioso, mais uma vez, é o setor privado.O fim do movimento é a volta ao seu início: a Prefeitura de Natal assumiu o contrato com as cooperativas médicas basicamente nos mesmos termos do contrato anterior, onde o Governo do Estado arca com 60% dos custos e a Prefeitura com 40%.A dor, o sofrimento e até mesmo a morte de pacientes que precisam do SUS é só mais um detalhe nestes embates que se repetem há mais de uma década. Quem se der ao trabalho de pesquisar os jornais locais poderá constatar que todo final ou início de ano a sociedade potiguar assiste, impotente, ao uso do sofrimento humano como forma de pressão contra o poder público. É que neste período normalmente se vencem os contratos firmados entre os governos e as cooperativas médicas que prestam serviços ao SUS. Anestegiologistas e outros especialistas, então, promovem um blecaute nos serviços, pressionando para que haja renovação dos acordos. Desta vez não foi diferente. E não foi diferente, também, o resultado: o privatismo saiu vitorioso.É legítimo, e merece todo apoio, o movimento de qualquer corporação cujo objetivo seja a melhoria de suas condições de trabalho e a conquista de melhor remuneração. Mas o que assistimos anualmente na área da saúde pública do RN extrapola e atropela a justa luta e beira à chantagem. O setor público e a sociedade se tornaram reféns de algumas especialidades médicas que usam muito bem o seu poder de decisão sobre a vida e a morte da parcela da população que precisa do SUS. E continuarão a sê-lo ainda por um bom tempo, caso os governos, em todos os níveis, não revejam o papel que desempenham em relação à oferta dos serviços de saúde.Em todo o país assistimos ao mesmo filme. Determinadas categorias médicas detentoras de conhecimentos altamente especializados, como anestegiologistas, neurocirurgiões e outras, geralmente organizadas em cooperativas, desenvolveram um eficaz sistema de pressão sobre os entes públicos. As debilidades e a desarticulação, propositais ou não, do sistema público de saúde nos níveis municipal, estadual e federal garantem o sucesso destes setores.O enfrentamento desta grave distorção não pode ser de responsabilidade de um ente federado, isoladamente e requer uma forte capacidade de integração entre os diferentes níveis de governo.Os problemas existentes no sistema de saúde brasileiro, particularmente os relacionados à oferta dos serviços de alta complexidade, requerem soluções que vão além do imediatismo e do provisório. As soluções que passem apenas pela renovação de contratos com as cooperativas só beneficiam os que a elas são associados.A Prefeitura de Natal assinou os contratos diretamente com as cooperativas, sem a intermediação do Ministério Público, que vinha acompanhando o caso e propunha um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) diante da situação. E esta atitude da Srª. Micarla não me causou nenhuma surpresa. Afinal de contas, é público e notório que a indicação do atual Secretário de Saúde de Natal foi feita por algumas lideranças das entidades médicas, que estão envolvidas diretamente no conflito.Para que não me acusem de ser contra a justa remuneração dos médicos, saibam quantos me leêm que sou favorável a vencimentos diferenciados, a serem pagos de acordo com a especialização, a complexidade e o local de prestação do serviço. Reconheço, também, que o setor privado da saúde não é, necessariamente, o vilão da história. Desde que exerça papel complementar, com serviços contratados através de processo licitatório.Lamento que estejamos assistindo, mais uma vez, o problema ser empurrado para frente, até que chegue nova data de renovação dos contratos com as cooperativas e assistamos outra crise anunciada. Pelo que li nos jornais, daqui a seis meses ou a um ano.

*Deputado estadual (PT-RN)

A crise segundo o fundador do Fórum de Davos

Transcrevo, mais abaixo, artigo de autoria de KLAUS SCHWAB, o fundador do Fórum Econômico Mundial, o fórum de Davos. O texto foi publicado pelo jornal espanhol El País e eu não tive tempo (e nem competência) de traduzi-lo. Faça um esforço e leia-o. Vale a pena!



Impedir que nuestro mundo se venga abajo



Esta es una crisis trascendental, una crisis que tendrá repercusiones fundamentales en nuestro mundo globalizado. En Davos, hace unos días, iniciamos la tarea de preparar de forma colectiva esa transformación. Voy a explicar cómo.



Un objetivo, que ya se ha conseguido, era el de ofrecer apoyo a los Gobiernos y las instituciones de gobernanza mundial, en particular el G-20. Davos no es más que el punto de partida del largo y difícil camino que nos aguarda.


Ahora bien, al reunir a los líderes mundiales durante varios días, hemos conseguido comprender mejor el origen de la crisis económica y las medidas que debemos tomar para relanzar la economía mundial. Escuchar los puntos de vista de cuatro Gobiernos del G-8 y reforzar el diálogo del proceso del G-20 como preparación para la cumbre de abril en Londres han sido dos primeros pasos importantes. El llamamiento a los ministros de Comercio de 17 economías fundamentales más los 27 miembros de la UE para que eviten caer en políticas de "empobrecer al vecino" nos permitirá, esperemos, ver las auténticas consecuencias de este espíritu. Y con la reunión entre el presidente del G-20, el primer ministro Brown, y los jefes de Gobierno de varios miembros del grupo procedentes de África, Asia y Latinoamérica, para estudiar los riesgos estructurales del sistema financiero y cómo estabilizar la economía mundial, hemos dado los primeros pasos en una estrategia mundial colectiva frente a la crisis.


Pero los días transcurridos en Davos me han convencido también, más que nunca, de que el cambio climático es algo que no sólo es necesario abordar sino que puede ser, por lo menos, parte de la recuperación económica.


Las empresas están empezando a "integrar" el cambio climático en sus planes; las tecnologías verdes ya no pueden seguir siendo un "añadido" ni una industria alternativa. Es un debate muy pertinente para 2009. En diciembre, en la cumbre de Copenhague, está previsto que se negocie un tratado que sustituya al Protocolo de Kioto.


Para poder gestionar el cambio climático es preciso que se hagan realidad unos planes de recuperación económica mundial vinculados a las oportunidades de empleo, capacitación, inversión y tecnología que exige una economía mundial de bajas emisiones de carbono. La tecnología verde puede convertirse en un motor limpio de crecimiento renovado. No podemos volver a hablar nunca de energía "alternativa"; sólo de energía sostenible, que es la que alimentará la economía del futuro.


Con ese objetivo, los directivos empresariales presentes en Davos acordaron avanzar con media docena de iniciativas concretas para acelerar la integración de las prácticas sostenibles en la empresa.


Uno de los principales resultados de Davos fue que, a pesar de las turbulencias económicas, acudió a la reunión más gente que nunca de la empresa, los Gobiernos y otros sectores interesados, para discutir los desafíos que afronta el mundo y tratar de dar una respuesta común a ellos.


Esta voluntad de trabajar juntos, por encima de los límites geográficos y en todos los sectores de la economía, la política y la sociedad civil, es lo que, con suerte, diferenciará esta crisis actual de la de los años treinta. Este sentimiento colectivo de cooperación y determinación que se vio en Davos me permite pensar, con cierto optimismo, que vamos a salir de la crisis. Es fácil decir que no son más que falsas ilusiones, pero, si hemos aprendido algo de los últimos seis meses, es que la confianza y la seguridad constituyen la base para que se produzca cualquier recuperación.
Por último, hemos notado que todo esto no sirve para nada sin una revisión sincera y profunda de nuestros valores y principios éticos fundamentales. Las empresas deben examinar con detalle sus sistemas de remuneración y gobierno. Los empresarios, las autoridades, los reguladores y los consumidores deben reflexionar sobre los excesos de la codicia.



En el mundo de hoy, tan interdependiente, la codicia a corto plazo no es un motor que contribuya a la mejor toma de decisiones. El impacto estructural e intergeneracional de nuestras acciones de hoy es mayor que nunca, y nuestros códigos éticos, así como nuestros sistemas de gobierno y reguladores, deben reflejar esa nueva realidad.


Éstos son sólo unos principios de soluciones, pero el verdadero trabajo comienza ahora. Debemos unirnos para impedir que nuestro mundo se venga abajo.

Traducción de María Luisa Rodríguez Tapia.

A popularidade de Lula e a escolha racional

Veja, abaixo, a análise de Alon Feuerwerker sobre o crescimento da popularidade de Lula.
Escolha racional no bunker (04/02)

Há certa estupefação diante da (cada vez mais) alta popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva, dado que a curva ascendente coincide com a economia descendo ladeira abaixo. Uma explicação possível é que as pessoas ainda não têm a percepção da nova realidade. Eu prefiro outro caminho de análise. Lula está crescendo na crise porque quem se opõe a Lula não consegue responder a duas perguntas. O que o governo deveria fazer e não está fazendo? O que o governo deixou de fazer e deveria ter sido feito? Há os juros estratosféricos (do Banco Central para os bancos e destes para o tomador), mas a oposição não parece ter mais apetite para enfrentar o problema do que o governo. O ato de escolher um líder tem sempre a ver com a avaliação de seus atributos de liderança -e da adequação desses atributos aos desafios colocados. Imaginem um grupo de pessoas encerradas num bunker, enquanto suas casas são demolidas por bombardeios aéreos. E imaginem que o grupo não coloca em seu líder a culpa pelo bombardeio. A situação objetiva está piorando, já que eles estão perdendo suas casas. Mas isso não se reflete no prestígio do líder, já que ele, pelo menos, providenciou o bunker. Alguém vai morrer? É possível. Pode haver feridos? Sim. Mas se o líder tiver feito tudo que as pessoas acham necessário para enfrentar o problema é improvável que o grupo queira trocá-lo.

Fátima, o PT e as eleições de 2010

Daniel Menezes, mestre em Ciências Sociais pela UFRN, brinda-me com a leitura deste blog. E aqui, quem lê e acompanha, tem todo o direito de participar e fazer as suas provocações. Assim, com prazer, transcrevo abaixo texto que o Daniel me enviou analisando o cenário eleitoral que começa a se desenhar para 2010. As respostas à provocação também terão espaço destacado.

ELA AINDA NÃO APRENDEU A LIÇÃO?

Daniel Menezes

Ao ler as declarações da deputada Fátima Bezerra sobre as eleições 2010, em que estabelece a intrínseca relação da disputa estadual à nacional, fiquei me perguntando se ela acredita mesmo no que fala ou está apenas brincando com a nossa cara. Uma das maiores lideranças do PT no RN defende, novamente, a ridícula simplificação do complexo processo eleitoral, resumindo tudo a uma questão de ligação da eleição estadual à federal. Será que ela ainda não aprendeu a lição?A deputada, quando o negócio é análise eleitoral, parece não ter o olfato político muito aguçado. É sempre bom lembrar que, durante as eleições municipais de 2008, Fátima, juntamente com uma parcela do Partido dos Trabalhadores, foram os responsáveis por uma estratégia de campanha pífia, alianças pessimamente construídas e uma tentativa totalmente descabida de anexar as eleições municipais à esfera federal. Esqueceram, simplesmente, que o contexto municipal segue regras relativamente autônomas de funcionamento. A indicação é relevante. Porém, os “astutos” analistas do PT esqueceram que ninguém é eleito só porque foi apontado por alguém, mesmo que o dedo venha da mão de um presidente com um alto índice de aprovação.As conseqüências do resultado das eleições municipais de 2008, que eram imprevisíveis naquele momento, começam a se consolidar. As bananas de pijama vermelho conseguiram perder todo o espaço na câmara, ficaram totalmente a mercê do vilmismo, que busca se aproximar de grupos conservadores, e destruíram anos de fortalecimento de uma imagem positiva que a esquerda havia construído no Rio Grande do Norte. Além disso, se o futuro da esquerda no RN depender das análises absurdas e das estratégias políticas sem nenhum amparo na realidade de Fátima Bezerra e dos desesperados apelos do deputado estadual Fernando Mineiro (PT) para ter seu partido ouvido na sucessão estadual, apesar do tom empregado por ele não expressar tal intenção, podemos ter a certeza de que o fim do poço ainda está bem longe e que a queda ainda durará um período indeterminado.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Texto sobre crime e policiamento

No número mais recente da revista DADOS, uma das mais importantes publicações na área de ciências sociais no Brasil, você encontrará um interessante artigo sobre crime e policiamento. Intitulado Crime e estratégias de policiamento em espaços urbanos, o texto tem como autores Claudio Beato, Bráulio Figueiredo Alves da Silva e Ricardo Tavares. Acesse o artigo aqui.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Mesmo com a crise, popularidade de Lula sobe

Ainda no Estadão, repercutindo a última pesquisa CNT/Sensus, dados sobre o crescimento da popularidade do Presidente Lula.

BRASÍLIA - As avaliações positivas do governo e a aprovação pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva atingiram, em janeiro, níveis recordes na série histórica da pesquisa CNT/Sensus, divulgada nesta terça-feira, 3. A despeito dos sinais de impacto da crise financeira internacional sobre a economia doméstica, a avaliação positiva do governo subiu de 71,1%, em dezembro, para 72,5% em janeiro. Este é o maior índice da série histórica, superando os 83,6% obtido pelo próprio Lula em janeiro de 2003.

A aprovação ao presidente Lula passou de 80,3%, em dezembro, para 84% em janeiro. A desaprovação ao presidente diminuiu de 15,2% para 12,2%. A avaliação negativa sobre o governo recuou de 6,4% para 5%, enquanto a avaliação regular ficou praticamente estável, passando de 21,6% para 21,7%.

Segundo o presidente da CNT, Clésio Andrade, a alta da popularidade de Lula e de seu governo se deve ao fato de as pessoas acreditarem no discurso do presidente de que a crise é passageira e que o governo está agindo para superá-la. "Há forte esperança da população centrada no discurso e ações do governo. As pessoas acreditam que a crise é passageira", disse Andrade, destacando que, pessoalmente, não acredita que a atual crise terá curta duração. "O presidente Lula virou a âncora da esperança", acrescentou.

A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos para cima ou para baixo.

A nova pesquisa CNT e o desenho inicial do cenário de 2010

No Estadão, em matéria que transcrevo abaixo, informações da mais recente pesquisa CNT/Sensus. É um desenho inicial do cenário que está sendo armado para 2010.

Dilma sobe, Serra cai, mas mantém liderança para 2010
Segundo pesquisa CNT/Sensus, a candidata do presidente Lula registrou 13,5% ante 10,4% de dezembro de 2008.

SÃO PAULO - O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), caiu de 46,5% para 42,8% em janeiro de 2009 na pesquisa -com lista- para a sucessão de 2010, segundo pesquisa divulgada pelo CNT/Sensus. Já a possível candidata Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil, subiu de 10,4% para 13,5% desde o último levantamento, em dezembro de 2008. No entanto, o tucano ainda segue na liderança.

Embora não possa se reeleger, nas pesquisas espontâneas, o presidente Lula aparece na liderança, com 21,3% dos votos, seguido pelo tucano (8,7%), Aécio (3,9%) e Dilma (2,5%).


Em segundo lugar aparece o governador tucano de São Paulo, José Serra, com 8,7% seguido do governador de Minas Gerais do mesmo partido, Aécio Neves, com 3,9%. A ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata do PT à sucessão, Dilma Rousseff, apareceu em quarto lugar, com 2,5%. Na sequência aparecem Geraldo Alckmin (1,3%), Ciro Gomes (1,2%) e Heloísa Helena (0,8%).

O presidente da CNT, Clésio Andrade, afirmou que o fato de Lula liderar a pesquisa espontânea mesmo sem poder ser eleito reflete o "lulismo", que tornou o presidente a "âncora da esperança".

(Com Fábio Graner, da Agência Estado)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Gustavo Ribeiro responde ao Alon.

Gustavo Ribeiro, um amigo que ganhei ao chegar na UFRN, é um cara antenado com a discussão política. Mas vai além: assume posições e não se deixa levar pelo bom mocismo dominante nos mídias. Bueno, mais abaixo, postei a análise do jornalista Alon Feurwerker sobre as eleições para a Câmara e o Senado e o Gustavo produziu uma dura resposta. Para que ela não fique lá, escondida nos comentários, reproduzo-a aí abaixo:

"Em primeiro lugar, bem vindo de volta à "blogosfera", seus argutos posts diários estavam fazendo falta! Em segundo, como uma das qualidades de seu blog é comportar bons debates, comento o artigo do Alon Feuerwerker. Após a leitura do mesmo, fiquei a me perguntar: por que este argumento de que o PT tem interesses escusos e autoritários na manutenção do poder é tão sedutora a certos analistas e agentes de nossa política? Ora, se "Lula sabe" que o senador Sarney desconfia da pretensa "propensão petista ao monopólio do poder", é de se supor que o primeiro use de tal propensão contra o segundo (ou contra quem quer que seja). Aliás, se o PT tem interesses escusos na manutenção de poder, tudo é válido em seu intuito: a suposta corrupção desenfreada, chefiada por, como diria um Arnaldo Jabour, "bolcheviques" como José Dirceu, a suposta "tentação autoritária" que se traduz em propostas como a segunda reeleição do presidente Lula etc. etc. etc. Será que dar crédito a tal tipo de coisa, como faz Feuerwerker, não é recair num anti-petismo banal? Não será este anti-petismo... autoritário? "

domingo, 1 de fevereiro de 2009

O belo visual do Shopping Cidade Jardim

A fachada do Shopping Cidade Jardim, quase sempre, apresenta um visual arrojado e de muito bom gosto. Nestes dias, você pode conferir fotos de excepcional qualidade embelezando a fachada do centro de compras da zona sul de Natal. São grandes posters com fotos de boa qualidade. Tendo frutas tropicais como elementos, as fotos abordam temas variados. Gosto em especial daquela em que dois belos cajus, em uma praia, simulam um casal de banhistas. É uma festa para os olhos!

PS: Infelizmente, quase da idade, não gravei o nome do autor da foto. Alguém aí sabe?

Um ótimo artigo de Giannotti sobre o conflito na Faixa de Gaza. Na Folha de São Paulo.

José Arthur Giannotti, um dos maiores intelecuais brasileiros, é um polemista qualificado. Versátil, o filósofo está distante daquele modelo de "intelectual" acadêmico monotemático e politicamente insosso. Assim posições e se engaja. No jornal Folha de São Paulo, você encontrará um ótimo artigo sobre as conseqüências políticas do conflito na Faixa de Gaza. Não precisa dizer, mas não custa nada fazê-lo: o artigo é imperdível. Leia-o. Infelizmente, está disponível apenas para assinantes UOL. Caso você seja assinante, acesse o artigo aqui.

Quem paga o pato pela crise? As vítimas de sempre...

Reproduzo abaixo matéria da Folha Online. É a confirmação de que as vítimas da crise que se desdobra serão os mesmos. Leia abaixo ou acesse o site aqui.

Corte de vagas afeta mais mulheres, jovens e negros

Nas grandes metrópoles do Brasil, em tempos de crise, os maiores prejudicados com o desemprego são do sexo feminino, pretos ou pardos, jovens e com pelo menos o ensino médio completo, segundo dados da PME (Pesquisa Mensal de Emprego) levantados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) por solicitação da Folha. A informação é do repórter Pedro Soares, em reportagem disponível para assinantes do jornal e do UOL.
As mulheres representaram, na média de 2008, 58,1% dos desocupados. O percentual em dezembro, quando a crise já havia se instalado, era de 58,4%. Em 2003, ficara em 54,6%. Elas ganhavam cerca de 70% do salário dos homens.
Considerando a escolaridade, cresce a cada ano a parcela de desempregados com mais de 11 anos de estudo. Era de 39,9% em 2003. Em dezembro passado, o percentual era de 53,6%.
Já os pretos e pardos desempregados, segundo o IBGE, eram a maioria ao final de 2008 --52,4% do 1,606 milhão de desocupados nas seis principais regiões metropolitanas em dezembro de 2008.
Comércio e serviços
O diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Clemente Ganz Lúcio,
afirmou à Folha Online que o desemprego no Brasil deve se intensificar no primeiro trimestre de 2009, de maneira generalizada pelas regiões metropolitanas, e atingir outros setores como o comércio e os serviços.
O início do ano é um período, tradicionalmente, de menor atividade da economia e a taxa de desemprego aumenta em relação ao fechamento do ano anterior. A crise econômica, no entanto, deve elevar o patamar no primeiro trimestre deste ano.
A redução do nível do emprego, que já chegou à indústria no final do ano passado, também deve atingir os setores de serviço e comércio, que garantiu o bom desempenho do mercado de trabalho em dezembro.
"O desemprego no primeiro trimestre tem caráter sazonal [pelas influências típicas do período]. É esperado que o setor de comércio e serviço tenham, assim como a indústria já apresentou, aumento do desemprego".
No último mês de 2008, o comércio aumentou em 100 mil o número de postos de trabalho (variação de 3,6% em relação a novembro) e a construção civil, em 28 mil (alta de 2,8%). O setor de serviços teve leve recuo de 0,4% (38 mil postos a menos) e a indústria, queda de 1,1% (31 mil a menos).

A crise mundial no FSM

O jornalistra Bernardo Kucinsky, do site Carta Maior, narra, em ótimo texto, o debate sobre a crise mundial no Fórum Social Mundial. Vale a pena ler. Acesse aqui.

Mostra de arte sobre o Oriente Médio

No UOL, você encontra um link para fotos da exposição "Unveiled: New Art from the Middle East" ("Revelada: A Nova Arte do Oriente Médio"), inaugurada na última sexta-feira, em Londres, na Galeria Saatchi. Acesse aqui.